Senna, 25 anos atrás

SÃO PAULO | Ontem à noite, a TV Cultura aqui de São Paulo — e a TV Brasil para o país todo — reprisou uma entrevista feita com Ayrton Senna no fim de 1986. Era o ‘Roda Viva’, no velho estilo do protagonista sentado no centro e envolto de especialistas e uma bancada de espectadores.

Estavam no programa Galvão Bueno — vestido à Castor de Andrade —, Reginaldo Leme, Claudio Carsughi e o apresentador Rodolpho Gamberini — ambos estão iguaizinhos hoje —, Marcelo Rezende — sem seu “corta pra mim” — e Castilho de Andrade. Sobre este último, quando chamado a perguntar, Senna fez um comentário: “Lá vem bomba”. É o maior sinal de que Castilho era jornalista em sua essência.

E o programa mostra gerações bem claras de jornalistas e pilotos, quando comparado com o que se vê hoje. Quanto ao primeiro grupo, basta dizer que a amizade com o entrevistado tem pesado para um nivelamento por baixo… E dificilmente se vai encontrar um competidor na ativa que diga abertamente o que sente e a realidade por completo porque são muitas as mordaças que lhe são impostas, principalmente em tempos em que falar abertamente representam corte de patrocínios e/ou multas. Nós mudamos.

Evitando falar em (seus) salários, apesar de amplamente cutucado na questão, Senna disse que à época um piloto de time de ponta ganhava em média entre 3 e 4 milhões de dinheiros americanos e que “metade do grid paga pra correr”. Também, que esteve muito perto de correr pela Ferrari em 1987 — e que era seu sonho ir para a equipe italiana — e que a aerodinâmica dos carros se sobrepunha ao talento dos pilotos. Lendas foram quebradas, entenda-se. Ainda, Ayrton foi questionado sobre a segurança na F1 e a morte.

Mas a frase que mais me chamou atenção foi essa: “O brasileiro tá acostumado, em termos de futebol e automobilismo, a ganhar. Quem tá acostumado a comer caviar não quer arroz e feijão”. Longe de ser profeta, a afirmação de Senna, 25 anos depois, é uma total realidade: o interesse do povo aqui no esporte, somado ao que ele se transformou nestas terras, é uma curva descendente.

Em tempo: em São Paulo, a Cultura só marcou 1 ponto no Ibope.

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Comentários

  • Interessante é q na entrevista ele já é tratado como uma realidade, n uma promessa. Ele fala com confiança e convicção exemplares. Um cara inteligente e fiel às suas idéias. Nunca o havia visto falando de Ferrari, uma pena q n pôde encerrar sua carreira nela, certamente por lá respeitariam mais os brasileiros… se bem q a questão de trata-los como escudeiros só existe pq a geração de Massas e Barrichelos n faz jus a história q os antecedeu.

  • PERAÍ!!!! 1 ponto na TV CULTURA é TOP!!!!! Ninguém assiste o canal 2……. Não é assim que se mede as coisas….. Se a entrevista fosse reproduzida na GLOBO, daria 40 pontos de IBOPE….. Quanto ao Senna, dá para notar que o cara era um NACIONALISTA de carteirinha, e foi um dos maiores embaixadores do Brasil, senão o maior (Junto com Pelé)….. Quanto ao piloto Senna, há que se reconhecer que numa volta lançada, não tinha pra ninguém…. Em termos de velocidade pura, o Senna sem dúvida nenhuma foi o piloto mais rápido que a F1 já viu…… Agora o Senna, assim como todos os grandes da F1, teve suas qualidades, mas também cometeu seus deslizes….. Não aceitou o Dereck Warwick como parceiro na LOTUS, ou seja, barrou a contratação do britânico para não tomar “fogo amigo”, e depois reclamou pois o Prost fez a mesma coisa com ele em 92 na WILLIAMS, quem trabalhou com o Senna sempre dizia que ele era um carinha dificil, perfeccionista ao extremo, mas Senna nunca foi um grande acertador de carros. O negócio do Senna era sentar na barata e sentar a madeira no da direita….. Aí sim tudo virava POESIA!!!!!!! Quando Senna ia para um qualifying, todos sabiam que vinha uma obra prima de volta….. O cara era um GÊNIO!!!! Mas convenhamos, Prost era muito mais celebral, corria com uma tabela de pontos numa mão e na outra uma calculadora, o francês era perfeito em táticas vitoriosas de corrida, o Piquet foi o grande GÊNIO da compreensão da mecânica de funcionamento de um F1, sendo o melhor acertador de carros que a F1 já viu, mas verdade seja dita…… ninguém é capaz de superar a FLYING LAP do Senna…… Ele foi o mais rápido piloto que a F1 já viu, não o melhor, mas indubitavelmente, O MAIS RÁPIDO!!!!!!!!

