A hora

GRAVATAÍ | É hora de vir tudo. Aquela coisa toda que provoca essa divisão de tópicos no pensamento, e quando a gente sai do lugar comum, pensa-se em lá e aqui. É lá e aqui. Lá pode ser qualquer lugar, até mesmo o outro plano, então dá pra entender bem o que é aqui.

É gente que a gente pensa e que pensa muito na gente. Ela pensa, certeza. Ela escreve. Ela reproduz, e bem. Ela fala lá e falaria aqui. Só que quando ela fala, ela não quer dizer muita coisa porque ela tem muito a dizer. E a gente fica nisso, questionando e se questionando, entre as perguntas indiscretas e as respostas certeiras, como se tudo isso fosse os dois botões ao lado do play. E são dois dedos, e o negócio equaciona de forma bem simples: ela aciona o fast forward e a gente pensa em apertar o rewind. O que resulta é o pause.

É bom parar e pensar na outra linha. A gente devia parar de pensar tanto assim. E aqui a gente acaba pensando muito, tipo na diferença do lá e aqui. Parece que não há diferença para quem está aqui, e amanhã tá tudo bem, e amanhã a gente vai pra lá, e tenta por um tempo esquecer de tudo como se fosse um refugo, e depois a realidade volta, e a gente volta para o lugar comum, e a gente volta para a virtualidade, porque parece que a virtualidade é mais real.

No lugar comum, a gente vai ver o que foi tudo, a gente tenta lembrar o que sabe que não vai lembrar e mesmo assim questionar e se questionar, a gente põe na balança tudo que lembra e quer a resposta, a gente vê a diferença do lá que vira aqui e do aqui que é lá. A gente vai ver os dois lados e todos os lados e vai ver se tudo vale a pena.

A gente vê se vale a pena, a gente aperta o rewind porque não sabe ou nem quer ousar apertar o fast forward. E a gente se questiona se é hora de vir tudo.

É realmente a hora?

*Texto originalmente escrito para o Malvadezas, mas a Carolina Mendes me demitiria.

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