O manifesto

SÃO PAULO | A imagem da câmera aérea da Paulista com a tropa de Choque em linha cercada por outros policiais e carros com suas sirenes ligadas na frente do bar que charmosamente frequento dificilmente vai se esvair da memória. A principal avenida de São Paulo – e, portanto, o centro comercial do país – lembrou os conflitos para os quais até já damos de ombro quando são exibidos em Cabul, Damasco, Cairo ou Istambul. Mas São Paulo não foi invadida por americanos, não tem conflitos religiosos históricos ou um governo pretensamente ditatorial e nem pensa em destruir seu principal parque. São Paulo é conservadora, estado e cidade, em que as classes maiores torcem o nariz para a ascensão das que vêm abaixo, e procura se conservar porque sente que a violência, de certa parte decorrente desta disparidade social, aumenta e bate à porta onde quer que esteja. Nestes anos bem depois da ditadura, São Paulo se acostumou a viver sob em estado de tortura sem uma polícia devidamente preparada para defender o seu povo. O povo se adaptou quase que por mimetismo.

Analisando friamente, é até normal que salte aos olhos a dimensão que estes protestos têm tomado. O paulistano, e o brasileiro de forma geral, não está nada habituado em reivindicar seus direitos de forma contundente. O país, aliás, é o último da América Latina a ver seu povo nas ruas lançando-se à luta. Quando o faz, é atabalhoado, e no caso de uma capital cuja população amarga anos e anos de fúria contida e remexida, a violência vem no estalar dos dedos face às primeiras ameaças como característica de animais atávicos. Porque todos somos estressados por natureza e abastecidos com uma série de casos que nos rebelam e indignam diariamente, de atos do governo a ladrões que tacam fogo em suas vítimas.

A manifestação da terça-feira passada e as primeiras desta semana reuniram um grupo predominante de jovens que partiu para o confronto com esta polícia aí e, em nome dos 20 centavos a menos no transporte público, destruiu justamente aquilo que defendia. Ali havia atos claros de vandalismo, por mais que os militares fossem seus espelhos; é como imaginar que, protestando pela saída de Marco Feliciano, agrida-se o tal deputado. Daí não ter sentido algum que o patrimônio público deixasse de estar à disposição não só daquele grupo queixante, mas por todos. Mas aqui e ali começou a se ouvir que tipo de infiltrados existia nestes revoltosos.

Esta quinta-feira foi elucidativa. Pedido de tantos, finalmente os eventos organizados em redes sociais passaram a ser reais e ganharam corpo, não sendo apenas compartilhamentos das fotos e postagens orgulhosas dos pseudomanifestantes. Ao reunir um lote considerável da população, veio à tona a revolta dos outros tantos que até podiam concordar com o aumento da passagem do transporte, mas que estavam aderindo a um grupo que tomou iniciativa contra este modelo de governo. Porque todos esperamos que alguém tome a iniciativa por natureza com medo de lutarmos sozinhos e pagarmos o preço ácido da derrota.

Os cartazes não se referiam somente à volta ao preço anterior das tarifas, mas pediam que a polícia ou atue como agente defensor ou que permita o livre direito do grito e da passeata. No centro velho no Viaduto do Chá, as pessoas foram se reunindo. Só que, enfim, o tom era civilizado. Dos jornalistas Elio Gaspari e Bruno Bonsanti a outros tantos que vimos na velocidade das tuitadas, todos in loco, as informações eram uníssonas de que a paz era severamente recrutada. Houve quem a desrespeitasse – o fotógrafo de CartaCapital, o cabeludo que foi visto apanhando de cinco milicos, deu com a câmera fotográfica no capacete de um deles; as cassetadas foram evidentemente desmedidas. Mas tirando como exemplo os colegas, sete da Folha de S.Paulo, outro da CartaCapital e um do Terra apanharam e/ou foram detidos. Outros tantos tiveram de se virar, no exercício de seus trabalhos, para não pararem em DPs. Fica impossível contar com precisão as centenas que sofreram com as balas de borracha, o gás lacrimogêneo e os demais aparatos intimidatórios. Quem tinha vinagre era inimigo figadal do Estado, e o neo-DEOPS tratou com o rigor antigo.

