Hoosiers, 13

INDIANÁPOLIS | Bruno Junqueira é o segundo brasileiro que está fora das 500 Milhas de Indianápolis deste ano — mas por uma razão distinta da de Raphael Matos. O piloto, que a duras custas conseguiu uma vaga na prova deste ano ainda no Pole Day, foi tirado por causa da oferta que a Andretti fez à Foyt para colocar um de seus carros eliminados no grid.

Carsten Horst/Grande Prêmio
 

Em outras palavras, a Andretti comprou a vaga da Foyt, e Junqueira vai ter de engolir pela segunda vez em três anos a perda de seu lugar conquistado para a corrida. Ryan Hunter-Reay entra em seu lugar.

As regras da Indy 500 explicam que quem classifica é o carro, e não o piloto. Por isso, mesmo com a ‘aquisição’, a Andretti não vai poder pôr seu carro no grid, mas, sim, um piloto seu para o cockpit do #41.

Assim, a ‘Andretti-Foyt’ faz o que bem entender com o carro, em termos de pintura e patrocinadores.

Às vésperas do Pole Day, Junqueira demonstrou ao Grande Prêmio que estava pessimista quanto à sua classificação porque seu carro não tinha o mesmo desempenho que o do companheiro, Vitor Meira. “Meu carro está 2 milhas mais lento, mas a gente não descobriu o que é”, declarou, então completando: “Estou preocupado em ficar fora, sim”, admitiu. “Eu já vou ficar feliz se conseguir classificar.”

Mas chegou o sábado, e até sem sustos o mineiro encaixou uma sequência de voltas que lhe deu um posto na sétima fila. “Acho que nós encontramos a velocidade que queríamos. Foi melhor do que o esperado”, comemorou.

Só que veio o Bump Day, e com ele os primeiros rumores de que compras de vagas poderiam acontecer, apontando diretamente para sua cabeça. Primeiro, eram relação a uma eventual não classificação de Danica Patrick. Mas como tanto a pilota e Marco Andretti entraram no grid, as especulações foram deixadas de lado.

Hoje a informação surgiu quente nos bastidores da Indy de que a Andretti havia oferecido uma fortuna para a Foyt liberar seu lugar no grid e rifar Bruno. A confirmação veio pelo próprio piloto, no Twitter. “I got bumped”, falou, referindo-se ao termo usado quando alguém é tirado da tradicional prova.

Em 2009, Bruno passou pela mesma situação, mas o caso era mais intra-muros: então piloto da Conquest, o brasileiro havia entrado na prova, ao passo que seu companheiro, Alex Tagliani, não. Junqueira teve de ceder sua vaga. Acabou recompensado no ano seguinte, quando Tagliani, então piloto e chefe de equipe da Fazzt, chamou-o para o segundo carro do time.

Injustiça, mas faz parte do jogo por estar dentro das regras. Junqueira poderia assinar um contrato que lhe desse plenas garantias de sua presença na prova para que não precise roer o osso enquanto os outros comem a carne. Mas, principalmente, Michael Andretti poderia saber perder melhor.

Ou, pelo menos, ser ético.

Comentários

  • É por essas e outras que a Andretti ta uma baderna, um time sem estrutura, sem boas cabeças mas com muita grana pra fazer muita besteira e isto quer dizer, rumo a fundo do poço !!!

  • Corrida para americano ver, se faz em capítulos ? Como em São Paulo. O que valeu foi as corridas da Itaipava, GT-3 e 4. Amo automobilismo, desde 1958, quando fui a Interlagos levado pelo meu Pai.. Mas corrida para americano ver, sempre foi muito chata. Comprar vaga é demais.

  • Pelo jeito o Bruno assinou este contrato na base do “é assim ou nada” e ,claro, topou. Eu também toparia. Se acontece de ganhar a corrida vira herói e coloca o seu nome na galeria. É chato vê-lo deixar a prova desta maneira mas faz parte do jogo. De qualquer forma, ficou a certeza de que ele nunca perdeu a mão desta pista. O fato de, mesmo estando fora da categoria, ir lá, acertar o carro e se classificar para a corrida, prova seu talento. Talento certamente maior do que o de Mike Conway ou Ryan Hunter-Reay que, ao contrário de Bruno, trabalham com este equipamento atualmente e pelo visto não conseguiram descobrir junto a seus engenheiros uma forma de fazer o carro da Andretti andar mais rápido.

