I am (in) Indy, as batatas de Idaho

INDIANÁPOLIS _ O Idaho é um daqueles estados que os americanos sabem que existem porque eles decoram arduamente na escola desde os quato anos todas as 50 províncias que compõem este país, acrescentando Porto Rico e alguns outros territórios que eles detêm ou pensam que detêm. O estudante de uma instituição que seria algo como a escola pública no Brasil aprenderia aqui em Indiana que o Idaho fica na puta que pariu à esquerda, bem à esquerda, lá no canto esquerdo do mapa, fronteira com o Canadá e ao lado de Washington, o estado, não D.C., o distrito de Columbia, capital. Como forma de agregar cultura, saberia que a capital é Boise, muito prazer, disponha, e que não mais do que 1,5 milhão de gente vive naquela região das Montanhas Rochosas. Em suma, não se tem porra nenhuma para fazer no talvez não tão próspero estado do Idaho, a não ser se esconder, passar frio ou viver como anônimo.

Para mim, brasileiro, atento à geografia mundial, sei do Idaho por causa daquela música do Pato Banton, um cantor de reggae que fez lá seu sucesso nos anos 90 e, jamaicano que é, resolveu dedicar em seu hit ‘Go, Pato’ todos estes estados, e lá ele gasta alguns microssegundos para falar do Idaho.

Pois lembrei do Idaho ontem à noite, quando ainda não havia escurecido e quando o horizonte se fazia gris pela tempestade que se aproximava. Certeza que aquela chuva não vinha do Idaho, mas eram de lá as batatas que seriam fritas no Five Guys, a hamburgueria que o Benito Santos, amigo e faz-tudo da Panther aqui em Indy, indicou. Havia uma placa ali do lado do balcão que as batatas que estavam sendo usadas pela Five Guys eram de uma LLC do Idaho.

The Idaho’ potatoes custam, em sua versão grande, pouco mais do que 4 dinheiros locais e são colocadas aos montes no saco que também embrulha os robustos hambúrgueres que se pede como prato, digamos, principal, e também vêm num copo de 500 mL, porque as batatas do Idaho devem ser difundidas pelo mundo, comidas à exaustão, Idaho tem montanhas rochosas, frio, vida inóspita e batatas, batatas e mais batatas, um cinturão de batatas para que o mundo que come hambúrguer lembre que há um Idaho de braços abertos.

Carsten Horst e eu fomos ao Five Guys comer hambúrguer e as batatas idahonianas depois de fazermos algumas necessárias compras e do vasto trabalho de ontem, regado a uma série de entrevistas aqui no Plaza Chalet. Pilotos ali dando sopa, então que o trabalho fosse feito. E muito do que tem se falado aqui é sobre o comportamento de Danica Patrick. Danica não tem andado bem, e desde então não se furta em atacar direta e indiretamente seu grupo de engenheiros e mecânicos.

Falei com todos os brasileiros ontem, e me permitam omitir o nome deste que falou nestes termos: “Ela tá louca. O que ela tem falado é maluquice. Surtou.” Os pilotos não admitem injustiças com seus preparadores, com os caras que fazem com que o carro esteja pronto para andarem. Ganhe-se ou não, é um time, e acusar da forma incisiva que Danica tem feito não a tem eximido de culpa, mas gerado uma antipatia que poucos seriam capazes de imaginar, embora muitos aqui no círculo fechado da  Indy já soubessem do comportamento marrento da moça.

Pela primeira vez na vida, que pode ser a última, entrevistei Danica — ela é avessa a jornalistas, só fala com hora marcada, segundos contados, etc. Não foi exclusiva, nem nada. Ela estava ali, os colegas aproveitaram, e a sabatinamos. Quatro ou cinco dias depois de ter execrado seus párias, Danica soltou estas: “Eu sei do que sou capaz. Eu acho que estou guiando melhor do que no ano passado. Eu sempre fui bem aqui. Se eu não estou bem, a culpa não é minha, então…”, e a a boca semicerrada e levemente entortada, com a mão esquerda na cintura já dava a entender que o tom continuava.

Ali do lado, Tony Kanaan me falava de seu domingo, o estressante porém emocionante domingo, que o fez ver a importância de todo seu time, com cinco carros, trabalhando por ele, e a amizade, e a consideração, e o carinho, e ele, no fim, ainda me dizia que “e tem companheiro meu que critica”, e assim a mensagem foi entendida.

