Juntas e misturadas

SÃO PAULO | Pingou na caixa de e-mail na manhã de hoje uma nota da Vicar, promotora da Stock Car, assinada pelo presidente da citada, Maurício Slaviero, que reproduzo na íntegra:

Em respeito aos fãs, imprensa, patrocinadores, equipes e pilotos, a Vicar Promoções Desportivas S/A gostaria de informar que suas atribuições e da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) são totalmente distintas, e vem esclarecer o que segue:

– que a Vicar Promoções, como o próprio nome diz, é uma empresa que promove eventos esportivos, responsável pela promoção e realização da Stock Car e outros campeonatos do automobilismo brasileiro, gerindo as áreas comerciais e promocionais.

– que a CBA, entidade máxima do automobilismo brasileiro, é a responsável por gerir as competições no que se refere às questões técnicas e desportivas, tendo total gerência sobre as decisões dos comissários, diretores de prova ou qualquer outro oficial de competição nomeado e ou homologado por ela..

– que os vários serviços contratados para a execução das atividades de operar e fiscalizar as competições, tais como sinalização, resgate de pista e médico, todos os oficiais de competição (como diretor de prova, comissários, cronometristas, entre outros), são pagos pelas empresas promotoras para que estejam à disposição da CBA durante todo o evento.

– que todos os recursos físicos, tais como equipamentos eletrônicos, monitoramento das imagens de pista, instalações, mobiliário, safety car, medical car, carros de resgate, ambulâncias, carros pipas, varredeiras, etc., são também providos pelas empresas promotoras para atender as necessidades da CBA.

– que está claro que são de inteira responsabilidade da entendidade máxima do automobilismo brasileiro, CBA, as decisões tomadas pelos seus oficiais, tais como orientações, punições e resultados.

– que a Vicar sempre buscou uma postura parceira da entidade, procurando auxiliar em tudo que esteve ao seu alcance para que o resultado dos trabalhos fosse sempre os melhores possíveis.

– que a Stock Car é uma competição esportiva, assim como tantas outras, sendo que as empresas que as promovem não deveriam ser responsabilizadas por erros e acertos de decisões técnicas e desportivas. Será que as empresas promotoras dos torneios de futebol deveriam ser responsabilizadas por um pênalti mal marcado?

– que pilotos e equipes são filiados à CBA, e nesta relação têm direitos e responsabilidades, portanto quaisquer questionamento relativo às orientações, punições e resultados de pista deve ficar no âmbito da entidade e seus filiados. Não cabendo às empresas promotoras manifestarem-se sobre tais assuntos.

– que a Vicar, juntamente com equipes, pilotos, patrocinadores e demais parceiros, trabalhou muito para levar a categoria ao patamar de profissionalismo e prosperidade que hoje se encontra, principalmente se comparado ao que existia há alguns anos. Obtendo ótima visibilidade institucional, nunca antes alcançada no automobilismo brasileiro. Além disto gerando grande quantidade de empregos diretos e indiretos e a oportunidade para diversos pilotos profissionalizarem-se no automobilismo brasileiro.

Muito que bem. A Vicar esperou 25 dias e a véspera da etapa em Jacarepaguá para se manifestar depois de mais uma polêmica. Ao fazê-lo, deixou no ar um punhado de pontos. Primeiro que passou ao largo da grande questão: esclarecer. Para quem lê sua nota, chegando d’outro mundo, pouco entende qual é a intenção da empresa promotora. Faltou pontuar claramente que seu comunicado se dá em virtude das tamanhas contestações de resultados feitas por pilotos e equipes, originadas pelas decisões dos comissários, a mais recente relativa à punição aplicada em Campo Grande aos dois pilotos da Red Bull, Cacá Bueno e Daniel Serra, por um eventual excesso de velocidade nos pits.

Teoricamente, as atribuições da Vicar e da CBA deveriam ser “totalmente distintas”. Mas não o são, a gente sabe bem. Mas partindo do princípio de que Vicar é promotora e a CBA, executora das áreas técnica e desportiva, deveria exigir a promotora um melhor serviço de sua executora. Do jeito que está, a CBA acaba fazendo o trabalho inverso da Vicar, isto é, despromover o evento. Lá na F1, há comissários preparados e aparentemente isentos, que não carregam em suas decisões punitivas rancores pessoais, e um ex-piloto da categoria — de Emerson Fittipaldi a Emanuelle Pirro — para respaldo. Há um caminho interessante a se seguir, pois.

