Terra do Bukit Timah, 4

F1 Grand Prix of Singapore" src="https://victor-martins.grandepremio.com.br/wp-content/uploads/2012/09/152623814-1024x685.jpg" alt="" width="496" height="331" />SÃO PAULO | A sequência dos resultados das últimas provas de Hamilton em pontos é quase cabalística: 25-0-4-0-25-0-25-0. É bem provável que a próxima dupla de números seja 4-0. Assim, Hamilton está fora da briga pelo título. Os números não mentem. Zoeira à parte, como as coisas mudam, não? Luisão vinha todo faceiro, controlando a corrida notívaga com certa tranquilidade, até que seu câmbio, como um filhote de pelicano faminto, abriu o bico. Hamilton não sabia se tentava engatar a marcha ou se socava a borboleta. Pior que perder uma prova é ter de ouvir via rádio um discurso da equipe, sorry, você é ótimo, você é tudo na minha vida, meu grande amor, vem ser minha menina, mas não deu, e tudo mais. E como o que o inglês não tem mostrado muita paciência com a McLaren para renovar o contrato, digamos que a Mercedes ficou bem contente com o abandono.

E teve quem sorriu mais ali na garagem da equipe-montadora das três pontas quando Schumacher repetiu o feito do ano passado e atropelou um rival por perder a freada. O coitado de hoje foi Vergne. O mais velho dando no mais novo. Fosse no Brasil, seria cadeia. Enfim, se a Mercedes quisesse justificar a demissão de Schumacher, usaria Cingapura como exemplo. Michael não consegue dirigir à noite. E Vergne foi digno: podia chorar e acionar o Estatuto da Criança e do Adolescente. Deu um tapinha em Schumacher num sinal de que acontece.

Bom, sem Hamilton, deu Vettel. Normal. Poderia não ter dado se Button o tivesse acertado na relargada do primeiro safety-car. Jenson foi mestre ao desviar. Depois reclamou, mas é tão lorde que sua queixa parece um convite para o chá. Button não ameaçou Vettel, que não foi ameaçado por Maldonado enquanto o pobre esteve em pista, e só uma tentativa de briga entre o venezuelano e Alonso foi o que de melhor se viu nas primeiras posições. Raikkonen, sempre incisivo e pontual, definiu bem: “Uma corrida chata”.

E para nossa alegria, mas ao contrário, terminou ainda por tempo e não pelas voltas. Só derrota. E Alonso? Ia ficar lá em quinto e herdou o pódio com os abandonos de Hamilton e Maldonado. O espanhol é o ser com maior cauda do reino animal. Vai ser largo lá em Oviedo. Apesar de ir controlando a diferença ali na casa dos 30 pontos, a Ferrari tem com que se preocupar. O carro está bem longe de acompanhar o ritmo da Red Bull e da McLaren.

O negócio em Cingapura se baseava no duo desgaste de pneus-presença do safety-car. Quando a Ferrari deixou Alonso em pista com pneus usados e os rivais partiram para calçados novos tão logo Karthikeyan proporcionasse a entrada do SC, parecia que a tática se mostrava errada porque o espanhol teria de partir para um trecho de mais de 20 voltas com aqueles compostos macios (amarelos), algo que só a Sauber tinha tentado com Pérez e Kobayashi. Além disso, as Force India estavam logo atrás, andando bem e recém-saídas dos pits. Mas Di Resta nem chegou a ameaçar. E Hülkenberg perdeu posição para Webber e depois foi para os boxes no segundo SC e depois foi atrapalhar a vida das Sauber lá no fim do pelotão. Ou seja, como diria o outro, até que teve mudança de posição no restante do pelotão.

E nisso, os brasileiros tiveram boa aparição, para delírio de Brasilino Pacheco. O melhor momento foi quando eles se acharam na pista, ali na parte daquele palacete suntuoso. Massa, com carro bem melhor, foi espremido, perdeu o controle do carro, retomou e ainda superou Senna. Era uma disputa pela nona posição de dois pilotos que começaram a corrida no fim: Bruno, com a punição por ter trocado de câmbio, largando em 22º, e Felipe com problemas depois da primeira volta, caindo para último. No geral, uma boa impressão de ambos. Senna acabou abandonando nas voltas derradeiras e Massa ainda pegou mais um posto, o de Ricciardo, para terminar em oitavo.

Mas o melhor da corrida estava fora dela: Allan McNish. Não aplicou uma puniçãozinha sequer durante a prova, enquanto comissário. Deveria ser chamado pro resto da temporada.

Adendo: depois da corrida, Webber e Schumacher foram punidos. O primeiro, injustamente; o segundo, OK. Mas o festival de reprimendas sempre sapeca alguém.

E Glock, 12º, coloca a Marussia na frente da Caterham no campeonato. Tem quem diga que é consequência do comando de Mike Gascoyne na equipe verde e amarela. Não deixa de ser verdade, não. Mas só o fato de mencionar as qualidades e fracassos de Gascoyne, a involução da Caterham e o resultado da Marussia, inexpressivo num todo, é um sinal claro de como foi a corridela d’hoje, destoante do resto do ótimo campeonato.

Alonso salta para 194, com Vettel reassumindo o segundo lugar, 29 atrás. Raikkonen ainda aparece ali, 45 menos. Hamilton despencou para quarto, 52 abaixo. Faltam seis corridas, e ainda os 11 primeiros ainda têm chance de título. Oh!, até Massa, que precisaria vencer todas e torcer para que Alonso não marque mais de sete pontos. Mas na real, nem Webber mesmo brinca mais de ser campeão. Raikkonen está ali pela constância. A Lotus não tem e não terá carro para tal. Vettel e Hamilton precisarão se ajudar a partir de agora, como partidos políticos aliados, para tentarem eliminar a barreira que os separa de Alonso. Uma barreira com uma espessa cobertura de sorte.

Comentários

  • Caro Victor, a Red Bull não está melhor do que a Ferrari…está melhor só em pista mais travada.
    Tanto que, das últimas corridas, só foi melhor na Hungria e Cingapura. Ferrari foi melhor na Alemanha, Spa e Monza.
    Pensando nas provas que faltam a Ferrari tende a ser melhor do que a Red Bull na grande maioria..só Abu Dhabi se assemelha mais a um circuito travado.
    Ou seja, o problema de Alonso é realmente a McLaren de Hamilton, com um carro melhor em qualquer tipo de pista. A Ferrari vai ter que achar alguma vitória nesse caminho.

  • Se o Massa ganhasse esse título fariam uma estátua e colocariam no lugar do Cristo Redentor. Mas, claro, pura utopia, ou, cientificamente, só está na conta por pura estatística.
    Daí, só Hamilton, Vettel e Alonso ainda podem pensar em 2012. O resto vai brincar de carrinho até o final do ano e pensar onde vai estar, ou se vai estar em 2013. Webber só é campeão nesse ano num universo paralelo. Button, idem. Kimi, mesmo que tenha alguma vontade, não tem carro, e nem vai ter até o final do ano, vai brigar no máximo pelo vice, o que é possível. E o resto é o resto.

  • No futebol a gente fala que soh pode elogiar o juiz depois que o jogo acaba, senao ele faz merda. Na F1, ateh depois que acaba o juiz faz merda. Punicao ridicula para o Schumacher……