Hoosiers, 24

INDIANÁPOLIS | A força que Simona de Silvestro tem feito e mostrado impressionam. A melhor pilota do grid de largada em Indianápolis enfrentou um desafio maior para se classificar — e ainda traz as consequências dele, visíveis, nas duas mãos. As ‘luvas’ feitas com faixas por causa das queimaduras decorrentes do acidente da semana passada vão acompanhar a suíça na corrida de domingo. E pode ser que pendurem até para a próxima etapa.

Simona foi a primeira a se acidentar nos treinos livres em Indy. Não teve culpa: algo se soltou do carro, que foi parar no muro e de ponta-cabeça e provocou um ligeiro incêndio. “É a pior coisa que eu já passei na minha carreira”, admitiu De Silvestro, que só pensava na corrida. “Eu não tinha certeza se poderia voltar a guiar o carro na sexta-feira passada, mas voltei e foi tudo bem.”

A representante da equipe HVM andou com seu carro reserva sem atualizações e, mesmo assim, conseguiu se classificar no Pole Day. A dor só incomodou de início. “Aí a adrenalina toma conta”, contou. “É desconfortável, mas é só não pensar nisso. Acaba sendo mais mental e psicológico. Para ser um piloto de carros você tem de ser bem forte mentalmente, e já tenho de saber que vou lidar com altos e baixos durante uma etapa. Eu me julgo uma pilota forte mentalmente, e acho que muitos dos meus colegas não fariam o mesmo que eu, de bater, me queimar e voltar logo.”

“Mais nervosa olhando de fora todo mundo no treino do que dentro” na sexta-feira, Simona percebeu que seu acidente lhe trouxe mais apoiadores. No fundo, foi bem legal, porque as pessoas acabaram torcendo ainda mais por mim. Acho que, sem elas, eu não teria entrado tão bem no carro, e todo o time me apoiou e me deu força. Esse é o tipo de coisa que empurra você mais ainda”, declarou.

Saindo em 23º, Simona vê Indianápolis como todos os ovais. “São um desafio para mim porque nunca tinha corrido neles antes de vir para a Indy, e acabo correndo contra gente que tem muito mais experiência”, avaliou. “Além disso, estamos construindo uma equipe juntos, mas só tem eu lá. Depois de um ano, tenho um carro bem forte a cada fim de semana, e estou muito feliz por poder mostrar que somos competitivos.” A meta para a prova é “fazer o máximo de voltas que puder na corrida, e de forma confortável no carro”. “Se isso acontecer, acredito em um bom resultado.”

Sobre as marcas das queimaduras de segundo grau, Simona até fez graça. “Os médicos disseram que está muito bom, mas não me parece que estejam, não”, e riu. “E eles falam como os caras do time: é só trabalhar na direção certa que tudo resolve.” De Silvestro afirmou que “a pele vai começar a se normalizar entre 15 e 20 dias”, o que ainda pode fazer com que a pilota corra com uma proteção na etapa dupla do Texas. “Para Indianápolis, estas luvas vão ser menores, o que é muito bom para mim também”, finalizou.

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