  • Acho que esse Senna nunca deu uma entrevista de fato!!!! Tudo era planejado e programado. O cara parece um robô, perguntas pré arranjadas e respostas prontas. Nunca gostei desse cara!!!!!

    Criação da Globo e do Galvão. Até namorar a Xuxa ele aceitou… Credo!!!!!!!!!!

    • Tem gente q perde a oportunidade de ficar calado! Acha isso mesmo mané, já assistiu as outras entrevistas dele? Vai ver era o Galvão q pilotava pra ele tb né?? Vc gosta de quem, do Massa, do Barrichello? Ahhh tenha paciencia!

  • Foi muito legal ver as pessoas mais jovens. O Galvão tinha dentes horríveis, o Reginaldo era feliz, o Gamberini já era elegante, o Castilho não era vesgo mas já era um pentelho, o Carsughi não deixaram falar e o Resende já era burro e metido. O melhor foi ver o verdadeiro Ayrton, solto, brincalhão, rápido nas respostas muito diferente do tri-campeão morto oito anos depois, um sujeito sério, que demorava para responder perguntas e só falava pra torcida com aquele discurso decorado de padre. Veria de novo várias vezes.

  • Victor, falar que 25 anos depois as coisas sao iguais é ignorar a historia que aconteceu durante esses anos. De la pra ca, duas coisas tiveram mudanças: durante os 90, a maioria dos pilotos NAO ERAM PAGANTES. Alias, os pagantes eram fracos e todos sabiam o pq de estarem naqueles carros, sejam estes bons ou ruins. Outra foi uma exagerada valorizaçao do esportista como um todo. Sim, pq eu pelo menos, JAMAIS pagaria 80 milhoes de euros por um jogador de futebol, muito menos 40 por um Schumacher.

    Vi apenas um trecho da entrevista, ate pq ja sabia o que seria falado, nao houveram novidades no que ia ver la. Mas a ideia da Cultura foi otima. Poderiam ate repetir outras entrevistas antigas, com gente que tinha atençao para elas.

  • Vitor, lembro da 1º vez que pasou essa entrevista, e se não me engano não é a 1º reprise dela.

    Ela mostra bem como disse que desde daquela epoca a TV criava idolos, sendo esses muito maiores que verdadeiramente eram, e com a morte do Ayrton ainda em atividade numa corrida ao vivo, claro foi beatificado.

    Ela mostra como bem resaltou que a F1 sempre foi assim, ou seja, pilotos pagantes, e poucos que recebem pra correr, seja pelo talento ou pela midia que pode trazer.

    A diferença basica é que naquela epoca, sem internet, tv a cabo, sistemas automaticos de gravação, os pilotos podiam falar algo a mais, coisa que hoje é impossivel, um bom exemplo é o caso do radio do Felipe na ultima prova.

