Volta pra casa

Foto: Evelson de Freitas, da AE

SÃO PAULO | A não ser os autores das barbáries que acompanhamos ao longo de hoje nas capitais e grandes cidades do país, nacionalistas odiosos que carregam no DNA o pior do nazifascismo, e outros tantos que se aproveitam da situação para vomitar sua política suja – tipo Roberto Freire –, todos os que estiveram nas manifestações e que se orgulharam do que viveram na segunda estão sentindo algo diametralmente oposto. Chegou em um primeiro momento até a colocar em dúvida se os protestos valeram a pena ou se serviram de cabide para que a anarquia se instaurasse. E não podemos olhar para um caso específico como o de São Paulo e da tal ‘onda vermelha’ como o problema. Ainda que tenha sido incitado pessimamente pelo PT com um outro tom, se a gente foi unido protestar na rua por direitos em comum e por uma democracia mais justa, inclusive gritando e empunhando mensagens contra os partidos e seus políticos, tem de ser igualmente civilizado para aceitar que os partidários participem do manifesto levando suas bandeiras. Quem não concorda simplesmente se afasta daquele grupo do mesmo jeito que não se junta com quem vai, por exemplo, depredar prefeitura. Do contrário, estamos sendo tão excludentes quanto os governantes que nos excluem. É um princípio básico. Mas não foi essa aversão partidária a causadora do caos.

A questão é que os movimentos que ontem tiveram seu primeiro resultado real, o de baixar a tarifa do transporte público, deveriam ter sido repensados e melhor organizados para que os próximos passos surgissem. A empolgação em ver que a letargia foi deixada para trás mesclou a comemoração com uma falta de propósito e trouxe à tona a escória de nossa sociedade nos vários estados. Os ratos saíram do bueiro nos formatos de skinheads e demais extremistas que, covardes em mostrar os rostos, foram fortões e viris, ui, em destruir o patrimônio público e levar o pânico à população. É bem provável que os manifestantes não estivessem esperando que a violência se reproduzisse como que por bipartição justamente por terem tido a postura de não entrar em choque com a polícia e por carregarem exemplos recentes de que a adesão à proposta era total. Assim, não souberam lidar quando viram esses gângsteres. As massas foram às ruas de peito aberto, mas se encolheram e pagaram o pato pelas meias dúzias que estragaram tudo, ao ponto de, em Brasília, terem ameaçado colocar fogo no Itamaraty e, em Ribeirão Preto, um motorista tresloucado – e já atiçado pelo povo revolto – ter atropelado, machucado dezenas e matado duas pessoas.

A segunda-feira abriu a primeira rodada na prática do que e como deveria ser feito para alcançar os objetivos. Naquele momento, a questão era não brigar com a polícia que havia reprimido as reivindicações. E como todos estariam de olhos abertíssimos ao caso, manifestantes, governantes, mídia e a própria PM, naturalmente as confusões desapareceriam. Por consequência, estes fascistas souberam aguardar o apagar dos holofotes e o menor descuido para agirem e espalharem o lixo. Na noite histórica, para o mal, desta quinta, a primeira rodada tem de se encerrar. Se tudo é absolutamente rápido nas redes sociais onde os movimentos foram concebidos, que haja a esperteza e inteligência dos possíveis líderes em postergar as novas manifestações, verificando se é propício que aconteçam em cascata todos os dias e ponderando as ações diante dos rebeldes acéfalos. A próxima rodada não pode ser amanhã diante da agitação civil e, repito, independente da posição ideológica que cada um carrega – se é que carrega; porque é plenamente possível ser apartidário e ter uma tendência. As passeatas não devem ser pedestal para uma articulação política nem ser embrião para um golpe de estado.

Há, portanto, uma experiência a ser analisada. Dela, se extrai que os movimentos urbanos organizados dão resultado porque colocam uma pressão imensa sobre os prefeitos e governadores, principalmente. Aliás, o próximo movimento a ter sido dado até poderia ter pegado o gancho das desculpas dadas ontem que apontam para uma redução no investimento em outras áreas por conta da ausência do dinheiro que a variação da tarifa havia de trazer. Os governantes teriam de ser pressionados a manter seus projetos em saúde e educação e se virar para compensar essa lacuna financeira enxugando gastos excessivos – tipo os próprios salários e os lucros das próprias empresas de ônibus, cujas caixas pretas têm de ser abertas para já – e debruçando-se em ideias renovadas de arrecadação via iniciativa privada. E esta rodada também explica que o foco e o comando são imprescindíveis para que, usando do mote dos transportes, não se perca o bonde e a situação não saia dos trilhos. O período de coma gerou o descostume de ir brigar pelos direitos e naturais lapsos e perdas.

