Jogo dos vários erros

SÃO PAULO | Nem neste dia supremo e celestial a Stock Car me deixa… Essas imagens foram clicadas pela doce e amável Fernanda Freixosa ontem no Velopark. O carro, como se nota, é o de Rafael Daniel, melhor dos treinos livres da Copa Montana.

Gostaria que os caros leitores verificassem qual o ‘erro’ destas fotos. Posteriormente, vou contar a história. Como se nota, não fui ao Rio Grande do Sul para acompanhar a prova ‘in loco’. Mas estou esperando novos registros do carro hoje para dar base ao causo.

A resposta: Daniel treinou ontem com a testeira da Dolly, patrocinadora da categoria, tampada com uma tarja preta. Vejam que nas portas de seu carro há o patrocínio do Night Power, um energético de Fortaleza produzido pela Indaiá. Embora não sejam diretamente conflitantes, são empresas fabricantes de bebidas. Algo similar acontece no GT Brasil, patrocinado pelo Grupo Petrópolis (TNT), quando Daniel Serra vai correr lá (Red Bull). Serrinha, para manter seu patrocínio taurino, abre mão dos prêmios dados pela categoria.

No começo da semana, Daniel recebeu um comunicado da Vicar para que apresentasse seu contrato com a Night Power e, portanto, oficializasse sua ‘dispensa’ do uso da marca Dolly. Como o tempo era curto, foi sugerido juridicamente que Rafael apresentasse um ofício em que se comprometia a fornecer todos os dados, mas que tivesse uma liberação para participar da prova do Velopark normalmente. O ofício foi aceito, e Rafael, paulistano, foi para o sul correr.

Assim foi ontem, com Night Power e sem Dolly. Mas as coisas mudaram.

Toda prova, ridiculamente ou não, tem seu regulamento específico. E lá constava que todos os carros da Copa Montana deveriam correr obrigatoriamente com o patrocínio da indústria de bebidas com nome de ovelha clonada na parte superior do parabrisa. Há quem diga até que o presidente da Vicar, Maurício Slaviero, foi aos boxes da Gramacho hoje de manhã para exigir o cumprimento da regra. Receoso por ter também outros carros na categoria, Alexandre Gramacho resolveu acatar.

O resultado: Dolly de volta, com Night Power.

Agora há pouco, conversei com Maurício Slaviero, presidente da Vicar. Segundo o dirigente, estava claro às equipes desde o começo do ano que deveriam ser cumpridas as cláusulas com patrocinadores, sobretudo neste caso da testeira da Dolly. Para que a Gramacho abrisse mão do patrocínio no caso de Daniel, a equipe deveria mandar o contrato do acordo com firma reconhecida. Na última segunda-feira, a empresa que promove e organiza também a Copa Montana mandou um lembrete ao time. Novamente, ainda de acordo com Slaviero, o contrato não tinha lá assinatura assentida por algum cartório. Mas deixaram que Rafael corresse sem a marca da Dolly. Hoje de manhã, impediram.

Slaviero mencionou o caso de Cristian Castro, piloto patrocinado pela Pepsi, que apresentou o tal contrato com o requisito básico. Por fim, negou a existência do ofício apresentado por Daniel e a equipe e que tenha ido aos pits da Gramacho exigir que fosse posta a marca Dolly no carro.

Como comentário final, fontes do Sul confirmam que Slaviero esteve, sim, na garagem da Gramacho e que houve uma operação interna para abafar o caso e não criar polêmica.

Comentários

  • Curioso: Tem um carro identico a esta montana do Daniel nº 22 (inclusive com um adesivo preto sobre o Dolly) exposto no Hipermercado Andorinha, na ZN de SP. O carro está lá desde a semana passada. Não acompanho a Copa Montana. Será o carro da temporada anterior?

  • Mas que raios de cláusulas. Até parece que alguém vai viver de beber Dolly ou qualquer coisa unicamente. Deveriam utilizar tal regra para produtos especificos do mesmo segmento, tipo refrigerantes, energéticos, etc. Aí sim faria sentido.
    André / Piloto no http://www.f1bc.com

  • Por falar em falcatruas no automobilismo, deem uma olha na edição de março de 2000, no acervo digital da qautro rodas. É uma entrevista com o então presidente da CBA, Reginaldo Bufaiçal, após algumas denúncias feitas pelo Piquet.

