Os últimos atos de Bernie


SÃO PAULO
| O anúncio da volta da Honda à F1 como parceira da McLaren serviu como impulso para Bernie Ecclestone esconder dois fatos delicados e que pesam contra si, um particular e outro de interesse da categoria.

Entusiasmado com o retorno da velha parceira japonesa, o chefão da categoria usou seus veículos preferidos na Inglaterra para pressionar as demais que ultimamente saíram e jogou no ar um possível movimento de Toyota e, principalmente, BMW. Os bávaros já negaram categoricamente e continuam concentrando seus e$forço$ no DTM e no automobilismo americano, sequer pensando em Le Mans, que dirá tornar à F1.

Até porque é fácil pensar: que fontes tão próximas Ecclestone teria com uma montadora já tão distante a ponto de cravar sua volta à F1? Jogar ao léu é um esporte de que gosta tanto quanto seu brinquedo de carros.

A declaração de Ecclestone vem depois da notícia do GP de Nova Jersey, que envolveu Long Beach, promotores, dinheiro e promessas, e com isso, o dirigente vai tentando chamar as manchetes para outros assuntos diferentes daqueles que o envolvem num sério caso de propina e corrupção — elevado ao patamar de intimação judicial e possível julgamento ainda neste ano — e das demais montadoras que vão elevar os preços de seus motores a patamares não mais imaginados nestes tempos que deixam sete equipes com os pires nas mãos.

Bernie já não governa a F1 como um monarca absolutista e divide suas responsabilidades com um grupo seleto e de confiança que deve assumir a F1 tão logo o bilionário falte. Nos próximos meses, Ecclestone enfrentará duas batalhas que a saúde pode ajudar a debilitá-lo: ter de enfrentar tribunais e uma condenação que acabaria com sua reputação e os chefes das montadoras, costurando novos acordos que até podem resultar na compra de chassi de outras equipes para que os custos caiam.

A grande mudança que a F1 prepara para 2014, com a introdução dos motores de 6 cilindros em V e o retorno do turbo tende a ser o ato final que Ecclestone, 82, vai acompanhar de perto para passar o bastão que já lhe cai como um fardo.

Comentários

  • A possibilidade de compra de chassis e de motores geraria uma interessante situação, pois poderia colocar equipes de fábrica brigando com equipes independentes e, até mesmo, uma Mclaren/Mercedes brigando com uma Mclaren/Honda, por exemplo. A F1, quando não era um clube tão fechado, já vivenciou essa experiência e era muito legal, quando uma pequena equipe independente batia as oficiais. O mesmo ocorria com a Indy, na época dos chassis Penske, Reynard e March, que podiam ser impulsionados por meia dúzia de motores de diferentes marcas.

  • Essa de não permitir o uso de chassis de outras equipes vai contra ao que ele mesmo pregava 35 anos atrás. As maiores categorias do mundo vendem chassis e não há nada de errado nisso. Isso é até bom pra elevar o nível de competitividade sem matar ninguém por custos. Até a poderosa Penske comprou chassis num passado próximo!

    Ele fez muito pela F1, mas tá na hora de passar o bastão. Pra alguém mais esperto, antenado no mundo e, principalmente, que pense menos no próprio bolso.