O manifesto de hoje era tão válido e diferente que não se ouviu falar destruição de lojas ou bens públicos – apesar daqueles cinco ou seis que foram pichar o ônibus. Enquanto as TVs abertas e seus apresentadores sensacionalistas e mutantes registravam o protesto, a polícia tentou se conter; assim que os programas acabaram, o Choque chegou e a repressão tomou conta da Angélica, da Consolação, da Augusta e do destino final. Tantas foram as imagens dos despreparados borrifando pimenta nos olhos dos outros e algumas seguiam mostrando populares ajoelhados com a mão para cima, rendidos, porém alvos dos mesmos. Se muitos não conheciam a polícia que tinham, dizer prazer é meio antagônico. Mas não muda muito disso, e como também não está preparada para uma situação dessa, fez da Paulista aquela praça de guerra com tanques e balas. O vandalismo mudou de lado, e o vídeo a seguir é taxativo.

http://youtu.be/kxPNQDFcR0U

Quanto aos caras que deveriam evitar o celeuma, o dia também foi esclarecedor. Não que se esperasse outra coisa do governador Geraldo Alckmin, que fugiu para a Baixada Santista para comemorar os importantes 250 anos de José Bonifácio e dar o aval para tocar a Ponte Pênsil em São Vicente, passando ao largo do caos no Twitter como se não se tratasse do estado que teoricamente toca. O prefeito Fernando Haddad, então, mostrou-se um omisso de marca maior; dizer na calada da noite que se tratou de uma força desproporcional da polícia, meu caro, é só ir na óbvia opinião comum que é feita por eleitores, não pelo comandante da cidade. Seja qual for a corrente política ou partido, a conclusão também é clara de que estamos fodidos na mão de quem tende a reforçar esta polícia ridícula. E quanto à polícia, por fim, esta quinta mostrou a polícia de quinta.

E igualmente ridícula é a postura dos jornalões desta terra que apoiaram declaradamente em seus editoriais o reforço policial com rigor – o conservador Estadão – e um inimaginável agendamento de manifestações para que o povo se programe, como se fosse construído um ‘protestódromo’ – a suposta e falsamente moderna Folha. Estes veículos que ainda são considerados por estas otoridades quando lhe convêm deram o aval para que os militares fossem bater em seus próprios repórteres. A salafrária Veja teve a capacidade de tratar os manifestantes desta noite como vândalos, omitindo que um dos seus jornalistas também foi vítima. Porque é fácil opinar em nome de seus veículos sem dar a cara a bater agora. Difícil é ir trazer a notícia no fronte com risco de levar borrachada.

Continuo sendo totalmente avesso a qualquer ato que provoque destruição à cidade ou culmine em violência. Mas com a vida severina que se leva aqui nas mãos deste modus operandi, a explosão do povo, no fim das contas, encontra plena razão. Que haja protestos todos os santos dias a partir de agora, organizados e pacíficos, com cada vez maior participação, e que durem o tempo que for preciso – o desta sexta-feira já está marcado, com hora e lugar. Estes grandes filhos da puta não podem sapatear na nossa cara. Estes grandes filhos da puta têm finalmente de nos ouvir, mudar, honrar o resultado do trabalho destas milhões de gentes honestas e dignas, das várias classes, credos e ideologias. Estes grandes filhos da puta já nos sugaram até o último fio de paz e vontade de permanecer nesta cidade, e nunca houve um momento tão propício nas últimas décadas para tirar a paz deles e brigar até o fim, nesta Revolta do Vinagre, para que a nova ditadura morra e não deixe raízes.

