Brasileirinhas, 2

INTERLAGOS | A tradição foi quebrada, e em vez da L, a fila escolhida na sala de imprensa foi a I. Pouco muda, a não ser que ficamos mais perto da porta de entrada e mais longe das delícias da lanchonete e dos banheiros.

O que está diferente, e não por menos estranho, é o ambiente.

Interlagos segue a mesma, mas agora com tintas antiderrapantes, softwalls com espumas de largas espessuras e aços galvanizados e um novo trecho de asfalto onde era grama ali na Descida do Lago. Mas a impressão que passa é que o GP do Brasil é só mais uma prova.

O agito é menor do que o dos últimos anos. As coletivas e os preparativos que rondam a prova são ínfimos perto do que se via — entrevistas tradicionais foram canceladas, eventos que levam gente que bebe para casa não aconteceram, o golfe já era, o patrocinador da equipe que agora tem um brasileiro resolveu convocar um encontro para falar com o piloto do safety-car, não há filas para o credenciamento, e aqui na pista, o negócio vai sendo feito com tanta calma que parece que não se vai conseguir deixar nada pronto para sexta de manhã, ou ainda, todos os beregodegos que eram meticulosamente montados e aprontados com riqueza de detalhes foi deixado de lado por conta da preocupação que haverá depois da corrida do domingo, em que todo mundo vai ter de voar direto para as Arábias, numa logística louca ocasionada pelos milhões despejados por aquela terra para sediar a etapa final do campeonato na capital daqueles sete emirados unidos.

O Brasil tem sido tratado, aqui e ali por essa gente da F1, como um rito de passagem para Abu Dhabi. Diferente do que acontece desde 2005, Interlagos não está com cara de decisão. Isso já começa a dizer alguma coisa.

Comentários

  • Por que assistimos a F1?
    Muito simples, pois é o que se tem de melhor em matéria de automobilismo. E o que move a F1(invoações dentro e fora da pista)? Dinheiro.. E por falar em Dinheiro, o Governo Estadual e Municipal têm que fazer das tripas ao coração para que a F1fique em SP. Por um simples motivo. É disparado o evento internacional que mais traz retorno a cidade de SP. Logo… vale mais investir em Interlagos do que no Sambódromo.

  • Concordo que a FIA e o tio Benie estão loucos pra trocar certas provas mais antigas (não só o Brasil) por paises, cheios de pretodolares ou dispostos a pagar qualquer quantia para fazer uma propagando politica adquirindo uma etapa da F1.

    Mas dai para dizer que a etapa brasileira é de uma simples transição para Abu Dhabi, não concordo. O Brasil a muitos anos, independente se é a ultima ou penultima etapa, tem decidido campeonatos. Isso é fato e ninguem pode ignorar. Além disso também historicamente este cirtuito tem mostrado muitas corridas emocionantes no decorrer dos anos, seja pelo traçado ou pelo clima instável. O que infelizmente não vamos nos cirtuitos mais novos (Tilkodromos)

    O que acredito pode contribuir para o sentimento de “já foi melhor” é o fato de nenhum brasileiro estar em boas condiçoes para ganhar campeonato, vitória ou mesmo pole.

    Resumindo… Uma coisa é o que os dirigentes querem no futuro, outra coisa é o sentimento geral dos participantes e toda a tradição contida no lugar.

    Abraços a todos.

  • Na verdade desde o retorno da F1 a São Paulo Interlagos, todo ano está de saída, tem reclamação para todo o lado e… continua aí, e eu sempre estou lá naquela arquibancada precária, com a maneira precária de tratar os torcedores, como no futebol, mas enquanto tiver F1 lá estarei lá, e sinceramente não acredito que tão cedo. Uma pista antiga, mas muito mais eficente que qualquer nova, com inumeros pontos de ultrapassagem, independentemente da configuração dos carros, antigos, atuais, F1, stock, truck, GT etc. é um circuito maravilhoso, tanto na configuração anterior (que deveria ser recuperado) como na atual. Parabéns Interlados, 70 anos , com corpinho de um, abraços.