O efeito colateral, pois, não pode ser um sentimento de que tudo foi jogado ao vento. Está claro que a população quer uma transformação e que pode ir lutar civilizadamente, ainda que estes períodos infelizmente evidenciem o despreparo moral e intelectual de muitos tantos, digamos que 0,1% do total, que, se não provocaram a calamidade, tiveram a canalhice de aplaudir e apoiar a violência em cima dos militantes políticos rivais. Há uma conversa a ser feita – enquanto a presidente, que deu orgulho no início de seu mandato pela limpa promovida naqueles que não agiam conforme sua cartilha, sequer se manifesta e fala a seu povo – e das diversas cabeças pensantes, saírem novos e certeiros posicionamentos. É realmente só o começo, e as dificuldades são inerentes, mas se o chamado que incitava a todos a vir para a rua, está na hora de voltar para casa a fim de expor o tesão reprimido destes canalhas nacionalistas e deixar claro quem eles são e para que porão devem voltar a se enclausurar.

Batalhas se ganham e se perdem, e se faz necessário dar esse passo atrás. Amanhã é um novo dia, em que o gigante que voltou a adormecer tem de acordar disposto a não esmorecer e olhar em como dar dois ou tantos à frente.

Comentários

  • Engraçado os petistas oportunistas tentando se juntar à manifestação. Incoerente não? Afinal não são eles próprios que estão no poder? Entendo que a idéia é lá na frente usar as imagens com bandeirinhas vermelhas na propaganda política, como se eles tb tivessem revoltados com a política (excluindo a presidente) e a corrupção (excluindo o mensalão). Aliás, pq só agora a Dilma tomou algumas medidas? Antes não era possível? Ah, esqueci, antes era tudo perfeito…

  • Tenho lido muitas coisas sobre as manifestações todas ocorridas nesses últimos dias!!
    E com relação ao PT que todos nós estamos criticando, ficou claro para o partido de que:::
    O povo que lutou junto com ele á mais de trinta anos para que um governo próximo ao povo acabou dando as mãos para o tal Malufismo e o Tal do narigudo. Infelismente!!!
    Se esse partido que veio do povo permanesse-ce com o povo em suas atitudes e atos, hj não estaria sendo afastado dessas manifestações populares…
    A população não quer ver em seus manifestos bandeiras de partidos por dois motivos, um deles é a descrença que o próprio pt incutiu no povo..Ea segunda é que se reparar-mos nas últimas eleições os número de votos brancos e nulos já demonstrava o descontentamento quando aos candidatos escolhidos pelos partidos, que desde sua escolha não representavam os ideais do povo..Essa porcentagem traduzida em numeros de participantes nessas manifestações todas ainda não atingiu o coeficiente dos que não queriam os governos atuais..Falta pouco é claro para essa massa estar nas ruas, e se juntar aos que se decidiram descontentes com os governos após suas posses..
    Portanto ficou bem claro para a nação que algo de mais sério deve acontecer nos próximos dias, se o governo federal não atender de pronto aos pedidos deseperados desse povo todo. Os governos estaduais e municipais tendem a aceitar mais rápidamente o clamor.. Mesmo assim a máquina e a burocracia demandam de muito tempo pra começar a se mexer em direção á população. E isso é grave..O povo ficou esperando muito tempo, vendo coisas erradas acontecerem na cara e agora está sem paciencia pra esperar. Querem mudanças pra ontem..E aí é que mora o perigo…
    É um povo que se viu sem partido, sem governo, sem apoio de lado algum e resolveu mudar..Pela vontade popular já demosntrada essas mudanças tem que vir no mesmo rítmo em que eles querem.. Não na velocidade dos que estão em Brasilia, nos Palácios Estaduais, ou municipais…E aí nem entram na pauta os vereadores e deputados..Esses nem foram citados de tão descontente que está a população ..Senadores então são considerados já cartass fora do jogo…Portanto senhores governantes observem bem o que querem dizer todas as linhas dessas manifestações todas.. E observem também que não á nada de entrelinhas pra serem decifradas.. É o que a população quer ou nada…
    Duas moedinhas de .010 cents fizeram tudo isso…Percebam então o que pode fazer alguma coisa mais relevante do que esse valôr..
    Se vintão foi uma revoluçãosó fico pensando quando a coisa for o montante de corrupção espalhada pelas ruas.. Aí não vai ter mais argumento que segure esse povo…
    Se o PT quize ainda sobreviver á essa crise criada por ele mesmo, ouça o que o povo está dizendo e faça simmplesmente como ele quer…
    Afinal nada mais justo do qwue isso… O PT ou outra Sigla qualquer que está administrando, é paga pelo povo. É como á uma relação entre patrão e empregado, só isso. pura e simples…