Hideki Mutoh também estava por ali. O japa era companheiro de Kanaan e Danica no ano passado e conversava com a imprensa de seu país. Tão logo terminou a entrevista, os nipônicos, todos naquele seu jeito peculiar de falar, sem conseguir pronunciar os R’s, voaram para cima de Danica, e pediram ‘thlee questions’, ‘just thlee questions’, e Danica saía, apressada por sua assessora, olhando feio para os japoneses e apontando para o fino relógio verde na mão esquerda que tirara da cintura. Hideki falou qualquer gracejo que não consegui entender, muitos ali riram, a assessora virou para trás, riu também e apontou para ele, num gesto do tipo “você vai ver só”.

Outros dois ou três pilotos estavam por ali também e viram a cena. Fizeram também qualquer comentário jocoso. A verdade é que ninguém mais aguenta o jeito de Danica, e muitos não entendem como é que ela ainda consegue ter uma torcida a favor, visto que ela não demonstra nenhuma simpatia. Anda pra lá e pra cá com o carrinho de golfe e o óculos escuro enterrado em sua micro e bela face e está sempre meditabunda e fechada. A verdade é que não vai demorar muito para alguém, muito provavelmente a Andretti, mandar Danica ir plantar batatas.

A vida pode recomeçar em breve para Danica no Idaho.

Comentários

  • A Danika é só mais uma em meio a todos os pilotos, até agora não fez nada de especial e nunca justificou em momento nenhum toda a propaganda que se faz em cima dela

  • O cara tá em Indianapolis e em vez de escrever algo que preste fica falando sobre batata, cantor de reggae de 1990.

    Vai caçar alguma coisa que ninguém saiba, alguma curiosidade, falar sobre o museu de Indy.

    Aposto que se o rick mears passar do teu lado vc nem vai saber quem é, só se formar uma aglomeração em volta dele.

    Quanta encheção de linguiça, automobilismo que é bom nada.

  • Slogan: Great Potatoes. Tasty Destinations (Ótimas Batatas. Destinos Deliciosos)..KKKK Q DEMAIS….E VIVA AS ”POTATOESSSSSS”..KKKKKKKKK

  • Exelente post, Danica está cada dia mais antipática, a ponto de ninguem mais conseguir aguenta-la, está virando uma nova Ralf Schumacher da Indy, que chegou num ponto de antipatia de todos que nem emprego conseguiu mais por lá…

  • Ela não é grande coisa, mas tem talento suficiente para andar na Indy ou na Nascar. O problema é que acho que subiu um pouco a cabeça dela e virou estrelinha. Tem que se achar um pouco menos.
    Enfim, ela tem patrocínio e muito marketing em cima dela, acho dificil alguém chutar ela. No ano passado todo mundo brigou para saber quem ficava com ela, e nesse ano deve ser igual. É só ela chegar bem em umas corridas que isso muda tudo.

    • E, como a verba de patrocínio da Danica e do Tony serve para bancar parte dos carros do Hunter-Reay e do Andretti Jr., o Michael Andretti vai aturar a Danica por um bom tempo…

  • “…muitos não entendem como é que ela ainda consegue ter uma torcida a favor …”. Tem idiota p/ tudo nesse mundo. Ela há tempos é assim. Não demora muito os patrocinadores vão embora e consequentemente sua vaga na equipe.

  • Sensacional, Victor, gostei bastante. Essa menina tem que aprender como são as coisas no automobilismo. E quem é ela para fazer/falar qualquer coisa? Ela ganhou uma corrida porque acabou o combustível do Hélio e foi só isso.

    Acho que o marido dela (mais de 20 anos mais velho) está com algum problema causado pelo excesso de pílula azul e por isso ela está desse jeito, pq ninguém dá conta dela em outro lugar.

  • Olá Victor, se for para ela plantar batatas que plante aqui em casa…hehehe…desculpe, mas não resisti. Realmente a mocinha tem decepcionado neste ano, você acha que este desempenho é devido a ela estar dividindo suas atenções com a Nascar? Abs.

  • nunca antes na história desse blog, vi tanta encheção de linguiça só pra falar mal da gostosinha.

    Quero meus 3minutos e 27 segundos de volta

    hehehe

  • Espero que ela va para a NASCAR e os caipiras joguem ela no muro algumas vezes. Ai ela vai aprender a se comportar. Tchau Danica, viva a Bia!