Estes grandiosos filhos da puta têm de nos dar as plenas condições de tranquilidade para beber a santa cerveja à noite no nosso bar. E a câmera aérea da Paulista há de registrar.

A foto saiu no G1.com.

Adendo: o vídeo definitivo do que foi esta quinta

Comentários

  • Ei pessoal, eu vi a Rosemary do Lula na manifestação em NY. Ela estava fazendo compras, carregando várias sacolas de lojas chiques e por curiosidade se incorporou aquela turma de brasileiros festivos, tudo muito chique.
    Bem, se não era ela, me desculpem, era uma perua bem parecida com a ex-primeira amiga do ex-presidente.
    Lula cadê a Rosemary???

  • Quem realmente está promovendo estes protestos?
    O que realmente estão reenvidicando nestes protestos?
    O povo realmente sabe o que estão protestando?
    Já que estão protestando, porque não param o rodoanel e as rodovias paulistas p/ baixar o valor dos pedágios?
    Já que estão protestando porque não se concentram em brasilia em frente ao congresso p/ implantar o imposto Único, p/ todos os produtos e serviços?

    Já que estão protestando porque não se concentram em todas as secretarias de saude do pais pedindo um bom atendimento médico e o fím das filas?
    Já que estão protestando porque não se concentram em todas as secretarias da educação do pais pedindo um ensino básico de qualidade, s/ estas malditas escolas particulares que desvia toda verba das escolas públicas?
    Com veem estas manifestações não resolvem, pois são manipuladas em beneficio de alguns.

    O Brasil c/ lula e Dilma melhorou muito, nenhum politico da atualidade fariá melhor, porém se não implantarmos o imposto único e desburocratizarmos tirando as empresas das enormes cargas tributárias não coseguiremos avançar.
    A anvisa e outros orgãos controladores e certificadores deverão ser mais ágeis reduzindo o custo do implante de novos produtos.
    Como viram não é c/ bagunça que colocamos um pais nos trilhos, necessitamos de diretrizes e muita organização.

    Eu disse organização e não ONGs, estás assím como as religiões deverão ser estintas.

  • Este texto foi um dos melhores que lí até agora. Infelizmente muita gente aproveita as manifestações para depredar o bem alheio, de quem não tem culpa do que está acontecendo. Eu não gostaria de ter o meu carro depredado porque um filho da puta que eu não ajudei a eleger está fudendo todo mundo. Tem algo errado neste conceito. Eu gostaria mesmo que o povo fizesse o melhor tipo de protesto existente, totalmente pacífico e eficiente, que seria o votar direito. Ora, se sabemos que “nenhum”, mas nenhum político mesmo presta, por que eles são sempre reeleitos? Se a merda está lá é porque foi eleita, escolhida pelo povo para estar lá, e por isto perdemos o direito ao protesto, pois nós os colocamos lá. Gostaria que fosse feita uma campanha pelo voto nulo, isto sim, seria um protesto de verdade. Não vamos votar no “menos pior”, se só tem filhos da puta não deveríamos votar neles, afinal como saber o grau da “filhadaputice”. Pensem bem.

  • É ISSO MESMO PESSOAL!!! AGORA VAI!!! Finalmente vamos as ruas lutar por algo digno, e vamos continuar para concertar os País! Lutando contra os Mensalão e a PEC37!!!
    Ops, esqueci, o mensalão ficou muito complicado para acompanharmos e nem sabemos o que é PEC37… Vamos esperar o aumento do Metrô então!

  • No clássico livro de George Orwell entitulado 1984 tem uma passagem onde o jornal, que é controlado pelo Estado, dá uma notícia em um dia e diz exatamente o oposto no dia seguinte e as pessoas aceitam, sem notar a manipulação.

