Os circuitos rebeldes

SÃO PAULO | Alá mais uma bucha para Jean Todt. A tentativa de fazer da F1 uma ecocategoria está promovendo nos bastidores um novo racha. Mas desta vez não envolve equipes ou montadoras. A questão gira em torno da grande maioria dos circuitos que integram o calendário, que ameaçam romper ou não renovar seus contratos se o Conselho Mundial corroborar amanhã a ideia de reduzir a capacidade e a potência dos motores a partir de 2014.

O jornal inglês ‘Express’ vai às bancas na manhã desta segunda-feira com a informação de que 17 dos 19 organizadores de GPs — incluindo o do Brasil — concordaram em deixar de sediar corridas caso o WMSC ratifique a decisão tomada em Londres pela Comissão da F1 na última quarta-feira de modificar as especificações dos propulsores, reduzindo sua capacidade de 2,4 L para 1,6 L — mas com retorno dos turbos —, com seis cilindros em ‘V’ e giros no máximo em 12 mil rpm, num movimento da FIA que vai de encontro com as expectativas ambientais de redução de emissão de poluentes.

Os circuitos são diametralmente contra. Motores com menor capacidade vão cortar, e muito, o som produzido pelas unidades, e isso poderia provocar uma queda vertiginosa no público que vai aos autódromos. Como a organização só lucra com o dinheiro vindo das entradas, natural que se oponham à ideia, até porque pagam bastante para fazer parte da exclusiva patota de Bernie Ecclestone. De acordo com o ‘Formula Money’, este custo geral é de R$ 1,75 bilhão. A grana de propagandas, taxas e afins cai direto na conta da CVC.

O líder dos organizadores rebeldes é Ron Walker, da Austrália — que vira e mexe vê sua corrida ameaçada justamente porque dá prejuízo. Walker esteve na reunião na condição de representante dos demais colegas e lá expressou, por uma carta, seu descontentamento e dos outros 16. Os únicos que não entraram nesta queixa foram China e Coreia do Sul. Os circuitos querem pelo menos a manutenção das atuais rotações, 18 mil giros. “Nenhum país destes têm uma política contra a emissão de carbono”, e mencionou que se fizessem isso em seu país, “o governante seria demitido”.

A ameaça não é simplesmente deixar a F1. É integrar o calendário da Indy. “Ela daria seu braço direito para entrar nestes países”, provocou Walker. Aqui em São Paulo, a história seria de muitíssimo bom grado para os representantes da categoria norte-americana. Interlagos só não pôde receber Penske, Ganassi e companhia porque a F1 é praticamente dona do autódromo, via TV Globo — daí ter feito aquele circuito de rua beira-rio Tietê. Walker disse que está inteiramente respaldado por Monza e Monte Carlo, por exemplo. “Posso garantir 100% que eles não vão receber a F1 se acontecer.”

Segundo Walker, Bernie Ecclestone “apoia totalmente a posição dos circuitos” e jogou a bomba nas mãos do presidente da FIA. “É muito bom Jean Todt dizer ao mundo que nós queremos ser ‘verdes’, mas isso arruinaria o show porque o som é parte do negócio”, declarou.

Comentários

  • Esse cara tá doido da cabeça. Argumentação fraca. A curto prazo pode até estar certo, mas a longo prazo não. Imagina quantas montadoras se interessariam em participar se o motor for 1.6? e o turbo? o ronco de um motor turbo é bem mais bonito!

    E pra evidenciar ainda mais a falta de argumento: A Indy vai reduzir também o motor e introduzir o turbo, e tem colocado escapamentos que reduzem o som.

  • Onde está o dinheiro( custo) ? E ti direi a resposta. ECO ou plano da FIA de redução de custos a fim de viabilizar a categoria? O certo é que nesta faixa de 1.6 litros existem muito mais fabricantes de motores e ávidos por conquistar mais e mais montadoras de veículos. A F1 seria em fim uma excelente vitrine.