Como o comunicado da CBA sai em decorrência dos fatos de Campo Grande, vamos a eles: a questão toda originou-se porque o equipamento de medição da cronometragem apontou que Serra passou a 80 km/h nos pits e Cacá, a 137 km/h. Durante a corrida, ambos tomaram um drive-through. A telemetria da Red Bull apontou que nenhum dos dois superou o limite de 50 km/h. A empresa de cronometragem alega que não houve falha. A CBA diz que seus comissários apenas obedereceram ordens superiores. Convenhamos que não é preciso ser comissário para identificar que um carro passa a 137 km/h — alta velocidade — diante de si. Na hora, algum comissário alertaria à torre, por seu sistema de comunicação, que pode ter havido ali uma irregularidade, que seja. Mas indo ao ponto: a cronometragem é de responsabilidade da Vicar.

Foi a Stock Car quem contratou a Tag Heuer, que teoricamente responde pela cronometragem da categoria. Mas a empresa suíça apenas fabrica o software e fornece os equipamentos. Porque quem cuida, mesmo, da coisa toda é a Novo Tempo.

E aí a gente busca num passado não muito distante alguns fatos que envolvem bastidores: a Novo Tempo entrou na Stock Car depois de anos e anos de serviços prestados pela Cronomap de Aldo Pastore. A Cronomap só deixou a categoria no fim de 2009 porque houve um rompimento com Nestor Valduga, presidente do CTDN, braço da CBA. Valduga que, digamos, indicou a Novo Tempo, pelos serviços que a companhia prestava lá na gaúcha FGA.

As atribuições podem ser “totalmente distintas”. Mas CBA e Vicar seguem indissociáveis e, da forma que as coisas vêm acontecendo, com isenção de responsa, não vão fazer gol nem com pênalti mal marcado ou sem goleiro.

Comentários

  • Resolver isso é simples, contratem a CET para operarem os radares. Com certeza não haveria falhas… pelo menos do ponto de vista deles.

  • hahaha ela promove eventos e espetáculos de circo tb né…..hahahaha
    Porque não assume logo que a cronometragem é da Vicar e que vcs erraram. Muito mais bonito para os fãs do que ficar tirando corpo fora…….afinal nem VETEL passa com MEDIA de 140 km/h nos boxes.
    Esse Slavieiro não vale 1 centavo….
    É uma pena que uma categoria com um potencial desses fique na mão de pessoas sem qualidade para mante-la.

  • Só discordo no negócio da Fórmula 1. Essa imparcialidade de ex-pilotos não existe. Uns dias antes do Herbert ser comissário, ele deu declarações negativas ao Schumacher. O Fittipaldi deu declarações negativas sobre o Hamilton. Em Mônaco o ano passado, o Damon Hill decidiu uma penalização ao Schumacher. Ex-piloto não é certeza de imparcialidade. E se pensar em Stock Car, que tem suas “familias” do automobilismo brasileiro, já dá pra imaginar a bagunça que seria. Ia ser um tal de Tarsos penalizando Gomes, Speraficos penalizando Buenos, etc etc.
    André / Piloto no http://www.f1bc.com

  • Nenhuma empresa séria daria esse tipo de resposta: “…não fui eu, então não tenho nada a ver com isso…”
    No mínimo deveria reconhecer que houve o erro e dizer que tomaria as devida providências para que o erro não acontecesse novamente…
    Pelo menos é assim que devo agir no meu ambiente de trabalho, mas lá trabalhamos com seriedade.