  • e os pilotos brasileiros seguem sendo rifados nas pistas ano passado tivemos o felipe não passa cedendo a primeira colocação para o alonso,e agora o junqueira sendo obrigado a ver a corrida como um mero espectador pela segunda vez é melhor fazer as malas e rumar para casa.é um regra perversa mais quem está lá sabe disso.

  • GENTE!
    A coisa funciona assim: o patrocinador chega e diz “Ah… não classificou!? Ok, encerra a conta aí que eu to indo!”
    Aí o cara vai lá chorar no colo do A.J.: “A.J., Se eu não por o rapaz pra alinhar no grid vou ter que deixar ele a pé daqui pra frente, O que podemos fazer?”
    O A.J. não pode ser culpado, a atitude dele nos FUD&*, mas ele fez isso pensando na Indycar, não foi só pensando em dinheiro e descartando o Bruno como se não tivesse valor nenhum. O A.J. é um cara correto quando se fala em corridas, pode ser turrão, teimoso, antiquado, pão-duro, mas anti-ético ele não é por que ele tem paixão pelo que faz. O único motivo para ele ter aceitado isso (acredito eu) seria para não deixar alguém a pé e enxugar mais o grid.

  • Foi bom para o Andreti que terá mais um carro no grid. Foi bom para a FOYT que ganhou uma graninha e foi ruim para o Junqueira que não vai correr.

    Mas ao menos para o Junqueira ficou de novo a sensação de trabalho bem feito. Se classificou com uma porcaria e certamente foi bem elogiado. Eu só não entendo como ele não consegue dinheiro para correr a temporada toda.

    Isso sim é uma vergonha. E essa é do Brasil.

  • Como cobrar ética da família Andretti. eles nunca foram éticos. Na época em que pai e filho corriam juntos, o Mario cansou de rodar na pista para provocar bandeiras amarelas e beneficiar o filho nas corridas. Aliás, adoro corridas, mas tá difícil acompanhar F1 e Indy sem se irritar com as manobras feitas nos bastidores ou no box. Não existe mais ética em nenhuma corrida, e quando tem, no caso da Red bull no ano passado, tem gente que ainda critica.

  • Conclusão: Na Indy não precisa ser bom piloto, basta ter grana para comprar uma vaga (coisa que em geral pilotos brasileiros não tem).
    E se aqui no Brasil a Indy já não animava muito nem dava grande audiência, com esta então de prejudicarem um piloto por causa de grana, agora é vai despencar de vez..

  • Se depois daquela palhaçada da marginal a Indy já tinha descido um degrau, agora caiu do precipício e estatelou-se no fundo. Raposas por raposas então, prefiro a F1 que tem mais “curvas”.

  • Eles foram éticos…dentro do contexto vivido por eles, claro. Mas que é uma sacanagem -e não por ser com um brasileiro-, até é.

  • É triste ver um piloto com a historia de A.J. Foyt fazer uma coisa dessas, o Andretti até entendo, afinal, ou coloca o patrocinador no grid ou fecha as portas, mas realmente não esperava que um icone do esporte a motor agisse dessa maneira. Não vejo problema com a regra, e sim com a forma que se aproveitam dela.

  • Hoje basta ter dinheiro, se não conseguir se classificar basta comprar a vaga de alguem, grande coisa esse bump day, so é ruim pras equipes com orçamento apertado, daqui a pouco a ganassi vai comprar 15 vagas e a penske as outras 15 e pronto problema resolvido.

    Agora o que acho que ninguem reparou é que a Andretti colocou o Hunter Ray e não o Mike Conway, que é o unico piloto da equipe entre os top 10, me parece muita burrice isso em termos do campeonato, afinal Conway não vai marcar nada e o Hunter pode nem sequer subir pro top 10 depois de indy.

