I am (in) Indy, 18

INDIANÁPOLIS _ Olhando para o resultado final e vendo pelo que fez durante a corrida toda, Dario Franchitti sobrou nas 500 Milhas de Indianápolis deste domingo (30). Mas o final poderia ter sido qualquer outro se tivesse terminado em bandeira verde. Porque todos os ponteiros se arrastavam na pista, rezando por gotas de combustível guardadas em qualquer lugar de seus carros. Franchitti foi beneficiado pelo fortíssimo acidente de Mike Conway na última volta.

Dan Wheldon, que parecia até ter mais condições — combustível — para ganhar a prova, acabou com o segundo lugar, seguido por um Alex Lloyd que só foi notado ali depois que a comemoração de Franchitti e o resgate de Conway aconteciam na pista.

Helio Castroneves, que lutava pela quarta vitória, chegou a tê-la até a volta 192, mas foi outro que teve de ir aos pits para um splash & go. Ficou em nono e terminou como o melhor brasileiro do dia.

Tony Kanaan chegou a andar em segundo depois de 115 voltas. Ficou, no fim, em 11º. Motivo: o mesmo dos anteriores.

A corrida  _  A largada começou com a tranquilidade que é solicitada aos 33, mas bastou que a curva 2 fosse contornada para que a primeira amarela surgisse. Provavelmente assustado por Tomas Scheckter ter aparecido repentinamente à sua direita, Davey Hamilton perdeu o controle do carro da Luczo Dragon/De Ferran e, derrapante, foi dar no muro interno da reta oposta, deixando Lewis como o único Hamilton vencedor deste domingo.

O acidente encobriu a já esperada mudança na liderança, com a Ganassi pulando à frente, com Franchitti em primeiro. A esta altura, Kanaan aparecia em 25º e Scheckter em 14º, ambos como aqueles que mais evoluíram em relação à posição de largada.

O pano verde foi acionado, mas na volta 8, nova paralisação acontecia por conta de outro acidente. Junqueira, um dos sete favoritos, entrou alto demais na tangência da curva 2 e, escorregando na sujeira, deu de traseira no muro, pondo fim ao sonho de vencer e de provavelmente retomar sua carreira nos monopostos. “Eu estava sendo bem conservador, e de repente fui contornar a curva e o carro se foi”, resumiu.

Depois a prova retomou seu rumo sem muitas mudanças, a não ser um salto de Raphael Matos, então em nono, para quinto. Power superou o companheiro Helio para ser o segundo colocado. E só na volta 31 que algo mais valoroso aconteceu: com a aparição do tráfego, Franchitti perdeu a liderança para o australiano. Que acabou sendo recuperada cinco passagens mais tarde. Vieram as primeiras paradas. E por causa delas, a terceira amarela.

É que na pressa de liberar Power, a Penske acabou deixando parte da mangueira de reabastecimento presa no carro. A peça foi se desmontando com a velocidade de modo que só a mola restou como carcaça. Por conta dos detritos que foram se soltando foi necessária a limpeza da pista. E por conta do erro da equipe, Will acabou tomando um drive-through. Assim, Castroneves voltava ao segundo lugar, trazendo Tagliani, Matos e Briscoe na sequencia.

Mais momentos surgiram. Matos, o terceiro, teve a roda traseira esquerda mal presa pela Luczo Dragon/De Ferran. Assim que deu acelerador e saiu, rodou e bateu levemente no muro inteiro. Com Dixon, a Ganassi agiu igual, no caso na roda dianteira esquerda. O neozelandês ficou parado, enquanto todos o passavam pela faixa direita dos boxes. Os dois pilotos retornaram, mas com tudo que haviam feito até então perdido.

A esta altura, ali em quarto aparecia o nome de Kanaan, com Scheckter em sétimo.

A bandeira verde apareceu, mas não demorou muito a tremular. Porque Matos encerrava sua aparição na volta 73, com um acidente forte na curva 1, a mesma onde bateu mais violentamente ainda no ano passado com Meira. O brasileiro desceu sozinho do carro, sem problemas. A corrida recomeçou na volta 79.

Mas por ironia do destino que Indy prega, o próximo a bater foi justamente Meira, sozinho, na entrada da curva 2. Foi um raspão que detonou sua suspensão dianteira dianteira e sua prova quando a torre marcava 106 voltas completadas. Mais um mote para que os pilotos trocassem os pneus e reabastecessem. Só Scheckter decidiu não ir, portanto o sul-africano assumia ali a liderança da corrida.

Mas foram só meras voltas. Scheckter não tinha equipamento para segurar a fúria de Franchitti, que o passou na volta 114. E logo trazia um Kanaan que já havia superado Castroneves na relargada e pulava para um já inimaginável segundo lugar para quem largou em último. Dario foi imprimindo um ritmo tão forte que chegou a abrir 7 segundos para Tony até que as paradas voltassem à tona a partir da volta 144.

E foi ali que Helio começou a dar adeus à quarta vitória. Porque seu carro morreu, e até que o motor fosse ligado, foram ali uns bons dez segundos. Power novamente teve problemas, desta vez por ter parado além do espaço correto. O único que se livrou da maldição do pit, Briscoe, apareceu em segundo. Mas por uma volta. Porque o australiano praticamente não contornou a curva 4, e lá espatifou seu carro com tamanha violência que acabou ricocheteando e indo parar no muro do outro lado, no meio da reta principal. A cara de Roger Penske denotava a tranquilidade que só o desespero é capaz de fornecer.

