Terra do Grimaldi, 2

F1-Monaco-Monte-Carlo-Mark-Webber-Red-Bull-.jpg" alt="F1 Monaco Monte Carlo Mark Webber Red Bull" width="391" height="260" />SÃO PAULO | Destas ironias da vida, do esporte e qualquer área: logo o piloto que achava essa coisa de vencedor distinto ruim vai e me ganha a corrida. Logo em Mônaco, o crème-de-la-crème. É claro que no mundo de Poliana, aplicado ao que diz, Webber deveria ter aberto passagem para Rosberg ganhar a segunda no ano e pensar no bem da F1 e do automobilismo. Mas o australiano, óbvio, marcou seu nome na história – não só pela conquista em Monte Carlo, mas por ser justamente o cara responsável pelo recorde do ineditismo dos primeiros lugares numa temporada.

A vitória de Webber foi bem tranquila principalmente porque não choveu. Aliás, a meteorologia na F1 é praticamente uma astrologia. A France Météo deve ter cartomantes, videntes e leitores de borra de café em seu instituto. Porque vai prever mal lá em Paris, meu. Das últimas vezes sempre foi isso: “chove em 4 minutos”, “garoa prevista para 10 voltas”, “cusparada de São Pedro avaliada em πr² de hora”. E é bem capaz que as equipes tenham definido* suas estratégias com fé católica no que diziam. Era praticamente impensável apontar que a tática de uma parada fosse a base, ainda mais pelo alto desgaste dos pneus Pirelli.

Neste cenário, cada um fez o seu. Webber e Rosberg não foram lá muito ameaçados no início de prova. Hamilton, terceiro, meio que não sabia muito o que fazer – talvez a McLaren tenha aplicado o ‘laissez faire’, faz o que der na telha, e meio perdido, não foi pra cima e nem se preocupou muito com Alonso, que fez um primeiro trecho de prova cauteloso, poupando pneus. Massa até chegou a perguntar via rádio, “por que Fernando está tão lento?”. Talvez seja o fato mais curioso do ano, outras destas ironias da vida. Daí Fernando resolveu acelerar, livrou uns bons 3 ou 4 segundos para Felipe, foi para os pits e, no vaivém, pulou pra terceiro. É assim que age um baita campeão.

Mas não é uma crítica a Massa, não. Diante do que fez no ano, Massa guiou o fino em Monte Carlo. Andou na toada da negada da frente e até tinha carro para superar Hamilton, por exemplo. Seria uma disputa-resgate do ano passado, mas nada ocorreu demais. Na real, não tinha muito o que fazer. A chuva não veio, e Mônaco foi a procissão de sempre.

Sobre Hamilton, também vale uma menção igual a Button. A McLaren tá perdida. O que ela erra nos pits com Lewis é uma festa. É que não se tem notado muito isso por estas bandas porque ele é apenas um inglezinho. Jenson, então, engatou uma trinca de péssimos desempenhos. Hoje, em homenagem explícita ao semiconterrâneo Coulthard, viveu 57 voltas atrás de Kovalainen, imbuído do espírito de Bernoldi. E Jense, lorde, foi reclamar. Pra tirar o cara do sério é porque o negócio tá feio. Não simplesmente por uma ou duas fechadas de Heikki, mas no fim das contas, a McLaren é hoje o que a Ferrari foi no começo do ano.

Vettel. É assim que age um baita campeão. Camarada largou em décimo e partiu com os pneus macios, os duros da vez, para fazer um primeiro trecho maior que os demais, com supermacios. E mesmo depois que todos calçavam compostos novos, andava mais rápido que os rivais. 45 giros naquele ritmo, e depois que foi aos boxes, quase pegou pódio. É um campeonato tão sortido quanto caixa de bombom, mas agora que dá para perceber bem quem são os pilotos, Alonso e Vettel vão se destacando. Favoritos? Provável. O ritmo de Webber é, por ora, interessante. Mas não dá pra confiar nele.

Di Resta e Hülkenberg sempre beliscam uns pontinhos aqui e ali. Hoje se valeram dos abandonos de Schumacher e Grosjean, que se acharam na largada — Romain fez do pseudopole uma laranja e abandonou; Michael teve problemas no meio da corrida — e da má aparição de Raikkonen. É uma dupla forte que precisaria de um carrinho melhor. A Force India errou na forma do bolo esse ano. Kimi terminou em nono, se arrastando, e Senna fechou a zona de pontos, reclamando da estratégia — a Williams errou feio ao fazê-lo parar junto com Raikkonen —, mas meio feliz pelo pontico. Maldonado foi o avesso do avesso do avesso de Barcelona: só fez cagada.

E o Mito, coitado, que sofreu com Grosjean de Polainas e deu um jump à la National Kid na Sainte Dévote. Nem pôde mostrar seu repertório na corrida. Punam Grosjean com la guillotine. E Pérez, que espetáculo esse rapaz. Volta mais rápida, foi passando meio mundo lá atrás e ainda chegou em 11º, com muita astúcia e sem priar cânico. Os bons deviam segui-lo.

Próxima prova é em Montreal, onde sempre acontece uma fuzarca nos resultados. A McLaren sempre anda bem lá, principalmente Hamilton, que ainda tá na seca. A chance ainda é grande de termos um novo vencedor. Sétimo no ano? Raikkonen, Pérez, Kobayashi e Grosjean são candidatos. E o Massa de Mônaco também pode sonhar.

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