  • É bucha, o Bernie estar por traz, como ele perdeu o controle da FIA e das equipes, só tem agora os autódromos. E o que não falta é autódromo/país com tradição doido para sediar a F1 ex: França, portugal, Africa do Sul, Argentina, México, Austria, etc

  • Mais história para boi dormir. A Indy iria para qualquer um destes países no próximo final de semana se fosse oferecido, mas duvido que qualquer uma destas pistas (com excessão da Austrália) realmente deixaria de sediar a Formula 1 por causa do ronco dos motores. E que coisa ridícula essa regra de motores, sinceramente, a Formula 1 tá dando desgosto.

  • Depois que acabou o V12 da Ferrari nada mais importa. Aquele sim tinha um som único e inconfundivel. Eu o ouvi guiado pelo Prost.
    É bom ter mudanças pois muda o equilibrio de forças. Se nada mudar a tendência é so a Red Bull ganhar até 2015 (que é até quando vai o Newey lá – pelo menos). Seria um ótimo momento para a Ferrari ir desaposentar o Rory Byrne Aí ele trabalharia 2012 e 2013 no carro para em 2014 ter um carro excelente (não é em um ano que nasce um carrão) com um motor que se espera muito bom.
    A tendência é assistirmos um tetracampeonato (2014 muda o motor) consecutivo do Vettel e talvez nem o imenso talento do Fernando possa impedir nas circunstâncias atuais.
    Resumindo: Mudanças o quanto antes.

  • Duvido que quem vai a Interlago vá com a única e exclusiva intenção de ouvir o barulho dos motores. Então ninguém mais vai lá pra ver o Massa, a Ferrari, outros poucos ver Vettel, Hamilton e Koba-Mito darem show?
    Vou fazer de conta que acreditei… Contem a do lusitano agora!

  • Qual a rotação máxima dos Matra V12, o ronco mais bonito que já passou por uma pista?

    (ok, sei que eram 3 litros, mas já que estão dando ênfase para as rotações…)

  • É complicado entender as questões FIA X Bernie X Pacto de Concórdia X montadoras…

    mas…

    o movimento da FIA não estaria indo ao encontro das expectativas de redução de emissão de poluentes?

  • Parece que ninguém avisou os donos de circuitos que a Indy vai ter motores V6 turbo a partir do ano que vem… ou seja, vão trocar seis por meia dúzia, literalmente.

  • Sinceramente acho que o pessoal de “bastidores” da formula 1 está com falta do que fazer.
    A não ser que perdi algo nessa notícia toda, qual seria a grande diferença entre o que está proposto e, por exemplo, o motor de 1,5 L turbinado da Honda que o Senna usou em seu primeiro campeonato? Alguém lembra se era 4 ou 6 cilindros?

    Acho que ningu;em ficou fazendo biquinho por causa disso não?

    Enfim… cada uma…

    E concordo: Se estão falando de categoria ecológica, cadê o etanol? A Indy está muito mais esperta nesse sentido.

    Abs!

  • Seria até bom que alguns circuitos como Valência, Barcelona e Abu Dhabi realmente zarpassem da F-1.

    Aliás, acho que tudo isso não passa de bravata. Mônaco deixando de sediar a F-1? Conta outra….

    E que venha a F-1 dos turbos ecologicamente corretos, acho que o público tá pouco se lichando para barulho dos carros, eles querem ver é disputa na pista e de preferência o circo pegando fogo com batidas e motores estourando.

  • Dimensionem os escapamentos pra ficar barulhento, ué.

    A F1 sempre foi a vanguarda da tecnologia. Seria no mínimo bizarro ver uma frota de carros híbridos, elétricos e a células de hidrogênio rodando nas ruas, enquanto nas pistas a “high-tech” Formula-1 anda movida a tecnologia do século passado.

    Não é só barulho que importa. Pra mim o mais importante é ter corrida boa. Pode ser até de autorama.

