A F1 é momento

SÃO PAULO | A coluna Superpole que escrevi para a Revista Warm Up deste mês, para vossos comentários:

Se a gente for considerar o que acontece em pista, excetuando aquele maledeto jogo de equipe da Ferrari na Alemanha, a F1 vive um momento fascinante. Nunca antes na história recente desta competição cinco pilotos chegaram à parte final do campeonato com chances de título sem que haja um favoritismo destacado para um ou outro. Foram tipo microcampeonatos dentro de um só.

No começo se achava que a Ferrari seria a grande força do ano pelo que fez na pré-temporada e por sua primeira prova no Bahrein, com dobradinha. Daí, três provas com mutações climáticas colocaram Jenson Button e Sebastian Vettel no jogo — surpresa e naturalidade, respectivamente, diante do retrospecto de seus companheiros. Então Mark Webber apareceu na brincadeira com duas vitórias. Lewis Hamilton, invejoso, fez o mesmo nas corridas seguintes.

Passadas 14 provas, a diferença do primeiro para o quinto colocado é de 24 pontos. Ou seja, se houvesse só mais uma corrida para definir o título, os cinco teriam condição de ganhá-lo. Para efeito de comparação — porque esta pontuação acaba dificultando uma análise de pontuação que acompanhávamos antes da mudança —, é só atribuir o esquema de pontos do ano passado. Hamilton lideraria o campeonato com 75 pontos, Webber teria 74, Vettel e Button ficariam com 67 e Alonso viria com 66.

Webber foi quem mais venceu, quatro vezes. Hamilton e Alonso têm três no lombo, cada um. Vettel e Button somam duas. Button é quem há mais tempo não vence — dez corridas. Webber é quem ficou menos corridas sem pontuar — apenas uma, naquele acidente em Valência com Kovalainen. Mas é a ascensão de Alonso que acaba ganhando maior evidência diante destes dados.

O espanhol é quem mais fez pontos nas últimas quatro provas, 68, com duas vitórias e um segundo lugar. El hombre saiu do limbo para se meter entre a briga particular da Red Bull com a McLaren. Já está no meio delas na tabela. Arrancou para o título, diriam alguns. Não deixa de ser verdade. Dos cinco, Alonso disputa com Hamilton o rótulo de melhor da atual F1. É o que tem mais títulos e experiência de decisão, até porque ganhou os dois em cima de Michael Schumacher. E tem um fator principal: é o único que vai ter a equipe 100% para si.

A Ferrari havia se imposto a condição de seguir na temporada se seu primeiro piloto vencesse em Monza. Aquele pit bem trabalho é a garantia do trabalho em 2010 e de um Alonso na ativa. Tudo, então, vai ser do jeito que sempre quis, com mimos e regalias. McLaren e Red Bull vão ter de trabalhar em duas vias, com temor de que seus pilotos se percam até entre si e sem poder pender para um lado ou outro.

A partir de agora são quatro provas na Ásia — uma delas na desconhecida Coreia do Sul — e uma escapada para vir ao Brasil. Webber nunca completou corrida em Cingapura e tem uma vitória em Interlagos. Alonso ganhou aquela armada pela Renault no país-estado e uma em Suzuka. Hamilton também mostra no currículo um triunfo em Cingapura e foi o único dos cinco a não terminar a prova que a F1 fez em Abu Dhabi. Vettel já venceu no Japão e no circuito da Marina de Yas. Button é o que tem o pior retrospecto nestas provas, mas há o desconto porque nos últimos dois anos, um deles foi feito com aquela Honda capenga.

Mas realmente o passado pouco conta nesta fase final. A F1 tem importado o clichê do futebol. A F1 é momento. Ele é de Alonso. Por enquanto.

Comentários

  • Francamente não vejo tudo isso nesse campeonato. Particularmente para mim, será uma surpresa se não for um piloto da RBR o campeão. No máximo Hamilton porque tem pilotado acima da média.

    Me parece que os campeonatos de 2007 e 2008 foram melhores que esse. Esse aqui está embolado por conta das grandes cagadas vezes por parte da RBR, outras por parte dos pilotos. Não fosse a própria RBR, esse campeonato estaria muito mais fácil do que já está.

    A RBR desse ano é melhor que a Brawn do ano passado. Ela está criando esse próprio sufoco. Mas no geral, será campeã sem surpresa alguma.

  • Leio sempre seu blog e gostaria de fazer um breve comentário.

    Muita gente diz que Alonso venceu o campeonato de 2005 em cima do Schumacher.

    Isto não seria uma impropriedade, haja vista que em 2005 a Ferrari esteve completamente ausente da disputa, tendo vencido apenas a prova de Indianápolis (aquela de 6 carros no grid)?