  • Eu só quero ver quem serão os eleitos nas próximas eleições. Novamente, serão Renan Calheiros ? José Sarney ? Paulo Maluf ? Tiririca ?

  • Não faço parte de partidos, mas ir contra partidos se chama “fascismo”. E isso não é tão bom… agora foi, para juntar tanta gente, ninguem olhava o que o outro pedia: assim juntamos gays, punks, direita, esquerda, partidários, fascistas, e tudo que não combina bem em torno dos grandes temas. Mas depois, de tanto cartazes e protestos, somente a pauta que estiver mais preparada para uma discussão política vai sobreviver.

  • Vitor, a presidente apenas fez “tipo” durona no começo do mandato. Cortou algumas cabeças nos ministérios e colocou outras sórdidas pessoas no lugar, escolhendo ministros apenas por fisiologismo e arranjos políticos, no tradicional toma lá dá cá. Fez ainda pior, aumentou o número de ministérios para acomodar mais um novo aliado, o paritido do Gilberto Cassab. Arranjou mais um lugarzinho, aumentou a mamata, aumentou o déficit público para acomodar o Guilherme Afif Domingues, lamentável!!! Essa senhora é mais um engôdo impingido pelo corrupto mór Lula Odebbrecht da Silva.

  • 1) Numa sociedade pluralista, todas as opiniões, crenças e convicções devem ser respeitadas e ouvidas. Logo, concordo, impedir militantes do PT de se manifestar é antidemocrático.

    2) Pena que ninguém se manifestou em defesa dos militantes do PSTU, quando estes foram alijados (Por que será?).

    3) Militantes petistas saíram às ruas para comemorar uma redução de tarifa que o governo do seu partidário aumentou, bem como para questionar os gastos com a Copa do Mundo que sua partidária avalizou. Na hora, lembrei do personagem Deco daquele filme “As Melhores Coisas do Mundo”. O Deco, malicioso, espalhou pelo colégio uma fofoca: um professor beijou uma aluna do 1º ano do ensino médio. O professor foi demitido. Os alunos acharam que foi injusta a demissão, pois confiavam no professor e porque foi a aluna quem teve a iniciativa do beijo, como a própria admitiu. Por isso, os alunos fizeram uma abaixo-assinado, cobrando a recontratação do professor. E lá estava Deco querendo ser o primeiro a assinar, para pagar de gostoso para as colegas…

  • VM,
    na sua opinião, como articular e centralizar as reivindicações ao governo, no meio de tanto caos e diferentes ideologias entre os manifestantes ? Por enquanto os protestos estão muito genéricos e variados. Perde-se o foco.

  • Uma questão:
    Como é que o país tem tanto dinheiro para se investir em Copa e Olimpíadas, mas quando se trata de saúde queriam até voltar com a CPMF?

    Como pode uma copa ser mais cara do que o somatório das três últimas?

    • Se formos considerar só os estádios, as 10 construções e reformas da copa da África custaram 15 bilhões de rands (na faixa de US$ 2 bi). Na Alemanha, pra deixar 12 estádios prontos pra copa de 2006 foram € 1,38 bi (ou US$ 1,8 bi). O custo dos 20 estádios na Coreia e no Japão foi de 4,7 bilhões de dólares. No Brasil, prevê-se que o gasto vai ser de 7,1 bilhões de reais, ou US$ 3,3 bi, em 12 estádios.