  • Quando o principal não vai bem, começam a aparecer as controversias politicas pra tomar conta do assunto e deixar em evidencia aquilo que seria o principal…

    Na época das Renault chaleiras os motores eram turbo com 1.5 L, e a rotação era por volta do 13.000 RPM.
    E foi essa a época de maior encantamento mundial pela categoria. Todo mundo pagava pra ter a sua etapa no ano…
    Motivo é simples, tinha competição, e as regras eram menos restritas..
    Se o problema é o barulho, os carros da Le Mans a diesel não fazem tanto barulho. Esses carros os prototipos LM 1 são hoje mais apreciados pelos torcedores por várias razões relativas a própria competição….
    A F-1 sempre foi a meca da tecnologia, e a FIA deveria deixar ser assim e sem muita interferencia, principalmente a financeira.. A categoria viveria muito melhor sem essas interferencias estupidas que a gente anda vendo a torto e a direito ! Primeiro vieram os pneus que se desmancham com um sopro, depois a asa portaria, e o pior é a de ser proibido se defender de uma asa aberta o piloto que está sendo ultrapassado.. Ai deppois inventam essa de que em bandeira vermelha no grid os carros podem ser reformados…Na semana passada aquela conversa pra boi dormir de mapeamento e escapamento mais extrator de ar….
    Como sempre a politica vem pra estragar o que tá bom…
    Quanto a interlagos essa conversa de que a Fia e a Globo mandam no autodromo eu particularmente estou de saco cheio de ouvir isso…Mas também estou de saco cheio de perguntar pra todo mundo . De onde partiu essa conversa, e onde está e em que cartório esse “”documento de prioridade na posse”” do templo está registrado….
    Aquilo lá é publico, e do povo, e só vejam bem “”””só””” é administrado pela prefeitura, e já tá na hora de se rever essa posição…. Só pra falar mais um pouco sobre o autodromo:
    Se pelo que foi divulgado quem ADM o templo não pode mexer na estrutura deixada pela F-1 então eles são os responsaveis pelas mortes das pessoas lá, pois aquele muro do capeta está lá até hoje, não foi mexido nem um milimetro e o pior .. Está Abandonado, largado e no minimo precisando de manutenção na sua espuma… Daquele jeito que tá, é um monte de ferro, “Um enorme para choques a espera de mais um”” Não serve pra mais nada, e nunca prestou.. Aquilo foi um erro “Bestial” que os caras da CBA teimam em esconder… Mesmo que custe várias vidas… Aquilo é criminoso…

    Bom o Assunto é f-1, não é a politica da F-1… Pois é onde tem polica só tem puxa saco, gente querendo aparecer e muita merda no ar…
    E o meu assunto é mesmo o templo, que agora é vitima de politicagem safada e de nego que só quer arrumar um jeito de enfiar a mão na grana que é farta lá….E outra e o principal do templo é
    Ele, o templo não precisa de F-1 nunca precisou, tem evento lá se quiserem até de madrugada, o problema lá não é o de dindim… o problema maior é outro…..
    E bem safado!!!!

  • Agora as coisas podem complicar mesmo. As equipes estão aceitando meio que a contragosto.

    Mas no fim tudo deve ficar na mesma. Afinal este papo de ir pra Indy parece uma bravata, pois experiências anteriores mostram que essa transposição não deu certo para os ianques.

  • Interessante isso: Se nao diminuir os motores, perde o apoio das montadoras. Se diminuir, perde os circuitos. Sinuca de bico, ne?

    Mas se está sendo liderado por Ron Walker, ta me fedendo a maracutaia. O cara que lidera é de um dos GPs menos lucrativos da temporada e que mais reclama das altas taxas requeridas pela FOM. Nao que ele esteja errado em criticar essas taxas absurdas, mas se está vindo de alguem nessa situaçao, claramente quer elevaçao politica de alguma forma. E, por isso, acho que nao passa de mais um fogo de palha que logo vai amansar se alguem passar a mao na cabeça dele…

    E como disse o amigo acima: “Aham Bernie, senta la!”

    Grande abraço