    O protagonista fica indignado com isso e quando li achei que o autor tinha forçado a barra com essa situação. Mas vendo a capa da Folha de ontem e a capa de hoje eu percebi que isso realmente pode acontecer. E é nesse contexto que os policiais passarem de heróis a vilões e os manifestantes de vilões a heróis. Não tem bonzinhos nessa história toda, todos estão defendendo o que julgam certo da maneira errada e a gente aplaudindo quem a imprensa acha que devemos aplaudir.

    Não estou aqui defendendo ou atacando especificamente os policiais, os manifestantes, os jornais, os governantes, as empresas de ônibus, os donos das agências bancárias destruídas, os ninjas, as bruxas, ou qualquer um que queira se meter nessa história.

    Só reforço o meu ponto de vista: Todos estão defendendo o que julgam correto, o que é louvável, mas TODOS estão fazendo da maneira errada. Eu espero que o protestos continuem, que algo aconteça, que o governo passe a entender que precisa escutar o povo, assim como o povo aprenda que somos nós que estamos no poder e não os governantes.

    Mas espero que isso aconteça da maneira correta, sem feridos em qualquer um dos lados envolvidos.

    • Concordo com você, mas ainda penso que a única maneira do governo entender é votando nulo, não reelegendo nenhum político filho da puta. Eles estão lá porque o povo quer, simples. Quando tivermos 50% ou mais da população se recusando a votar nestes bandidos algo terá que mudar, nem que seja a troca por bandidos novos, afinal todos serão brasileiros mesmo.

  • Eu de algum tempo para cá estou chegando a conclusão de que a unica diferença entre democracia e ditadura é o tempo,e cheguei neste resultado quando a presidente(este negócio de presidenta é frescura de deslumbrada) Dilma disse com todas as letras,em um pronunciamento(não estou discutindo o mérito):– A partir desta data fica sendo “OBRIGATÓRIO”que crianças com X anos seja matriculada na escola. Meus amigos se isto não é uma ordem ditatorial,eu não sei mais o que é. E eu fui militar graduado nos anos de chumbo(nem todos concordavam com o que ocorria).Más voltando ao assunto ;a diferença entre o ditador e o “democrata” é o tempo,sim este mesmo! O ditador quer se perpetuar no cargo e o pseudo democrata (como a presidentaaaaa) tem tempo de validade.
    Quanto a seu Haddad um ilustre desconhecido,só prova uma coisa ,o compromisso que ele tem não é com os que o elegeram(uma grande maioria da longínqua zona sul e leste)mas sim de seus financiadores de campanha e quanto ao governador do estado, Que se pode esperar de um representante de um partido que deu as concessionárias de rodovia a mais alta tarifa de pedágio do mundo e quase (ou) nos transformou em COLONIA,novamente,doando as empresas brasileiras rentáveis em privatizações bem “malandrinhas”Ex:No tempo do Sr. Covas,boas e rentáveis empresas paulistas foram”compradas” por empresas espanholas que por uma coincidência qualquer do destino são a terra de seus pais. E cosi la nave va !”

    • Achava que só eu pensava assim, não existe democracia, não existe melhor sistema de governo, pois tudo é feito por pessoas, por humanos. Para haver uma real democracia deveríamos ter uma maior educação, um maior civismo, uma maior cultura de povo e isto não existe. A diferença entre uma ditadura de direita e uma de esquerda é qual está momentaneamente no poder. A diferença entre um social democrata e um “comunista” radical é como eles usam as armas disponíveis, mas todos “sempre” estão a defender o seu direito de viver no luxo e com privilégios, enquanto os outros que serviam para produzir para nós. O ser humano não vale nada. Eu não aguento este discurso velho de burguesia versus plebe, temos que parar com esta idiotice, a burguesia, ou nobreza, não existem mais, pelo menos na maior parte do mundo dito “civilizado”. Muitos usam estes termo e nem sabem o que significam historicamente, se tivéssemos uma melhor educação muitos saberiam.

