Los mossos y las mossas

SÃO PAULO | A gente vinha frisando há muito tempo, na manhã de hoje no horário de Brasília, depois da voltaça de Hamilton no Q2: a Mercedes vem para as cabeças. E não deu outra: Rosberg na pole.

Tem uns aí que chegaram a dizer outras coisas minutos antes, meio bocós… Enfim, adiante. Mercedoca escondeu o jogo bonito do resto. Não pagou de bonitona e dona da bola durante os treinos livres, dominados por Ferrari e Red Bull (Vettel), para aparecer só na segunda parte da classificação, no minuto final, quando Lewis fez 1min21s0qualquer coisa e colocou 0s6 na rapa. Ali estava a chave do sucesso, que parecia nas mãos do inglês, mas o alemão companheiro roubou-lhe lindamente.

Ou seja, como diria o outro, fomos todos enganados o tempo todo. Pútridos e alvíssaras.

É difícil, na real, falar dessa Mercedes que engata a terceira pole seguida, algo que não acontecia havia 58 anos. Que ela está mais bonita com este tom de prata, está. Mas que as semanas que separaram o Bahrein da Espanha também tenham servido para o pessoal da bela viola trabalhar no conteúdo – entenda-se o melhor funcionamento dos pneus sem degradá-los abruptamente. Na China, Hamilton viu sua pole se esvair em três voltas, enquanto Rosberg levou uma a menos para começar a despencar no grid, até chegar em um esquisito nono lugar.

Aí a gente pega a declaração dos dois pós-classificação. Rosberg já veio com o papo de cautela e desafio; Hamilton soltou que a vitória é irreal. O que indica que o pão-borracha deve continuar bolorento.

Vettel sorri. Räikkönen, idem. Os dois vêm logo atrás no grid. Sebastian, aliás, ficou meio inconformado de não ter feito a pole a ponto de ficar petrificado olhando para o monitor dos tempos o tamanho da naba que levou. Mas se a Mercedes o fez durante o fim de semana, por que não fazer um jogo de cena também? Quanto a Kimi, nada que reclamar, visto que a Lotus tem um ótimo acerto para a pista de Barcelona, onde foi bem nos treinos de pré-temporada. “Ah, mas era a pré-temporada, estava frio e tudo era diferente”. Verdade. Mas os resultados em termos de tempos não são muito diferentes. E o carro aurinegro vai muito bem, obrigado, em corrida.

Alonso é só o quinto na grelha, terceiro na prática. Raramente perde posição na largada, então a meta é clara: jantar um dos seus principais adversários logo para não perder tempo atrás dos mercedianos. Massa ficou 1 milésimo atrás do companheiro, mas só larga em nono, devidamente punido por ter atrapalhado Webber – um dos beneficiados com a queda de Felipe no grid; os outros são Grosjean e Pérez (uia!). A queda é um horror para o brasileiro, já que vai ter pelo menos dois carros, a Red Bull 2 e a Lotus 2 como empecilhos. E considerando seu histórico de começar bem e ir pra trás, o prospecto para Massa ou aponta as posições finais da pontuação ou nem isso.

Pérez, depois do choque de realidade que levou, começou a andar melhor que Button, desanimado 14º hoje. A McLaren mudou, mudou, mudou e não mudou muito. Di Resta sai em décimo com uma Force India levemente mais atrás no fim de semana. Como a equipe lida bem com os pneus na corrida, pode se recuperar – Sutil, inclusive, em 13º. As Toro Rosso andaram direitinho e não passaram por pouco para a fase final. São outras que se dão bem em ritmo de prova. Podem ir enchouriçar Massa. Pobre Felipe.

A Sauber é um engano, só não maior que a Williams, pole no ano passado e 17ª com Maldonado – que ganhou um posto com a outra punição, a do limítrofe Gutiérrez. E Van der Garde se postou à frente de Bianchi. A Caterham deve estar com 114 cv a mais, não é possível. Ou trocaram o ventríloquo ali dentro do cockpit e ninguém reparou.

Palpite? Dá Vettel em Granollers/Montmeló/Barcelona, numa análise racional, mas para o campeonato seria legal se desse uma das Mercedes ou Räikkönen. Aliás, é sempre legal quando Kimi vence. É quando ele faz da vida algo prazeroso: o encontro com a champanhe para a posterior festança noturna.

Comentários

  • Eu sempre acredite que a Mercedes não poria seu prestigioso nome numa mera aventura,para chegar ao dominio como nos anos 50 é só uma questão de tempo,hoje dominio nos treinos,daqui a uns GPs tambem na corrida,é só aguardar para confirmar.

    • Schumacher também acreditou e não funcionou muito bem pra ele rs. Sinceramente, é questão de aguardar quanto tempo? E será que quem paga a conta está disposto se a coisa continuar não evoluindo? A equipe nunca foi um vexame em classificação, mesmo com o Schumacher, mas nunca andou bem em corrida. Pior: a distância está aumentando, agora está um fenômeno na classificação e uma aberração na corrida. O constrangimento de Rosberg e Hamilton na coletiva de sábado era visível, nunca vi uma dupla de primeira fila tão desanimada, os dois sabiam que estavam pagando mico ali. Vi muita gente zoando que Hamilton já tinha mais pontos que Schumacher na temporada toda, mas ele tem mais ou menos os pontos que Schumacher teria nessa fase se não fossem todas as quebras que teve nas primeiras corridas. Em começo de ano, quando tá todo mundo se achando, a Mercedes sempre consegue alguma coisa, em todos os anos. O problema é que depois que todo mundo já se achou ela continua cada vez mais perdida. O Hamilton, que tava todo animadinho achando que tinha feito ótimo negócio, agora já deve tá percebendo que está sim na merda.