  • Essa de Brasileiro só querer ganhar acho meio pesado demais , afinal quem não quer??
    É um esporte! Nele todo mundo luta pelas vitórias !
    Isso no mundo inteiro !
    O que tá errado e o que fazem sempre, ridicularizar quem não ganha.. E vão pra cima dos que já ganharam um dia !! Não sabem preservar os feitos…
    O interessante é ver a global fazer uma propaganda do GPde F-1 deste ano usando justamente aquilo que já estamos falando a alguns anos… De que o Brasil e o Brasileiro está vivendo apenas do que foi a F-1 no passado, com os nosso campeões…
    Usam o Bruno,enchem a bola do cara e misturam as imagens da atual lotus e as cores do capacete, com as do Senna!! Isso pra mim é até safadeza da globo… Tá certo que o Bruno tá indo bem coisa e tal.. Precisa de um tempo pra se ajeitar, e se as coisas não sairem como tenta propagar a emissora o povão vai cair em cima do piloto..
    Vão começar as gozações as piadinhas e tudo o mais…
    Ai fica a bronca toda só pro piloto, a emissora com os lucros faceis.. Infelismente é assim o “”modus operandi”” dos publicitários dela…
    Falta imaginação, e se apegam no mais fácil…
    Já vimos muito disso, com o Emerson, com o próprio Piquet, e mais um montão de pilotos…
    Para o Bruno é importante demais não entrar nessa, afinal hoje ele está indo para a sua terceira corrida com um carro de verdade mas mesmo assim mediano…Tem que ter quilometragem, não oba oba…
    A Globo podia ter usado outros argumentos, como por ex: A fantástica temporada da Red Bull, as emoções que o nosso “”Templo”” oferece!!! Fazer uma bela promoção para angariar publico pagante, oferecendo algum desconto ou brinde.Sei lá!! Outras coisas que certamente chamariam a atenção do torcedor !! E ainda podia ter feito uma projeção do que pode vir a ser a carreira do piloto…Usar a mídia para incentivar !!! Não oferecer algo que é praticamente impossível e o povão cobrar depois….
    A culpa desse declive que vai nosso automobilismo, cai em mais da metade em termos de porcentagem pela forma com que a Confederação Brasileira tem tratado o automobilismo.. Aliás ela é hoje a maior inimiga do esporte a motor no Brasil…
    Mas tambem acho o texto muito interessante e depois de tanto tempo super atual…
    Eu mesmo, não gosto de perder, fico pê da vida, quando acontece e não me acostumei até hoje, embora perco muito mais do que ganho…
    Verdade também quando diz que mudamos!!
    Será que mudamos pra melhor ou pra pior???
    Certamente o País mudou pra pior, trata pior hoje seus filhos do que naquela época…
    ……………

  • espetacular
    postei ate no face, ali sim é o verdadero senna, sem a imagem de heroi/hetero/santo/brasileiro q a familia e a rede bobo passa pras novas gerações
    ali mostrou como o senna era sacana tb, a mesma coisa q o shummy/alonso faz de ser ele o único 1° piloto ele tb fez na lotus, nas outras equipes podem na “dele” não
    como ele tb utilizou sua amizade com o galvão pra determinar ele como brasileiro correndo pelo brasil e o piquet como estrangeiro
    até baixei do you-tube pra mostrar pros amadores q ñ viverem tal epoca
    espetacular

  • Falem o que quiser, mas Senna não era assim, se fosse não teria feito o que fez, mesmo em tempos sem poluição nas pistas com degradação de pneus de hoje em dia.

    Ayrton, o tio da velocidade além dos limites, era o que foi, e hoje em dia não teria sucumbido a tudo isso que está aí, devastação, fome, pobreza e tudo mais que seu instituto combate com ações simples e eficazes, mas que em nada tem a ver com os nosso bolsos, como se fosse uma gorjeta que Galvão deixa num de seus restaurantes caros que frequenta em Mônaco, a mesma cidade que Senna bateu em 1988 e cujos guard-rails não ficam na calçada após o evento como na Indy de Saõ Paulo, das enchentes e violência nas ruas, essa esburacadas e com piche demais na mistura asfaltica desde o tempo de Jânio, o ex-presidente que renunciou e causou indiretamente o golpe militar que Brizola, sempre ele, foi contra e desagradou a Rede Globo, redonda que só.

    Mas a entrevista foi na TV Cultura, hoje sucateada e sem ibope, cuja medição é posta em dúvida pelas TV´s, as mesmas que apoiaram Senna e transmitiram seu féretro em 94, ano do Plano real que não por acaso estabilizou a economia a custa de numa mais ter um brasileiro em condições de ser campeão desde então.

    Valeu a pena? Pergunte ao Borba Gato, que sabia como as coisas eram desde os tempos das Bandeiras e flâmulas que tremulavam sobre a mata Atlântica hoje dizimada.

    É…