O copo meio vazio

SÃO PAULO | A consciência de que 2010 é um ano a ser esquecido foi a marca da curta coletiva que Felipe Massa deu durante um almoço na tarde de hoje em São Paulo. Sem vitórias e 88 pontos atrás de Fernando Alonso na tabela de classificação, o brasileiro usou-se de um eufemismo para avaliar seu desempenho: em vez de negativo, optou por dizer que o balanço do campeonato foi “não positivo”.

“Eu imaginava ter tido um ano melhor do que eu tive, não só pelo problema que eu tive falando de aquecer o pneu, principalmente em classificação — muitas vezes em corrida o carro andou bem, o ritmo era bom. Mas na classificação eu sofri mais para o pneu aquecer e ser do jeito em que eu tava acostumado”, declarou o ferrarista. “Em corrida o ritmo sempre foi melhor, só que a gente sabe o quanto classificação é bom hoje em dia”, falou.

A alegação de que o problema principal estava nos pneus foi acompanhada dos pelos abandonos, quatro no total, e das altercações que encontrou em determinadas corridas. Massa mencionou o Canadá, “onde eu bati na primeira curva”, a China, em que “eu não tive um resultado bom na chuva” e Cingapura, lugar que “eu saí para classificar, quebrou meu carro e eu tive que largar atrás, numa pista como aquela”.

Do G3 da F1, Massa é o único que não chega a Interlagos na briga pelo título, situação semelhante a de 2007. Naquela temporada, a McLaren também via sua dupla na disputa — Lewis Hamilton e Alonso —, enquanto Kimi Raikkonen vinha com chances remotas pela Ferrari. No fim das contas, Felipe observou que acontece. Coisas da vida de piloto. “Se eu não estou na luta pelo campeonato, é porque eu não consegui fazer aquilo que não imaginava por vários motivos”, repetiu o piloto. “O Alonso teve um ano muito melhor e mais competitivo, e o carro melhorou muito do meio pro final do campeonato. Não é nada do que já não vi.”

Tal qual 2007, o papel atual de Massa é servir de escudeiro — ou garçom. Felipe teve de abrir mão da vitória na pista paulista para que Raikkonen fosse campeão. “No que depender de mim, com certeza”, confirmou quando perguntado se vai ajudar Alonso. “Sou profissional.”

E o profissional Massa é também um administrador de pressões na Ferrari. “Sempre foi grande”, disse. “Desde quando entrei na Ferrari, se dependesse principalmente dos jornalistas, estava saindo a cada ano”, afirmou, referindo-se aos constantes boatos de que pode deixar a equipe italiana — Sebastian Vettel e Robert Kubica foram cotados para seu lugar nos últimos anos. “A pressão sempre existiu. Tem aquelas pessoas que são a favor e torcem e tem muita gente contra. Neste ano, que não foi bom, a pressão está grande. E num ano que estava andando bem, também era. Se eu não ganhar a corrida seguinte, como é que vai fazer?”

Comentários

  • Victor, coincidência ou não, ontem, jantava com alguns amigos e falávamos a respeito do teor das matérias da imprensa sobre Interlagos, sobre aquelas que eram ufanistas demais e as que eram “do contra” demais, e ao Grande Prêmio foi dada a mesma alcunha que intitula esse post.

  • Massa é ótimo piloto dentre tantos e tantos, fez por merecer onde está !…. mas para ser campeão ter que ser excelente. Espero que essa exelência venha no próximo ano já na primeira prova. Boa sorte a ele e deixem o rapaz trabalhar …

  • O felipe Massa está querendo explicar algo que todo mundo já vui ( com Schumacker e o Barrichello) e sabe lá na Ferrari só tem lugar para um piloto o outro é empregado.
    Na verdade o Felipe não vai chegar nunca ao Titulo pois o nº 1 é o Alonso.
    Espero que o massa largue atrás do Alonso no Brasil para o torcedor não ter que ver ele dar passagem para o Alonso na nossa casa.
    Seria o Fim