  • Tão fácil resolver esta questão. A matéria é minuciosamente tratada no yellow book da FIA. Bastava a todos os envolvidos estudarem o que manda a lei maior e seguirem-na. Jà me deparei com este tipo de problema em vários eventos que organizei e foi super fácil resolver. Mas, sacomé, aqui quando o caboclo acha que é otoridade, ninguém segura.

  • Tinha uma possibilidade de correr com a marca Dolly na GT e fui negado. Motivo: O grupo petropolis produz os refrigerantes IT, que nao esta no evento.

  • Victor,
    Na nova categoria da Mercedes Benz, organizada pela SRO e que participará do mesmo evento da GT3 – Itaipava, os proprietários de veículos participantes serão obrigados a assinar um documento ( Contrato de Participação Mercedes-Benz Grand Challenge) que contem a seguinte cláusula:
    ” 5.4 De acordo com os contratos de exclusividade firmados entre os PROMOTORES e seus
    patrocinadores, o PARTICIPANTE poderá exibir tão somente as marcas de cervejas,
    energéticos, vodkas e bebidas alcoólicas mistas a base de vodka pertencentes ao Grupo
    Petrópolis durante a temporada 2011. Fica vetada a exibição de marcas de cervejas,
    energéticos, vodkas e bebidas alcoólicas mistas a base de vodka de outros fabricantes,
    bem como marcas de outras montadoras de automóveis (exceto Mercedes-Benz), de
    pneus (exceto Pirelli), comércio de pneus (Dellavia) e de lubrificantes (exceto Petronas
    Syntium) durante a programação oficial, a qualquer tempo e a qualquer título, tanto nos
    automóveis participantes como em qualquer peça indumentária dos pilotos ou mecânicos
    ou outros, bem como em acessórios nos boxes, etc. A inobservância deste artigo
    acarretará a imediata desclassificação da etapa e poderá gerar, a critério dos
    PROMOTORES, a não aceitação de sua inscrição nas etapas posteriores, sem direito a
    ressarcimento por perdas e danos.”
    Notem que a situação é bem pior do que na Stock Car, pois:
    a) a divulgação desta regra só ocorreu nesta semana e, quem já tinha contrato assinado com uma empresa concorrente dos patrocinadores oficiis está lascado;
    b) mesmo mostrando o contrato assinado com o patrocinador concorrente, permanecerá a proibição e
    c) ABSURDO: não há abertura nem para compartilhamento das marcas. Ou seja, se é concorrente, está PROIBIDO de divulgar a marca na categoria.
    Tenho bastante vivência no meio e confesso que estou surpreso com esta situação, pois, por ser apenas divulgada em cima da estréia da categoria, vai prejudicar um monte de gente.

    Será justo?

    Aproveito para comentar que nem todos participantes na categoria são ‘riquinhos” ou “filhinhos de papai” como muitos imaginam.
    Tem muita gente de posse no meio, mas tambem tem aqueles que dão duro para conseguir seu espaço e que estão ali buscando um espaço e precisam de apoio financeiro.

  • O que se esquecem, é que a Dolly é quem banca a conta da transmissão da Rede TV! Por isso tem que ter, independente de outros patrocinadores. Ou seja, nem contrato correto a categoria tem… tá tudo errado!

  • É isso que dá falar amem pra todos a toda hora… Agora tem que rezar e pronto..
    E quem é que recebe o dindim da petropolis? E quanto desse valor é repassado para as equipes?
    A associação pode checar isso Facinho

  • É tanta poluição visual no parabrisa, que saqui a pouco o piloto vai ter que enxergar através de um periscópio, tipo submarino.

  • A seta é pro gancho do guincho… Deve ter fiscal rebocando o carro pelo para-lamas traseiro e acabando com a frente do carro…

    • André, o 22 deve ser um adesivo que nem os que tem nos vidros traseiros de Táxi, deve ser com furinhos prejudicando pouco a visão. Os pilotos não deixaram colocar um adesivo nem a pau se atrapalhasse tanto.
      Abraços

  • Se chover, embaça e não dá pra ver.
    Se não chover, os adesivos cobrem quase todo o painel, também não dá pra ver.
    Que beleza.

    Mas tem rack pra levar prancha e antena AM/FM, o que é um plus a mais.