    Naquele ano Alonso lutou ferozmente contra Raikkonen, que de McLaren viu o campeonato escapar pela falta de confiabilidade de seu equipamento. Schumacher jamais chegou a ser uma ameaça aos dois.

    A classificação nos pontos acabou com 133 pontos para Alonso, 112 para Raikkonen e apenas 62 para Schumacher.

    Aproveito para convidar: dê uma espiada no meu blog. Abs

  • Sem dúvidas Alonso é um grandissimo piloto. Um campeão com um peso muito maior que o de Mika Hakkinen e Nigel Mansell por exemplo… sem dúvidas, sem querer desmerecer ambos. Mas é que o espanhol é bom MESMO. Sabe usar o fator psicológico; sabe trabalhar; é carismático (isso tudo reflete em pista); sabe ler corridas; sabe se impor; aproveitar o momento; é extremamente rápido e constante; sabe atacar; sabe defender; sabe poupar equipamento… é um piloto extremamente talentoso e completo. Deste pelotão da frente ainda sou mais ele que Hamilton. Por essa razão sinto falta de Kimi Raikkonen no campeonato… mas enfim, não importa…

    Vai ser interessante esse fim de temporada. Por mais que tenha sido uma temporada boa em termos de pontos e competitividade, as corridas não foram tão boas assim na média não. As poucas corridas boas, foram espetaculares pelo menos. Ta melhor que 2009… mas não ta melhor que 2007, 2006, 2005, 2003…
    …de qualquer forma este fim tende a ser histórico! Vamos torcer pra vermos corridas boas, legítimas e brigadas!

  • Oi Victor, você reparou no seu texto muito bem escrito e detalhado que em nenhum momento os pilotos Brasileiros entram na briga pelo título ?

    Pergunto: Qual será o futuro do Brasil na F1 … Victor ?

    Aqui vai minha opinião do futuro do Brasil na F1….

    O Kart que é a nossa 1º categoria de base certo, um amigo piloto me disse que o custo é muito caro por corrida por conta da total desorganização das autoridades da CBA. Pra começar porque um monte de ferro retorcido (Chaci do Kart) pode custar tanto, hoje eu sei porque precisa da homologação da CBA e custa no mínimo 100.000, e ai vai…Pneu, e demais apetrechos do esporte…Não da para formar campeões com esses custos.

    Sobre os pilotos, eu ainda boto fé que o Nelsinho Piquet volte para a F1, e mude o final de sua historia na categoria e honre com dignidade e talento a herança do Tri-campeão da F1 Nelson Piquet.

    Do Bruno Senna, ele leva a torcida do MUNDO, para que consiga um bom carro para 2011, talento mostrou que tem faltou somente um título, e pensar que ele poderia ter estreado na F1 com o foguete da Brawn em 2009, se não fosse o Rubinho atrapalhar.

    Lucas di Grassi, bom esse deve ter algum talento mais ainda não mostrou, não tem nenhum grande titilo de expressão, a não ser a corrida que ele venceu da F3 em Macau, não acredito muito na sua permanecia na categoria, este fim de semana já começa dividir o carro com outro piloto com muito dinheiro.

    Agora do Rubinho Barrichello eu sempre apostei nele, teve grandes resultados nas categorias de base, chegou na F1 em 1994, hoje é lembrado por ser o mais velho no GRID e ter mais de 300 GPs com 11 vitórias…e Claro depois do GP da Áustria nunca mais teve respeito dos torcedores.

    E por fim, Felipe Massa, que me fez torcer muito, muito mesmo em 2008, não deu mais achava que daria…até aparecer um Alonso em sua vida… O que ele fez no GP da Alemanha já apagou toda sua historia de conquistas na categoria, será outro Barrichello na F1, com menos tempo da categoria…e só.

    Vamos torcer muito para aparecer alguém que não esperamos e honre nossa tradição nas pistas.

    Parabéns pelo seu trabalho Victor Martins

    Anderson Ramos – Campo Grande – MS Brasil

  • Ninguém perguntou, eu sei, mas acho o Alonso fogo-de-paia nessa briga do campeonato. Já se chegou num momento em que depende do resultado dos outros.

    • Não depende não. Se a diferença de pontos entre o vencedor e o segundo colocado é de 7 pontos, faltando 5 corridas dariam 35 pontos e ele está 21 pontos atrás do Webber. É necessário uma disparada mas não é impossível.
      Vitonez o Alonso superou diretamente o Schumacher em 1 disputa de título q foi em 2006. 2005 ano do primeiro título do espanhol a disputa foi com o Kimi na McLaren. Contra o Schumacher a única disputa, digna de nota, foi aquela, em Ímola, q ele segurou o Alemão por umas 20 voltas. A Ferrari de 2005 era bem sofrível…