  • Acho ótima estas manifestações, adoraria participar mas não pude. Estava trabalhando
    Por que não há manifestações deste tipo no domingo???
    Domingo eu não trabalho

  • Voce disse apresentadores sensacionalistas?!!!
    Puxa tenho saudade dessa época em que a imprensa era “sensacionalista”,bons tempos diante de tanta barbaridade, eu acompanhei tudo pela tv atravez desses programas que vc define como sensacionalistas e cheguei a conclusão de que vc deve só escrever seus comentários pelo blog e que diariamente nem assiste a esse tipo de programa, mas que na minha opinião dão muito mais impacto e resultado do que a tal imprensa”coxinha” tipo SPTV e Jornal Nacional!!!

  • Os policiais ensanguentados e com suas cabeças rachadas por pedradas na terça feira passada pode??? Um monte de merdinhas que não sabem nem porque saem as ruas!!! A policia bateu pouco!

  • Os policiais tem uma cadeia de comando que vai até o nível político. Nas nações ditas avançadas, o político também deve responder quando o nível tático perde o controle. Em Banânia, impera o “eu venci, nós empatamos e eles perderam”.

  • Isso tudo é resultado de uma das coisas que o povo em geral mais odeia fazer, que é votar. Votar mal, dá nisso. Quando o povo tem a oportunidade de fazer justiça com as próprias mãos, que é votar, o que ele faz? Resolve protestar votando em Tiriricas, no partido da maior roubalheira da história do nosso pais. O mesmo povo que fica “puto” quando chega as eleições, porque tem que sair no domingo para votar. O mesmo povo que acha um nojo quando tem horário político na TV, porque queria ver as belas novelas, o mesmo povo que quando são 19:00h desliga o rádio para não escutar a hora do brasil, que talvez é a única oportunidade de saber se algum político está trabalhando, o mesmo povo que sai rotulando todo mundo de ladrão, como se conhecesse todos os políticos, mas que nem se lembra em quem votou, somos nós mesmos os culpados. Ao invés de sair na rua tomar porrada de policial sem preparo, talvez seja a hora de usar a arma letal: o voto.
    20 anos de PSDB, 11 de PT, escândalos aos milhares, me desculpem, não dá para reclamar dos outros, quando se pode aprender a votar e colocar no governo quem trabalha de verdade.

    • É isto aí, se só tem bandido candidato por que votarmos neles? Que todos que protestam digam não à reeleição, votem nulo se não tem um candidato que presta. É o que eu faço, não sou conivente com estes bandidos que estão por aí, desde as câmeras de vereadores até o congresso e a presidência.

  • Caro Vitor, concordo com você, que haja protestos todos os dias justos e pacíficos. Motivos não faltam para protestarmos e exigirmos mudanças a começar por Brasília, pelo Congreso Nacional e Governo Federal, patrocinadores de toda a corrupção e injustiças no nosso país.

  • O povo pede e espera PAZ. Democracia com respeito e diálogo. Respeito ao direito do próximo, respeito às leis e a cidadania.

    Queremos paz nas ruas, abaixo os manifestantes baderneiros e violentos, abaixo essa polícia violente e despreparada.

    • Abaixo também os bunda moles deste país que cruzam os braços e deixam os outros decidirem tudo por si… Fora Alckmin!!!!!

  • Violência gera violência. Todos estão errados, manifestantes e polícia.

    Cercear o direito de ir e vir do povo, depredar o patrimônio público e privado, impedir a circulação de ambulâncias na região com 14 hospitais, aterrorizar a população trabalhadora da região, é VIOLÊNCIA injustificável.

    Agir de forma violente, agrassiva, fazer uso excessivo da força policial, ferir as pessoas com balas de borracha, agredir indiscriminadamente manifestantes é VIOLÊNCIA injustificável.

  • Quem votou nesses caras é que deve ir a Rua, quem não votou manda a Polícia bater com mais força para aprender a votar, sair as Ruas não é inteligente, em 1961, o povo chamou justiça, e olha que tinha bastante intelectuais, até que em 1964, os políticos viram a casa cair. Agora estamos caminhando para a mesma coisa.

