Anhembindy IV, 3

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ANHEMBI | Já surgiram vários trocadilhos lindos durante o desenrolar desta classificação, mas nada como a produzida pela própria organização, que premiou Hunter-Reay, piloto DHL, com um prêmio Sedex! “É 10”, ironizou Renan do Couto, espoleta. Tem algumas situações que não são muito favoráveis à Indy, realmente, e quando o populacho fala em várzea, às vezes não está errado, talvez na maioria das vezes.

Por exemplo: o populacho e o modo como a TV trata o evento. Tanto durante os treinos livres quanto no classificatório, a Bandeirantes revezava absurdamente as imagens em pista com as das arquibancadas, só para os VIPs com canapés chiques e bebidas requintadas e os não muito felizardos que estiveram no concreto puro aparecerem pulando e dando risada. Muitas das situações eram muito falsas, como se houvesse um Liminha da vida — e houve, segundo Rodrigo Berton — determinando que as macacas de auditório compusessem a cena. Como espectador, não interessa em nada ver as gentes que estão numa prova de automobilismo, ainda mais cortando em cima de incidentes ou situações que são totalmente mais interessantes na pista.

Outra situação: o grupo 2 do Q1 foi afetado por uma bandeira vermelha no fim da sessão, coisa de 3 minutos para o fim, com Jakes parado lá perto do acesso à Marginal e fora do carro. A bandeira vermelha foi acionada, mas o cronômetro não parou. O fato prejudicou claramente os pilotos da Penske, que não puderam fazer voltas rápidas. Power, o rei absoluto, o cara que liderou os dois TLs do dia, que era amplo favorito à pole vai largar em 22º, quatro postos atrás de Castroneves. Peguei o media guide da Indy para verificar o porquê de o tempo correr durante a classificação interrompida. Não há menção ao fato a não ser da punição ao cara que provocou a paralisação.

Para efeitos práticos, então, a direção de prova inventou essa regra. Que, se existisse no papel, é absurda do mesmo jeito. Não tem o menor sentido um piloto ser punido por não ter feito nada.

Às atividades: Viso (como?) liderou o G1 do Q1 e Simonão (oba!) bateu rapa no 2, gerando com os outros dez o Q2. O venezuelano passou ao Q3, mas a moça, não. Pecado. Kanaan foi o único brasileiro da segunda fase em diante, já que Bia também ficou a ver navios na primeira parte. Terminou em 16º no casamento dos grupos. Sua melhor classificação no ano e tal, mas de novo bem longe de Wilson, o Epaminondas, que vai largar em nono. A srta. Figueiredo não está andando bem, a verdade tem de ser dita. O fato de ter treinado pouco com este carro não é desculpa para o desempenho que vem tendo. Uma comparação simples: Vautier, estreante, anda pelo menos no mesmo ritmo de Pagenaud, revelação do ano passado e com larga experiência no esporte. Tristan fez feio só neste sábado, quando bateu três vezes, mas quebra a balela de que a cara Bia é prejudicada pelo tempo restrito no cockpit da Dale Coyne.

Kanaan representou bem o público vibrante para as câmeras ao terminar na frente o Q2, um resultado muitíssimo além do esperado diante da sua situação quase maneta. Tony sente muitas dores por conta do acidente em Long Beach, que lhe gerou lesões em três tendões e uma dor de cabeça para o resto da temporada. Mas lá foi Tony lutar pela pole com Hunter-Reay, Franchitti, Viso (hã?), Hinchliffe e Dixon – recordista de presença no Q3, 37 no total (70% das vezes). Só que a Andretti tem imposto derrotas seguidas na rapa. O atual campeão conquista sua primeira pole aqui no Brasil, com Ernesto (ploft!), também Andretti, ao lado. TK é quarto, ao lado do amigo Franchitti.