  • Acho que o Zezinho o verdadeiro já falou quase tudo. Faltou que os comissários são uma piada. as decisões são do Valduga e ponto final. Os que não servirem aos interesses deles são simplesmente retirados e pronto. Como pode um Presidente do CTDN receber o salario que recebe da CBA e ainda faturar uma nota preta da Vicar. onde está a imparcialidade que deveria existir. é imoral, amoral e ilegal. e ninguém faz nada. e nós temos que ainda ler uma nota como essa da Vicar. é dose. e vc Vitor na matéria acima deu mais uma aula. parabéns

  • Todo mundo conhece ‘a capacidade’ do Mosquito em fazer ‘c@g@d@’ quando se fala em cronometragem. O cara não sabe nem ligar um computador direito. Fora que o equipamento da Chronelec é um lixo, de qualidade duvidosa.

  • Zezinho (o 1º)

    Arrumei um xará aqui no sul, espero que meu xará tenha a mesma seriedade que a minha e utilize o espaço para trazer notas verdadeiras e contribuir com o site em seus questionamentos.

    A nota da Vicar vem comprovar o “racha” que existe na atual gestão CBA, o boneco do ventrilogo já provou e comprovou que veio para festejar e cuidar da parte festiva da CBA ou seja queimar a grana que todos nos contribuímos direta e indiretamente quer nas filiações quer com a presença nos eventos, uma vez que ela, a CBA, fatura de todos as formas.

    A Vicar foi citada pelo REI VALDUGA em diversas conversas como sendo a patrocinadora da candidatura do boneco do ventrílogo o que ouvi também de outras pessoas ligadas a gestão do Scaglione, o que justifica a presença do piloto Paulo Gomes na diretoria da CBA, afinal ele foi ou é parceiro do Carlos Col (quem manda na stock) e o REI VALDUGA teve seu emprego garantido tanto na CBA quanto na Vicar.

    Pelo o que a gente tem acompanhado ao longo dos últimos 20 anos (afinal não sou tão velho assim) o automobilismo rasgou seus estatutos e as atividades que deveriam ser dos CLUBES passaram a ser das FEDERAÇÕES e estas por sua vez, por total falta de infra estrutura, algumas até nem existem fisicamente, transferiram a responsabilidade para os promotores a troco de uma grana que invariavelmente, aqui no sul, nunca foi contabilizada, ia direta para o largo bolso furado do REI VALDUGA. Há quem diga que ele tinha sociedade com o “DEUS” gaucho e hoje estariam se estranhando.

    No resto do Brasil temos noticia que as federações também recebem suas taxas e liberam geral para os promotores que deitam e rolam mediante pagamentos de miseras taxas que afrontam os estatutos das próprias federações e se satisfazem com migalhas deixando de cobrar o preço justo e oferecer o serviço correto com técnicos especializados que deveriam fazer parte do corpo de comissariado das entidades, seria legal um levantamento de quantas e quais federações tem um Conselho Técnico formado e funcionando.

    Quanto a Vicar, acho que ela é 70 % culpada por tudo o que vem ocorrendo em nosso automobilismo pois se infiltrou dentro da CBA controlando o CTDN com seu funcionário o REI VALDUGA, elaborando os regulamentos sem que o mesmo tivesse a aprovação de um CTDN pois o mesmo o não existe. Para comprovar e só entrar o site da própria CBA e conferir que o REI VALDUGA é soberano e responsável pelos regulamentos irresponsáveis que foram elaborados pela VICAR, e o que é pior conseguiu deixar duvidas quanto a seriedade do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DA CBA no “acordo” feito com piloto pego no exame anti dopping, o Tarso Marques. A HISTORIA FOI MUITO MAL CONTADA .

    E o autódromo do Rio ninguém falou mais nada. Se bobearem a FAERJ vai ser mais uma federação com kart e rally, pois a pista eu acho que ja foi pro brejo.

  • Se o promotor paga tudo, porque a cba cobra taxa anual das categorias? Alguém me responda pois aqui no Sul ninguem sabe para onde cai o dinheiro da cba.

  • Oba temos um contrato !!!!!!

    – que os vários serviços contratados para a execução das atividades de operar e fiscalizar as competições, tais como sinalização, resgate de pista e médico, todos os oficiais de competição (como diretor de prova, comissários, cronometristas, entre outros), são pagos pelas empresas promotoras para que estejam à disposição da CBA durante todo o evento.

    Tá escrito lá na materia…

    Só falta saber onde está !!!!!!