Questionário

GUARULHOS | Aí eu ando um tempão, até a asa sei lá qual, e a atendente, solícita, com seu coque impecável, firme por causa do laque passado num tempo maior do que andei, fala que vai me fazer umas perguntas e se eu aceito responder.

Eu digo que sim, afinal é o tipo único de resposta que ela espera ouvir e que eu posso dar.

De repente ela me interroga e pergunta sobre tudo: onde eu estive, o que eu comi, o que levo na mala, que produtos eletrônicos tenho, se alguém mexeu, em que lugar tinha posto, pensei em responder mal, mas deixei quieto, ela percebeu que as respostas vinham com tom de dúvida e curiosidade e disse que o procedimento era aquele porque no ano passado tinha nego levando narcóticos e armas de fogo, e eu imaginei o esboço de Bin Laden confirmando: “Sim, trago comigo uma bazuca, uma granada e um rifle velho.”

Preenchi um formulário, dei mais algumas respostas, despachei a mala de 10,7 kg, Carsten Horst fez o mesmo, e fomos comer no Pizza Hut.

Lá estava Rubens Ewald Filho, sentado naquelas mesas típicas de fast-food, com duas ou três pessoas. “Ele deve ir para Cannes”, deduziu Carsten, e eu pensei em perguntar o que ele achava de Transformers 2, qual a opinião sobre Lilia Cabral em Divã, por que Quem Quer Ser um Milionário ganhou o Oscar, mas eu, ainda bem, não tinha complexo de atendente da American Airlines.

Pizza goela abaixo, e-mails baixados, conversas com amigos e post feito, é hora de embarcar. Torço para não passar por outro interrogatório.

Comentários