O reinado de Power no Anhembi tende a acabar, mas sua recuperação na corrida certamente há de ser um dos pontos altos. A Penske vai ter de trabalhar numa estratégia maluca para evitar que seu australiano se desgaste e perca tempo durante as ultrapassagens, apesar de o povo considerar a pista anhembística relativamente fácil às trocas de posições. Enquanto isso, Hunter-Reay tem de torcer para que Viso não se empolgue e dê uma de Pica-Pau de Polainas – o venezuelano sempre anda bem em SP – e parta para cima. A previsão de chuva durante a corrida não existe, só mais para o fim da tarde, o que garante uma prova com menos bandeiras amarelas. Ou não, como diria a formanda esperta.

Deve ser uma tarde divertida. A Indy, apesar dos pesares, é legal de cobrir e acompanhar. É humana, cheia dos erros, como nós.

Comentários

  • Finalmente alguém falando francamente que a Bia tá ruim demais! Acho que por conta de todo o esforço dela pra conseguir correr, as pessoas desenvolveram muita simpatia e torcida pela Bia e isso está gerando certo constrangimento agora que é hora de admitir que “pois é, ela é ruim pra kct, né, vai ver a dificuldade toda era porque ela não merecia mesmo um cockpit”.

  • Até tentei assistir ao treino,más devido a chatice do narrador em ficar de 30 em 30 segundos falando o hispânico e ridículo nome desta prova eu desisti pois já não tenho mais saco para aturar este tipo de coisa(O remédio pode curar ou matar dependendo da dose,a rede de transmissão deveria pensar nisto!Essa repetição continua e desnecessária pode trazer antipatia as marcas insistentemente repetidas.Sabemos que ela anda de pires na mão,mas tem de ter simancol,pois a maioria dos telespectadores não é tão idiota como eles pensam,sera que não tem ninguém de bom senso em seu departamento de marketing!)
    Outra coisa que seus narradores deviam fazer, era não quer criar tanta expectativa com os pilotos brasileiros que como temos acompanhado a quase duas decadas,muita promessa e pouco resultado,seria melhor aguardar do que se queimar!

  • Outra coisa: a impressão que tenho com a transmissão da “Band” é de que só corre brasileiro na Indy… Precisa dar aqueles “closes” de câmera intermináveis no Kanaan enquanto ele está parado nos boxes e tem carro na pista fazendo tempo? Todo mundo sabe quem é Tony Kanaan: segundo a definição da “Band”, o “piloto-sensacional-que-mesmo-machucado-vai-correr”. Legal. Mas quem é Ryan Hunter-Reay, o cara da pole? Fica a impressão que nós, telespectadores, somos obrigados a torcer pra um brasileiro. O que a “Band” tem que entender é que a Indy só vai ser valorizada no Brasil quando ela for apresentada corretamente; por exemplo, fica difícil dar crédito pra uma transmissão onde nem o narrador e o comentarista conhecem as regras do esporte, entre outras aberrações.

  • A Indy é uma categoria muito legal, mas tem cada bobeira que nos faz perguntar se os administradores pensam minimamente no que eles divulgar. Como pode ter treino e não existir cronometragem setorial e exposta na televisão? Isso é o que faz os treinos livres da F1 serem legais. E é uma coisa tão óbvia…

    Outro problema são as animações, que continuam restritas àquelas expostas sobre a tela, que são ótimas para corridas, mas péssimas para treinos. E isso é uma entre várias coisas – além da regra absurda mensurada – que precisa mudar. Aliás, vocês jornalistas podiam falar com os organizadores sobre (e também sobre a demora na remoção dos carros), pois se não perceberam isso com quatro anos ela sendo disputada por aqui, vai ser difícil que do nada algo mude para o ano que vem.

    No mais a categoria está muito bem. Na pista não há o que reclamar: há pilotos de todos os gostos e alguns muito bons, caso do Power e do Ryan Hunter-Reay; e o novo carro e os motores – que tendem a ficar mais diversos ano que vem – dão uma tônica toda especial. Se tivessem mais capricho, seria mais legal que a F1 e uma porta mais do que excelente para os pilotos brasileiros.