Force India, time B da McLaren

SÃO PAULO | O desempenho notável de Giancarlo Fisichella em Spa chegou a suscitar dúvidas sobre a legalidade do carro da Force India. Não era compreensível para muitos o fato de a pior equipe do campeonato, sem ponto nenhum na classificação, chegar à pole e andar no ritmo da Ferrari o tempo inteiro.

A resposta encontrada por alguns foi a de que Spa tem um acerto aerodinâmico atípico, em que as equipes ou se preocupam em andar com um acerto de asa com muita velocidade, para o primeiro e terceiro trechos da pista, ou um pouco mais alto, para ir bem no miolo.

Mas é simples: a evolução dos indianos está diretamente atrelada ao crescimento da McLaren.

No fim do ano passado, a Force India largou o motor Ferrari e fechou um acordo com a Mercedes, que se estendia à McLaren, também. Além do motor e do câmbio, o vínculo permitiria a troca de dados entre as equipes, quase fazendo da escuderia de Vijay Mallya um time-B dos prateados.

Acontece que, com o péssimo começo de ano da McLaren, essa parceria foi quase esquecida — até pela própria McLaren. Os novos estudos e pesquisas em seu túnel de vento em Woking após algumas etapas trouxeram praticamente um novo carro, que deixou o pelotão intermediário para disputar as primeiras posições — Lewis Hamilton venceu na Hungria e foi segundo em Valência.

A Force India não tinha um carro de todo mal, ajustadinho até aerodinamicamente, mas nada que lhe fizesse brigar por algo interessante na F1. Bastou a McLaren dar um salto, e ela veio junto, até porque nenhum teste é permitido durante a temporada.

O motor Mercedes é uma grande arma, uma imagem diferente de anos anteriores: eram comuns os estouros e os problemas. Atualmente, a Mercedes trabalha até com um limite de giros menor do que o permitido, justamente para não resgatar o passado recente. Ainda assim, quando são fornecidos os dados de top speed, justamente as Force India costumam aparecer na frente. O Mercedes é visto hoje no paddock da F1 como o melhor da categoria, tanto que a Red Bull quer mandar os explosivos Renault ao limbo para ficar com os propulsores alemães. 

Num circuito como Monza, em que a carga aerodinâmica é baixíssima para que sejam aproveitadas as longas retas, nestas condições, a Force India aparece, sim, como uma das favoritas à pole e, porque não, à vitória. Não tem Fisichella, mas Adrian Sutil é um piloto competente e Vitantonio Liuzzi volta — em casa e motivado. E a pista em si facilita, não tem muito segredo.

Comentários

  • Faz sentido, Victor. Excelente análise. Agora, pegando um pouco do que o Mauro escreveu e mudando, e se a Force India andar melhor que a McLaren em Monza? Os engenheiros da equipe inglesa vão ficar com que cara?

    O motor Mercedes trabalha com um limite de giros menor do que o permitido? Eles têm um canhão então hein…

  • Victor, eu ouvi um boato, no programa Pole Position do Celso Miranda, que os problemas aerodinamicos da Mclaren eram devido ao tamanho do modelo usado no tunel de vento.
    Parece que o modelo era grande demais (sempre se uma modelos menores que o real), e gerava uma distorção nos dados, aparecia uma coisa no túnel, mas quando aplicavam no carro de verdade, os resultados não batiam.
    Você conhece essa historia? Ela procede?

    VM responde: Sim, a McLaren mesmo informou isso, Felipe. Abraço.