Milka, a anti-Danica

INDIANÁPOLIS | Uma pessoa que faz uma faculdade tem atributos de inteligência consideráveis. Mas ainda quando termina uma pós. Aqui em Indy tem alguém que se encaixa nestes padrões. Não se trata de um dos responsáveis pelos carros. É um piloto. Uma.

Milka Duno.

A venezuelana também tem outros atributos, físicos, aos quais é bom não se estender. Por cavalheirismo. Talvez na pista, nem tantos. Esbanja simpatia e denota, de fato, inteligência. Mas falar com piloto no dia da prova mais importante é como o estudante apresentando seu TCC ou a tese à banca. Coisa que Milka fez cinco vezes. Quatro só em pós.

“Eu nunca pensei que seria piloto. Eu sempre me via como engenheira naval”, contou Duno. “Estudei, fiz quatro pós-graduações, três delas simultâneas, tudo para complementar minha carreira. Estar aqui é… coisa do destino.

Milka começou a correr por “invitación de unos amigos” num clube amador em 1999. “E veja onde eu estou, na IndyCar”, sorriu. Os primeiros carros eram turismo. Muita diferença para os monopostos? “Os dois têm suas complicações. São dois carros totalmente diferentes de se guiar porque se comportam de maneiras diferentes. Mas eu desfruto dos dois.”

Milka é solícita, mas estava notório que, talvez pela tensão e pela ansiedade, as respostas seriam muito vagas ou genéricas. Perguntada sobre onde poderia chegar com um carro mediano como o da Dreyer & Reinbold na corrida de hoje, confirmou a premissa acima. “No lugar mais adiante possível”, e ela sorriu, e completou dizendo que “o mês foi de muito trabalho, a prova é muitíssimo importante”, e tal. “A compensação é ter um bom final.”

Então quis saber se ela se irritava com as comparações com Danica Patrick. Aí veio algo mais promissor. De pronto, falou que “não sabia que tipo de relação era feita entre ambas”. Quando o complemento da pergunta viria, Milka se antecipou. “Só acho que a gente não tem nenhuma semelhança.”

De fato. A diferença entre ambas é gritante. Danica é marrenta, atrai uma mídia inenarrável e na maior parte do tempo anda na frente. Milka — está sendo pleonástico — é carismática, suas entrevistas não são tantas e estar entre os dez primeiros é uma façanha.

Afirmei que os santos de Danica e Milka não batiam, como se diz no Brasil. “É, tem pessoas com quem você não se dá bem; tem outras que vai. A vida é assim.”

A Milka é legal.

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