Molho inglês, 2

SÃO PAULO | Foi com mais ou menos 15 ou 20 minutos de treino livre em Silverstone que a Ferrari deixou de falar o que acontecia com seus pilotos e lançou o comentário no Twitter, como se só três ou quarto estivessem a par: “A Red Bull está muito, muito forte”. À aquela altura, Vettel já aparecia com o melhor tempo, sem muito esforço. Depois Webber veio à pista. Foi bem mais rápido e pôs uma larga diferença para os demais. E assim a Red Bull foi caminhando para um plácido domínio. A dobradinha só foi atrapalhada por Alonso no fim, ainda tomando 0s4 do 1min31s234 que o australiano estabeleceu.

É sempre válido dizer: a Red Bull não é time de andar bem na sexta-feira, conforme traz o retrospecto da temporada. Deu Vettel no TL1 e Webber no TL2. Primeira vez que isso acontece em 2010. Então é notório que as barbas alheias aproveitarão o restante do dia para serem postas de molho e ficarem penduradas para secarem até amanhã. É evidentemente prematuro cravar, mas Vettel e Webber tendem a sapatear na primeira fila do grid e dominarem a corrida de domingo. Os dois precisam se recuperar no campeonato, sobretudo Mark, que só fez 10 pontos nas últimas duas provas — enquanto o líder Hamilton, por exemplo, somou 43.

Hamilton que murchou hoje. Um oitavo tempo, tomando 1s5 da Red Bull… creio que já vão vir as queixas e as lamentações no comunicado de imprensa da McLaren que apontam a derrota prévia. Lewis errou muito, é bom que se diga, principalmente na parte nova do traçado britânico e no trecho que compreende as primeiras curvas — Copse, Maggotts e Becketts. Também não foi exclusividade dele. Uma delta de pilotos visitou gramas e áreas de escape. Nos dois casos, são perceptíveis mudanças nas camadas de asfalto e ondulações, que têm gerado problemas na aderência. Aliás, achei que esta nova parte do traçado estragou a pista. Pode ser pela questão do costume, mas sei lá. É insossa. Ao menos, provavelmente as escapadas serão comuns nos próximos dois dias naquele complexo Arena.

Massa acompanhou Alonso. Colocou a Ferrari em um interessante quarto lugar, atestando que as evoluções feitas pelos italianos desde Valência tiveram efeito positivo. A Ferrari em um dado momento do campeonato era a mais fraca do G4. O safety-car na corrida espanhola há 15 dias impediu que se pudesse avaliar seu desempenho real, mas é bem possível que os vermelhos já estejam no mesmo pé dos cromados da McLaren, ligeiramente à frente da oscilante Mercedes.

Rosberg e Schumacher acabaram em quinto e sexto, respectivamente. Nada mal. Ambos à frente da McLaren. Que sempre manda bem nos TLs da vida. Estranho, Watson… bem como Petrov, aos trancos e barrancos, aparecer em sétimo, enquanto Kubica só foi o 11º com a Renault. Sutil e Barrichello, Force India e Williams, ficaram em nono e décimo, resultados que se espera deles na condição de melhores da patota do meião.

Descendo a página de tempos, Yamamoto está lá, em penúltimo, só à frente do zicado Trulli. O japa tomou 1s3 de Chandhok. “Decidimos pôr para correr”, alegou a Hispania, por um de seus aspones a respeito da saída de Senna. A F1 deveria ser que nem o futebol em certos aspectos. Criar o acesso e o rebaixamento. A Hispania cairia para a quarta divisão e lá mofaria até que a falência batesse à porta.

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