A má vidente

RIBEIRÃO PRETO | Numa das muitas bandeiras vermelhas consequentes dos acidentes dos treinos da Stock Car, a empresa que faz as imagens da categoria, a Master TV, sem ter o que mostrar em pista, concentrou-se em um poste de rua, destes de que é proibido parar ou estacionar, e nele estava um anuncio retangular, quase num formato A4, escrito com letra de forma e à mão, Ana Maria, a vidente, e seu telefone.

O jornalismo dinâmico me fez prontamente decorar a sequência de oito números e logo chamar para atestar que Ana Maria existia e, de fato, tinha dons sensitivos. Ana Maria, era ela, atendeu, e diante de minha pergunta, ela confirmou, meio que com indiferença e desdém.

Minha pauta tinha uma única pergunta e não era sobre mim ou meus colegas de trabalho, mas tinha a ver com o trabalho em si. Para adiantar a tarefa que teremos amanhã na corrida, pedi à gloriosa Ana Maria, na sua condição de vidente, que me dissesse quem vai ganhar. Era uma pergunta clara e simples, não requeria complemento ou uma outra habilidade. Fez-se um silêncio na ligação, e acreditava que Ana Maria estivesse ali consultando seus instintos, as cartas, os búzios, a borra do café ou o além. Mas ela preferiu carregar no seu sotaque e retribuir com outra pergunta: “Você não tem o que fazer, né?”

Desliguei. Ana Maria estava errada.

Comentários