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SÃO PAULO | É chato quando acontece isso: um piloto X que não tem envolvimento com a luta direta pela pole atrapalha a vida dos demais e impede a tentativa final de melhorar os tempos. Também é bem-feito para quem teima em só entrar na pista faltando 2min33s para o fim da sessão. Foi o que Grosjean, que até vem em fim de semana interessante e sem problemas nos freios, acabou proporcionando hoje. E que vai ter total influência na corrida deste domingo na Áustria.

Ao ficar paradinho ali no setor 3 do circuito e provocando a bandeira amarela, Grosjean manteve Bottas como primeiro colocado do grid, a única Mercedes que seria capaz, pelo regulamento, de estar naquela posição. A troca da caixa de câmbio de Hamilton só lhe permitiria, na melhor das situações, um sexto lugar no grid; Lewis vai sair em oitavo, terceiro que foi na pista.

Perguntaram ao inglês se haveria um jogo de equipe para que Bottas desse um jeito de atrapalhar a vida de Vettel, segundo. “Não, magina, o que é isso, ele que tem de partir para a vitória e nem pensar nisso”. Acredito nisso? Óbvio que não.

Bom, primeiro que tudo que vem de Hamilton neste sentido é de se desconfiar, haja vista o que aconteceu no fim do ano passado em Abu Dhabi, quando a tática de trancar Rosberg estava claríssima dias antes da corrida, ele negou categoricamente que faria uso dela e, na hora da decisão, fez lindamente uso dela. E outra: duas semanas atrás no Azerbaijão, Lewis pediu claramente à equipe que pedisse a Bottas para segurar o ritmo à frente de Vettel para tentar ultrapassá-lo — coisa que só não aconteceu porque Bottas, de fato, tinha a meta de passar Stroll, e o fez.

Claro que a Mercedes e Bottas têm a meta da vitória amanhã. Mas o piloto e o carro em si têm condições também de agir como se deve em prol de Hamilton em um ritmo que permita a Hamilton andar grudado e ir para cima de seus adversários — Grosjean e Pérez não devem dar trabalho, mas as duas Red Bull de Ricciardo e Verstappen tendem a lhe tirar alguns segundos; e depois tem Räikkönen; isso tudo em uma estratégia com pneus mais duros, já que fez o Q2 de supermacios, e não de ultramacios.

Assim, tudo isso foi e será bem pensado pelas cacholas de Toto Wolff e Niki Lauda.

Da mesma forma com Vettel e a Ferrari. A coisa, basicamente, é evitar um toque na largada e tentar passar Bottas. Seria difícil, nesta situação, que o alemão perdesse a corrida. Não vejo Bottas acoçando o alemão em qualquer tática que se discuta na Mercedes.

Ali atrás, Ricciardo, em grande fase, vai para as cabeças brigar pelo quinto pódio seguido. E tendo Räikkönen ao lado na segunda fila, é bem provável que tenha vantagem. Sua única preocupação, de fato, é com Hamilton.

Verstappen murchou. Alguma coisa de verdade sobre o boato de ir para a Ferrari tem. Ele só vai florescer neste domingo se regarem direito a pista. Uma chuvinha, pois, seria sua salvação. Aí daria para pensar até mesmo em vitória. E quero ver um novo embate das Force India. Pérez × Ocon tem tudo para se tornar uma atração à parte até o fim do ano.

E avançando no grid, o fundo do pelotão de sempre, com Stroll, Palmer e a Sauber, além de Massa. O que significa que o moleque não foi mal por ir mal, mas que a Williams está uma draga sofrível. Para quem fez a pole três anos atrás e em outro obteve pódio, essas novidades aerodinâmicas agressivas e o trololó que falaram ter levado para a Áustria são uma terrível involução. O carro não anda bem com pouca gasolina, disse Felipe, ou seja: começa a corrida até ganhando posições, mas termina um horror.

O palpite vencedor? Vettel. Com Bottas e Hamilton no pódio. Para a gente ver mais uma birrinha do inglês sem dar a mão para o coleguinha Vettel. “Ain mas ele já tinha cumprimentado antes que coisa mimimi deixa o cara não tem que cumprimentar mesmo”. Ô, bonitão, além de um aperto de mão não matar ninguém, era uma coisa que Lewis queria mostrar em público — inclusive uma das finalidades desta espécie de evento que a F1 bem criou. Ignorar o entrevistador Valsecchi — ainda que este pareça um vendedor do Torra-Torra que anuncia promoção a 1,99 — e chamar Bottas ali de canto para sair à francesa volta a evocar o momento infantil que ronda esta disputa desde as loucuras de Baku.

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