  • Acabei de ouvir agora mesmo pela rádio Bandeirantes, com os caquéticos Salomão Esper e José Paulo de Andrade, que manifestação alguma deve atrapalhar a vida do paulistano que trabalha, obstruindo ruas e a circulação de carros, e que este aumento de preço das passagem de apenas 20 centavos não justifica essa baderna instaurada na capital.
    Puta que o pariu! Será que esse jornalistas com 200 anos de estrada não conseguem entender o que está acontecendo, ou não querem. Corporativismo de merda.

  • Não quer mudar de área não? Que texto foi esse velho. O melhor que eu lí seu EVER. De repente, como a F1 anda uma bosta com os pneus Pirelli, vc podía repensar sua carreira… né não?!

    Precisamos de mais vozes como você. Um grande abraço!

  • Acho que é bem por aí, mesmo. Chega dessa imprensa podre que temos por aqui. Na Venezuela, a população foi às ruas para pedir recontagem dos votos e foi recebida com tiros e bombas. O mesmo aconteceu na Argentina uma multidão fechou a Avenida 9 de Julho para reclamar de Cristina. Se o protesto começou com “jovens baderneiros”, que compartilharam sua indignação pelo Instagram direto de seus iPhones, palmas para eles. Ao menos alguém nesse país se indignou com o fato de sermos manipulados pela classe política, pela mídia, ano após ano, por nossos votos! A bagunça em São Paulo mostrou que nem todo mundo concorda com isso. Depredaram o patrimônio público? E a depredação pública sistemática de tudo o que é o que público nesse país, década atrás de década não conta nada? E nossos bolsos, depredados a cada instante que trabalhamos para sustentar um esquema político mais que falido, não conta nada?

  • Pqp. Vocês do GrandePrêmio trabalham com automobilismo (e muito bem, diga-se de passagem), mas ultimamente, venho a ler os blogs do pessoal justamente para ler suas visões políticas. Perfeitas.

    Parabéns pelos textos, tenho lido os seus e do Flavio Gomes.

  • Bom Dia Victor.

    Li muitas coisas nos últimos dias e nada se compara ao seu texto. Para quem acompanha o seu trabalho e do pessoal do Grande Prêmio há quase 20 anos, não é surpresa tamanha lucidez, equilíbrio e veracidade.
    Isso sim é JORNALISMO !
    Se precisar de alguém para manifestos pacíficos, pode contar comigo, mais um que não quer mais se calar diante de tanto escárnio.
    Não podemos nada neste país e cada vez “podemos menos” se isso ainda é possível. Finalmente acordamos e vamos, pacífica e inteligentemente, mudar o status quo disso tudo. Chega de jogarem m…. na nossa cara todo dia, chega de não termos direitos humanos para nós que somos humanos direitos.
    Não sei onde está marcado o de hoje, caso possa me mandar o link por e-mail ou por aqui mesmo, agradeço !

    Grande Abraço.

  • Victor, acho que enlouqueci. Antes de mais nada, não sou contra o partido no poder central, até voto nele. Mas confesso que não entendo mais nada. Esse mesmo partido criou há pouco tempo uma comissão que se diz chamar comissão da verdade, cujo objetivo principal é resgatar aquilo que os vários anos de ditadura fizeram com os opositores do regime de então. Ora, sob a ótica do poder de então, aqueles que hoje criaram essa comissão faziam exatamente a mesma coisa que os manifestantes de agora fazem. Só que agora, as manifestações são também objeto de repressão. Ou seja, no deles pode mas no meu não?? Que diabos de democracia é essa???

  • Parabéns pela lucidez dos comentários! Talvez um dos melhores textos da noite sobre os protestos em São Paulo. Não se trata apenas discutir a pontualidade do que agora ocorre em Sampa, trata-se de uma reflexão sobre a postura de todos os brasileiros frente aos desmandos e truculência dos governantes.