Te amo, española

SÃO PAULO | Esses tempos de revista e fechamento são consumidores, e juntou um dia em que o esgotamento bateu. E só agora eis que surge um momento para escrever os mais concêntricos comentários sobre o fim de semana na Espanha.

O início da temporada europeia e justamente Barcelona, que qualquer piloto faz de olhos vendados, tenderiam a mostrar uma aproximação maior entre as equipes, agora conscientes das falhas e das áreas em que seus carros devem ser melhorados. Assim, não deixa de ser um tanto quanto espantoso que a Red Bull — que não tem duto frontal, nem uma entrada de ar complexa — coloque quase um segundo na rapa. O domínio que os touros energéticos apresentou lembra até os tempos da Ferrari de Michael Schumacher. E com um Webber que não se entrega ao óbvio, que seria o de fazer o papel de escada de Vettel.

A McLaren é claramente a segunda força do campeonato e só não ocupou a segunda fila porque Alonso teve um empurrão dos 75 mil negos que foram a Barcelona neste sábado. Por mais que todo mundo conheça de cabo a rabo as curvas e retas deste chato circuito, o fator casa ainda pesa. É como Barrichello e Massa, que sempre acham 1 ou 2 décimos em Interlagos, por exemplo.

Barrichello. Barrichello ficou pra trás e se juntou ao grupo das novatas ao ser ceifado no Q1. Culpou o rádio, em linhas gerais. Nosso rádio é ruim, bradou. Em todos estes anos nesta indústria vital, essa é a primeira vez que ouço uma explicação dessas. De qualquer forma, a Williams, como tem costumeiramente feito nesta última década, começa a andar pra trás. Vai ser cada vez mais difícil ver Barrichello entrando no Q3, que só tem uma vaga para o resto — serão sempre das quatro grandes mais Kubica. E as queixas serão cada vez mais frequentes.

E Massa. Massa não fez uma volta perfeita. Aliás, Massa não tem feito voltas perfeitas na classificação. É, sim, a consequência da pressão que ter um companheiro rápido, e mais rápido, causa. Massa não é piloto de tomar 6 décimos do companheiro, mas os recentes resultados começam a apontar uma tendência. Se Massa conseguir algo entre os seis primeiros na corrida de logo mais, já terá sido um resultado decente diante do nono posto no grid. A verdade é que a Ferrari não tem lá o melhor dos carros como se imaginava no início do ano. Talvez já esteja atrás da Mercedes.

Fazendo o papel de pitonisa da meteorologia, não creio que vá chover ou que a chuva, se cair, atrapalhe tanto quanto fez na China, por exemplo. Assim, a corrida vai ser decidida na largada. É ali que Webber vai ter de apresentar ao mundo a razão da sua existência no Mundial. Se ele não contornar na frente a primeira curva, como aconteceu na Malásia, Vettel parte para sua segunda vitória sem muitos sobressaltos — e se a Red Bull não apitar. Que ninguém espere nada mais de nada. O GP da Espanha vai ser um puta saco.

Puta saco, aliás, é aguentar de novo a história de que Alonso foi antiético com Massa naquela malograda entrada dos boxes em Xangai. Se fosse o contrário, Massa seria esperto, amigo. Vale título, amigo. Mas é Alonso, e agora o inimigo está no vizinho ao lado, amigo.

Palpite: vou em Webber, amanhã. Com um certo receio de me decepcionar.

Comentários

  • A Globo insiste em colocar o Alonso como o novo bicho pão dos brasileiros. Eles não fez nada de errado. O Massa errou e o Alonso pegou. É como vc disse, se fosse o inverso a Globo taxaria o Massa como esperto, inteligente, rápido, etc. Não aguento mais assistir as transmissões deturpadas que acontecem na Globo. Eu ainda tive que ouvir o Galvão dizendo que o duto de certa forma baixa a asa. “A asa baixou um pouquinho”.