      Só que tem mais de 19 bilhões de reais pra serem gastos em infraestrutura – BRTs, VLTs, estações de metrô, nos aeroportos, em segurança pública, telecomunicações e turismo.

      Se isso for feito a tempo e for duradouro, não reclamo. Mas a gente sempre suspeita.

      Veja este site aqui pra ver quanto se vai gastar ainda pra copa:
      http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/empreendimentos/investimentos.seam?menu=2&assunto=tema

    • Pois é… E quem mesmo trouxe essa Copa? Ah, um tal de Lula… De que partido mesmo? Ah, de um certo PT… Que, aliás, queria de todo jeito voltar com a CPMF… Não é uma belezinha? Ah, mas a Dilma falou ontem que o dinheiro da copa é financiamento do BNDES que vai retornar aos cofres públicos… Alguém acredita nisso?

  • Daqui do exterior, sò posso dizer que, finalmente, o Brasil acordou: No geral, a populaçao da Comunidade Europeia vos apoia, e pelo que vejo, até mesmo os E.U.A. estao a favor dos manifestos (editorial do New York Times).
    E’ impensàvel uma economia que hoje està entre as mais ricas do mundo ter somente 10% da sua populaçao que usufrui essa riqueza (se tanto…)
    Sò espero que o movimento nao pare por aqui (e espero sem vandalismo, também).
    Fui embora do Brasil, anos atràs, em busca de trabalho, mas vejo que nada mudou para quem mais precisa, à parte paliativos tipo bolsa-qualquer-coisa, e a hipotese de eu retornar, hoje, é minima.
    Torço para que NAO (nao tenho o “til” no computador) encontrem um lider, um Messias, que as conquistas que eventualmente venham sejam fruto da capacidade do povo em mostrar a esses ineptos e corruptos que està vigilante, assim fazendo qualquer politico vai pensar duas vezes antes de fazer qualquer cagada (mesmo pequena)
    Retirem qualquer bandeira politica do movimento, ele é sò de voces.