  • Minha opinião é que o episódio de Massa e Alonso desanimou os patrocinadores locais. O assunto já é passado, mas a marca fica. Há um desapego generalizado, nada mais natural do que o clima morno de agora para um país acostumado a torcer, muitas vezes de maneira não realista.

  • Olhe o que saiu no site da UOL no Amigos da Velocidade de Téo José:

    Promotor diz que Massa pode ser preso se entregar para Alonso
    Da Redação

    Durante o GP da Alemanha, Felipe Massa recebeu uma ordem de equipe e teve que deixar Fernando Alonso ultrapassá-lo para vencer a prova. De acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, o promotor Paulo Castilho ameaça prender o brasileiro se ele abrir passagem para seu companheiro.

    “Se fizer isso, ele tem que sair algemado de Interlagos”, disse o promotor.

    O Estatuto do Torcedor prevê prisão de até seis anos para quem “fraudar” ou “contribuir para a fraude” no esporte.

    Alonso lidera o campeonato com 231 pontos, enquanto Massa tem 143 e sem chance de conquistar o título.

    Será que tem presepada por aqui????????????

  • Victor, ja que vc responde todos os comentarios e fala a respeito de tudo, me permita um comentario fora do assunto F1 mas que me deixou muito curioso. Estava assistindo ao MOTOGP em Estoril e reparei que o Valentino Rossi estava colocando o Pé no chão para fazer as curvas, nunca tinha visto isso, vc sabe o porquê? Obrigado

  • Ainda acredito em interlagos por seu ponto mais interessante, o layout, a pista, o desafio. No mundo moderno de pistas de video game, interlagos ainda brilha pelo desafio e pela história. Obvio que carece de melhorias na infraestrutura tanto interna, como em seus arredores. Mas ainda terá seus espaço bem como a F1 em si, sendo essa uma das mais interessantes e imprevisíveis temporada de todos os tempos…

  • Foi-se o tempo em que o objetivo maior da formula 1, era um “campeonato”, hoje quem paga mais, leva. (tanto as equipes como os dirigentes (Bernie) só pensam nos lucros).

  • Descartável. Acho que é esta a palavra para o último parágrafo do seu texto.

    Uma Fórmula 1 insáciavel, que se vê muito grande para coisas “pequenas”. O automobilismo no Brasil devia para de girar em torno da Fórmula 1 e da Globo.

    Tem tanta coisa no mundo das corridas que os nossos hemanos da Argentina vivem bem sem a Fórmula 1.

    Que eles vendam o entretenimento Fórmula 1 para os países com dinheiro e sem história automobilistica. Quando a Fórmula 1 deixar de ser novidade e continuar muito cara, aí eles podem decidir se divertir com outra novidade. Então talvez um dia a Fórmula 1 volte a tratar com mais carinho os países de campeões nas pistas.

    No mundo do entretenimento, quando os grandes artistas começam a apelar para lugares perdidos no final do mundo, é que eles já não conseguem se sutentar nos grandes centros da Europa e dos EUA. E aí dizemos que eles estão em decadência. Lembram do Information Society? Nunca mais ouvi falar, mas antes do grupo acabar fizeram uma turnê pelo Brasil.
    É este o futuro da Fórmula 1? Ir buscar dinheiro onde aonde a categoria consiga se vender como esporte e entretenimento?

    Porque no fundo não passa de uma categoria resumida a dinheiro e muito distante de tudo, no seu mundo a parte. Que sobrevive vendendo uma competição, até que o público perceba que não é uma competição de pilotos e de carros. É uma competição de empresas que buscam dinheiro.

  • Parece que estamos assistindo a uma das últimas provas de F1 em Interlagos. As equipes estão reclamando muito da falta de espaço, tio Bernie já reclamou. Em 2012 o mundo do GP Brasil de F1 deve acabar.