Zona do euro, 3

SÃO PAULO | Quando o Q2 terminou, com os quatro primeiros separados por parcos milésimos, pensei cá com meus botões que a disputa pela pole em Valência seria a mais disputada de todos os tempos, com o InfoStrada preparando todas as suas estatísticas desde 45 a.C. e as corridas de biga no império carolíngio. Mas a Red Bull sempre tem algo a mais na hora do vamovê.

Enquanto a cambada virava na base do 38 baixíssimo, Vettel e Webber vieram para a casa do 37.5, 37.6 e deixaram McLaren, Ferrari e a Renault de Kubica com a sensação exata do que é o quase. Vettel foi melhor que Webber nas três fases da classificação, e assim tem sido durante o fim de semana. “A volta ao mundo das poles”, como disse o engenheiro da Red Bull, veio em grande estilo — não em boa hora; qualquer hora é boa pra se fazer pole. Seb, como diz Ivan Capelli, mergulhou numa fase descendente quando o companheiro engatou uma sequência de primeiras colocações no grid e nas corridas, agravado pelo incidente na corrida da Turquia enquanto disputavam a ponta. Atualizações cá e lá, a Red Bull parece retomar a rédea do Mundial, pondo-se à frente das demais com seu duto frontal e seu esquema de difusor-escapamento que vem sido devidamente clonado pelas demais.

Hamilton errou sua volta final, mas não conseguiria nada além do terceiro lugar. Ontem mesmo Lewis já expressava sua preocupação com o avanço das rivais e já dava sinais de que a McLaren não veria sua sequência de dobradinhas se estender na prova de amanhã. De fato, é bem difícil que repita o 1-2 com Button, que foi apenas sétimo em um desempenho pra lá de sombrio.

A Ferrari evoluiu, nota-se. Alonso e Massa partem em quarto e quinto. Deixou aquele ingrato posto de quarta força que chegou a ocupar etapas atrás com um passo bem dado e, pelo menos neste fim de semana, se equipara à McLaren. Considerando o Q3 como verdade absoluta, a dupla vermelha e Hamilton vão brigar ferrenhamente pelo pódio, provavelmente um lugar só.

Kubica em sexto… o cabra é bom demais. É um sexto que não exprime o quanto este rapaz tira de um carro que não é melhor que a Mercedes, mas que sempre a supera. Vai andar ali, seguindo os concorrentes, rezando por um erro para se meter na briga com vermelhaços e cromados.

Barrichello e Hülkenberg fizeram exatamente o mesmo tempo, mas o alemão sai à frente por tê-lo feito antes do brasileiro. Oitavo e nono lugares é realmente um feito e tanto para a Williams, que pôs a Force India e até a Mercedes no chinelo velho. A Mercedes, pfff!, tem de rever seus conceitos de crescimento. Nem Rosberg conseguiu passar ao Q3. E assim como a Lotus não é a Lotus, Schumacher não é Schumacher. Esse Schumacher que estamos vendo ainda é aquele que só carrega o nome das glórias conquistadas. Um sofrimento atroz para chegar ao 15º lugar no grid posterior à ameaça de ser gongado logo na primeira fase. Uma performance como essa deve definir a vida mercediana para o resto da temporada. É a deixa para se concentrar em 2011.

Os pneus não vão influir na corrida de amanhã, pelo que se nota. Não como no Canadá, digo. O que já diminui a expectativa. Valência, em seus dois anos, apresentou provas macambúzias e xexelentas. Dificilmente a Red Bull sai de lá sem uma dobrada. Vettel deve fazer a Mandy Fogosa, que substitui a Liz Gostosa, feliz.

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