  • Victor, hoje trocamos alguns Tweets sobre a ida do PT à passeata, vou expor minhas ideias sobre isso, deixando claro que falo de São Paulo onde eu vivo e participei de duas passeatas:
    “O movimento começou pequeno, quando basicamente somente o MPL e mais uns “10 gatos pingados” foram para as ruas brigar contra o aumento da passagem, ou alguém se lembra do 1º “grande” ato contra o aumento das passagens? Não ninguém se lembra, mas onde estava o PT nessa hora? Eles foram lá? Eles levaram suas bandeiras, eles brigaram contra o aumento, não, claro que não, como eles iam brigar contra um aumento se o prefeito do PT fez o aumento (ao menos dos ônibus)…
    Depois disso tivemos mais 2 “grandes” atos sobre a passagens onde o movimento foi crescendo de forma “orgânica” mas nunca passando de alguns poucos “mil” (juro que não lembro o plural de mil, se é que existe plural para essa palavra, pensei em miles mas achei tão ruim quanto), novamente cadê o PT, nada do PT nesses atos…
    Ai veio o 4º e mais importante para o contexto “grande” ato do MPL, nesse já eram quase 5 mil pessoas, arregimentadas sabe-se lá como pelo movimento passe livre, e foi aquela carnificina que vimos na TV a policia militar mal orientada (pois acredite se quiser a PM de São Paulo é a menos ruim desse nosso Brasil), pelo governo do picolé de chuchu do PSDB (que diga-se está no governo do estado de São Paulo a 20 anos e acabou, isso mesmo acabou com o ensino publico paulista entre outra aberrações), desceu o sarrafo na geral, não escapou ninguém, foi protestantes, jornalistas, senhoras, todos apanharam, e o PT estava lá? Não, não estava…
    Por que esse foi o mais importante “grande ato”? Porque ele foi o que chamamos na química (sim sou químico de formação) de “energia de ativação”, sabe quando um “merda” está para acontecer e falta aquele pentelhessimo de energia para a merda estourar? Então aconteceu… O povo brasileiro “pacifico” ao extremo, viu aquela carnificina na TV da policia batendo em tudo e em todos parou e pensou “que porra é essa?” Ai veio a reação em cadeia (essa tirada da física e não química como muitos pensam): Realmente a passagem a R$ 3,20 é um roubo, realmente a corrupção chegou no limite, que merda é essa da PEC 37? Por que dessa copa cara pra diabo, por que meu filho está na merda do 9 ano e não sabe escrever e nem fazer conta, por quê preciso ficar 5 horas na fila do hospital, cade a merda da segurança publica e por ai vai, junte-se a isso os estudantes da classe média que acham tudo lindo no “face” e “twitter” e abraçaram a causa de forma passional, pronto temos o 5 grande ato.
    Esse sim foi grande, com certeza mais de 100,000 pessoas, pacifico, eu estava lá, saímos do largo da batata e fomos até a ponte estaiada (andei como não andava há anos), e ai eu vi algumas cenas interessantes, poucos estavam lá pelos R$ 3,20, eu mesmo estava lá porque achei a repreensão da PM absurda e fui dar minha contribuição, mas, muitos estavam pela educação, corrupção, PEC 37, segurança, saúde, pela luta contra a “cura gay”, pela queda do Renan, Marin, Felipão, Haddad, Alckmin, Dilma, Lula, Deus e o Diabo alguns querendo vender seus carros (juro que vi uma placa de um cara querendo vender um Palio) milhares de reivindicações de anos acumulados…
    Tinha todas as tribos, estudantes, playboys, punks, carecas, pobres, ricos, velhos, crianças, tudo o que você pode encontrar na sociedade, e onde estava o PT, ele não estava lá…
    Nessa passeata, quem foi pode te confirmar, teve em vários momentos o canto contra os partidos políticos, não contra o PT ou PSDB ou DEM ou PSOL, não, era contra todos e por que disso? Simples, a maioria esmagadora era de jovens e se pegar as ultimas pesquisas 86% dos jovens são apartidários, não se sentem representados por nenhum partido…
    Nesse dia presenciei algo que não concordo de forma alguma, mas consigo entender, vários jovens, que nem de longe são da extrema direita ou mesmo fascistas como alguns querem classificar, pois eles simplesmente não sabem o que são essas duas “coisas”, agredindo verbalmente pessoas com faixas do PSOL e PCO, achei absurdamente errado, mas compreensível, esses jovens estavam sentindo que os partidos estavam roubando o movimento que era deles, jovens…
    Pois bem teve-se então o 6º grande ato no centro onde dessa vez houve vandalismo pela simples e interessante ausência do poder publico a policia não estava lá e demorou a chegar, tem um proverbio que diz “quando os gatos saem o ratos fazem a festa” como em toda amostragem da sociedade há bandidos, eles estavam fazendo a festa, tinha também playboys querendo ser o “Tiradentes” da revolução quebrando a prefeitura, e novamente o PT não estava nesse Ato.
    Ai veio a revogação do aumento, ganhamos a batalha dos R$ 0,20 centavos, mas ainda tinha uma guerra inteira (e impossível de se ganhar em dias já que à lutamos a mais de 500 anos) pela frente.
    Problemas…
    Ok o MPL conseguiu o que queria no momento que era a revogação dos R$ 0,20, mas já havia uma nova manifestação marcada, a 7ª, e o que fazer com ela? Para o MPL (que sem querer criou um monstro e nem de perto sabe como doma-lo, até porque o monstro não reconhece no MPL seu líder), propôs que fosse de comemoração pela vitória e uma forma de apoio as cidades onde os preços não haviam caído e aos “camaradas” presos nos atos anteriores..
    E ai veio à cagada, o PT quis se apoderar do movimento, quis participar ativamente com seus seguidores, bandeiras etc. de um ato que em outros 6 anteriores ele não estavam presentes, pelo contrario, se omitiram de forma covarde para proteger seu prefeito. E se tivessem feito uma leitura melhor da situação nunca iam propor tal bestialidade num movimento apartidário e de jovens que não se sentem representados por nada e ninguém… Ok eles querem fazer uma onda vermelha de apoio a Dilma, Haddad, Lula, Deus e o Diabo? Que marquem outro dia e horário, as ruas estão ai livres…
    E o que aconteceu? Bem todos os idiotas de São Paulo ficaram sabendo dessa tentativa e foram cobrar satisfação, claro que ia dar merda, lógico que deu merda…
    Resumindo já que esse texto ficou maior que sua postagem…
    O movimento surgiu da insatisfação geral da população e do estopim criado pelo próprio governo com sua “sabedoria” em mandar descer o sarrafo na galera, mas esse mesmo movimento não tem mais causa crível em curto prazo e o mais importante não tem um líder, é um movimento acéfalo, não tem quem tome a rédea e mostre os caminhos a seguir, onde parar, mensurar os ganhos e recuar, é o famoso “cachorro de muitos donos, que vai morrer de fome”, não há como ele perdurar por muito tempo sem cair nas mãos de oportunistas que podem guia-lo sabe-se lá pra onde, e é ai que mora o grande perigo…
    Concordo com você que é o momento de parar, voltar para “casa” conseguimos muito que foi mostrar para o “status quo” que quando somos “cutucados” podemos sair e lutar, já demos esse sinal.
    Por outro lado acho que poderíamos escolher um tema: Corrupção, por exemplo, e ficar nas ruas, mas teríamos que ter um líder, que aglutinasse todos em volta desse único tema e lutássemos, mas os temas estão fragmentados e divididos somos fracos…
    Só que como nos cientistas da década de 40, no desenvolvimento da bomba atômica, uma dúvida paira no ar, “ok vamos iniciar uma reação em cadeia, mas como vamos para-la?” Para o bem deles, na época, a reação parou quando o combustível fissionável acabou, mas nosso combustível, mais de 500 anos de desmandos, roubos, maus tratos com a população, etc. é muito grande, e não está nem perto de terminar.
    PS. Desculpe esse texto gigante e os prováveis erros de português, como eu falei sou Químico.