  • Olha, podem xingar o que quiser o Michael Andretti, mas o vilão da história na minha opinião é o AJ Foyt.
    Michael só comprou a vaga porque o Foyt vendeu. Se o AJ fosse um verdadeiro esportista, nem cogitaria essa hipótese, pois SEU piloto classificou na pista SEU carro para a largada. Como deveria ser. Mas tudo tem um preço, inclusive honra e escrúpulos.

    Tenho muita pena do Bruno, aconteceu de novo! E ainda arrumou profissionalismo e estômago suficiente para “agradecer a chance”.

    Gosto muito da Indy, principalmente Indy 500, mas permitir esse tipo de manobra – de um lado o milionário inescrupuloso disposto a tudo, do outro a velha raposa com um fraco por $$$ – me dá nojo.

  • Se essa regra fosse da CBA ou da Vicar e sua Estoque, o tom do post seria outro. É uma regra igualmente esdrúxula, como as regras da Estoque. Então, que seja dado o mesmo tratamento…

  • O que se esperaria de italiano não é ? ou melhor, filho de italiano, ja que mario é de lá e tem uma má fama no circulo automobilistico

  • ABSURDO! “Quem se classifica é o carro”. Regra mais estúpida que já vi na vida. O carro vai SOZINHO fazer a tomada de tempo? Ou é a COMPETÊNCIA do PILOTO + bom ajuste da equipe quem consegue vaga no grid?
    Que eu saiba nenhum carro ali é autosuficiente, não anda sozinho.
    Bruno, tamos contigo, mermão.

    Quando começarem a vender vaga em grid da Indycar no E-Bay, me avisem. Vou arrematar e ir lá pilotar… Kkkkkkkkkkkkkk =P

  • Andretti de merda não teve competencia porque o acertador dos carros foi chutado da equipe e agora pra variar atrapalha outro brasileiro

    ANDRETTI DE MERDA

  • Na boa, em 1995 as duas (não sobrou nenhuma para contar a história) Penskes ficaram de fora e com (só) o Emerson Fittipaldi e Al Unser Jr. (Juntos tem 4 vitórias em Indy até então)…

    E o Patrocinador era a Marlboro, que botava muita grana…Não era uma Sun Drop ou uma DHL não…

    Nem por isso sairam fazendo caça às vagas para dar um jeito de por os dois no grid…

    Tudo bem que esteja nas regras, mas peraí, tudo tem um limite…a ABC deve ter pago por aquele carro do Bruno Junqueira também…Daí vc tirar um cara que classificou o carro a duras penas com a equipe para por outro, de outra equipe?? Passa a anos luz inclusive do episódio de 2009 com o Próprio Bruno e o Tagliani…

  • É triste, mas faz parte do jogo… Que tivesse feito um contrato melhor.
    Mas essa fortuna oferecida vem de onde? Da 7-11? Não foi por falta de grana que ele rifou o então “amigão” Kanaan?
    Garrinhas sendo mostradas… Derrubando a famosa e sempre duvidosa crença do “alegre ambiente familiar” na Indy.
    #todoschora

  • Se tá na regra é parte do jogo, mas é completamente antiético. Se bem que ética e automobilismo não têm combinado muito ultimamente…

  • Mas o carro #41 que vai ser ocupado por um piloto da Andretti vai com os patrocinadores da Foyt? Não né?

    Mas enfim, paciência, parte do jogo. A equipe precisa de grana e alguém apareceu com essa grana… não dizem que automobilismo sempre foi um esporte de quem tinha as verdinhas?

    Pois é.

  • Apesar de ser dentro do regulamento, essa palhaçada é completamente ridícula.
    Desse jeito pra que classificar????
    A incompetência de uns não pode ser castigo para outros!!!!

  • tudo esta dentro da legitimidade…..o senhor bruno junqueira deve e com certeza estava ciente disto…, ele assinou um contrato com o time e tenho certeza que neste contrato previa essa prerrogativa em favor do time….,entao….nao tem do que chorar pelos cantos,se contente em assistir a corrida dos boxes que é lugar privilegiado ou vá embora pra casa e faça como eu….assista na cama debaixo dos cobertores…..com uma gata do lado.