A relargada veio na volta 156, com Kanaan, terceiro, passando o companheiro Andretti.  A nova paralisação — a oitava do dia —veio na 161, com Sebastián Saavedra, o colombiano paulista, se perdendo na saída da curva 1, perdendo a traseira e a destruindo no muro. Naquele momento, o cenário se aprontava a favor de Helio, que tinha feito uma estratégia diferenciada na amarela anterior, indo para os pits para encher seu carro de combustível.

E foi o que aconteceu: os demais pararam, e Helio subia para a terceiro colocação, atrás de Mike Conway e Justin Wilson, dois dos quatro pilotos da Dreyer & Reinbold que tinham tática semelhante à do brasileiro.

Conway e Wilson foram levando enquanto deram. Mike parou na 178ª e Wilson, na 189ª. Helio, na ponta, passou a viver o mesmo drama. Passou a andar muito lento para conservar combustível. Mas na 192, lá ia o brasileiro parar e deixar do sonho de conquistar a quarta vitória de lado.

A corrida caiu, então, no colo de Franchitti. Mas não foi tão simples assim. O piloto mais rápido do domingo, que andou 224 mph a prova toda, passou a ter de andar abaixo de 210 mph. Na volta 199, Wheldon, o segundo, começou a se aproximar perigosamente para tentar dar um contorno surpreendente ao final. Mas surpreendente, mesmo, foi o acidente que encerrou a Indy 500. Na curva 3, Ryan Hunter-Reay e Conway tocaram rodas na disputa por posição. O carro de Hunter-Reay serviu de catapulta para o de Conway, que foi parar com violência no alambrado para se desintegrar de cabeça para baixo no meio da pista. Bia Figueiredo, que vinha atrás, acabou rodando. E a corrida terminava com o arrastante Franchitti recebendo a quadriculada misturada com a amarela, da mesma forma que ganhou em 2007.

Conway foi retirado consciente e alerta, como eles dizem por aqui, do carro da DRR e só reclamou de dores na perna direita. Foi só o susto. Apagado com a leve e delicada corrida de Ashley Judd ao longo dos pits para esperar o marido vencedor.

Comentários

  • Foi uma corrida um tanto quanto monotona, em se tratando de Indianapolis, mas eu sempre acompanho de ponta a ponta, o que mais me deixou triste foi a presepada da equiep De Ferran Luczo Dragon, o Raphael Mattos vinha numa baita corrida, outra coisa foi a mudança de estratégia da Penske pro carro do Helinho, se preciptação pura.

    • É impressionante como tem gente que fala que viu a corrida mas parece que não viu. A Penske foi obrigada a mudar estratégia pois o Hélio deixou o motor morrer. Na minha opinião foi uma decisão acertada.

    • E outra… essa corrida foi muito, muito melhor que as últimas, não teve nada de monótono. Só a expectativa quanto o consumo de combustível já valeu a corrida. O simples fato de um brasileiro não terminar entre os primeiros não faz uma corrida monótona.

  • Como eu te disse no Twitter, os seus relatos fazem um cara que nunca foi ao IMS iniciar o planejamento para estar lá em 2011, de tão precisos que foram.
    Vou pedir ao Flavio Gomes para te liberar em algumas corridas da F1. Enriquecerá demais!
    Manteve a humildade, o bom humor e a seriedade. Deu show mesmo! Parabens!
    Não, eu não sou boiola…adoro moças! rs
    Abraço

  • Belo resumo! Muito mais elucidativo e emocionante que a transmissão pela TV aberta. O final da corrida deve ter sido realmente emocionante.

    • Nota 10 para a Indy e 0 para transmissão da band, aquela cortada classica para o jogo dos bambis acabou com a corrida…… horrivel… infelizmente globo eh globo….

  • Bons resultados dos novatos Mario Romancini e Simona de Silvestro. Conseguiram terminar na mesma volta com carros que não são grandes coisas.

    E é incrível como no final, sempre aparece bem a equipe Panther. Desde os tempos de Sam Hornish, parece que sempre tem um bom acerto para essa pista. A única coisa que falta para essa equipe é um grande patrocinador, porque pessoas competentes, já tem.

  • Fórmula Indy é mais um típico esporte AMERICANO.

    Confuso, sem lógica e sem graça… pelo jeito lá só se salva o basquete.

    Como é que eu vou com tudo brigar por uma posição deixando a torcida na loucura, para chegar a sete voltas sendo líder da corrida… ter que ir reabastecer.

    Ou mesmo tendo um carro mais rápido, brigando e contando os certíssimos para poder ultrapassar o líder e quem sabe ganhar a prova faltando quatro voltas, na verdadeira torcida do Vai! Vai! Vai! …. ter que ir reabastecer.

    E finalizar em décimo sabe lá qual, depois de dá um show por ter largado em ultimo, posição que não condiz com o empenho que teve…só formula Indy para proporcionar isso. Parabéns.

    Essa papagaiada você nunca vai ver na Formula 1, salvo por algo não programa, decorrente da corrida, em resumo..um fato isolado e não uma regra.

    • Estratégia, sorte,economia de combustível. É o que se precisa pra ganhar na Indy, além do carro bom. Na F1 só se tiver o melhor carro e olhe lá.

      F1 é muito previsível. Quero justamente começar a ver a corrida sem saber o que vai acontecer. E o que aconteceu nessa, foi exatamente o que quero ver. Talvez é por isso que perdi completamente o interesse pela F1.

  • Victor Malartins e a Danica Patrick, ela eh quase tao mala qto vc mas acabou bem nao ?
    A Bia Figueiredo fez uma corrida honesta apesar da 21 colocacao o pessoal da ESPM gringa elogiou muito a menina.

  • E o Hélio “Al Capone” Castroneves comeu pó. Bem feito, esse é um baita falastrão!
    Pena o sprash & go do Kannan. Poderia até ter vencido, porque o Franchitti estava se arrastando também. Seria histórico.