    • Detalhe: quem começou com o movimento foi a Juventude Socialista e grupos de jovens ligados ao PSTU, PSOL e PCO… no final, mais uma manobra da mídia e de outros grupos de centro-direita acabaram excluindo os próprios iniciadores…

      Talvez esse país ainda demore mesmo para ser realmente democrático… o “ih, fora!” contra quem estava com bandeira política foi ridículo… pior só os vândalos skinheads citados no texto e os marginais do PCC infiltrados para realizar saques nas lojas…

    • A análise mais lúcida que eu li até agora em todos os veículos de comunicação… Parabéns!
      Também não me sinto representado pelos partidos da nossa política, mas apenas em um exercício de imaginação… se os partidários do PT deveriam ser aceitos com suas bandeiras, os do PSDB, DEM, etc também… e como funcionaria esse encontro??? Será que seria em respeito e paz?

    • Realmente, nenhum partido político nos representa…que merda.

      Lula, Sarney. Collor, Maluf, Calheiros, Cassab, Dilma, Genoíno, Zé Dirceu, Palocci, Cabral, Genro, Paes, todos de mãos dadas, farinhas do mesmo saco.
      A quem recorrer? Feliciano, Bolsonaro, Bispo Rodrigues, bancada evangélica, bancada ruralista…

    • Parabéns Jean, texto brilhante, sem nada mais a acrescentar.

      Por que as agressões a quem levantou bandeira de partido? Simples, ninguém aguenta mais os partidos políticos brasileiros, todos, sem exceção, e os “partidários” estavam tentando tirar proveito da situação, tentando se apoderar do movimento.

      A principal bandeira das futuras manifestações deveria ser por uma reforma política completa, com a total extinção dos partidos atuais e a criação de novos, em quantidade limitada, no máximo uns 5 (2 ou 3 já tava bom demais); acabar com o financiamento privado das campanhas mas com financiamento público bem limitado (pra não virar farra do boi); acabar com o horário gratuito na tv do jeito que ele é, proibindo que neguinho diga que é a favor de melhoria na saúde e educação (porra, todos querem isso, só não falam COMO vão fazer!); acabar com essa farra de fundo partidário e as siglas de aluguel, etc, etc, etc. É o primeiro passo pra se mudar o país, para se colocar gente decente e honesta no poder, o resto é consequência.

    • Claro que o PT não estava lá. Estratégia…
      Tudo pra dizerem que quem está fazendo essa “baderna” são os comunistas, daí um motivo pra aplicarem um novo golpe de estado.