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SÃO PAULO | Daí a gente analisa, põe os pingos nos jotas, porque os jotas também levam pingos, e diante daquele fim de semana avassalador na Inglaterra, os prognósticos para a Mercedes e Hamilton eram os melhores possíveis para o resto da temporada. A maior das certezas viria justamente nas classificações; as poles seriam fatalmente dos prateados. Na Hungria, pffff, na Hungria seria praticamente a virada consumada, ainda mais com esse Hamilton que igualaria as poles de Schumacher e onde tem currículo dominante.

Aí a Ferrari me faz a dobradinha no grid

O ótimo deste campeonato é seu fator de imprevisibilidade a médio prazo — que Hamilton venceria em Silverstone, era mais ou menos claro, tal qual o provável triunfo de Vettel na corrida deste domingo. A Ferrari estava praticamente morta para este fim de semana e teria de fazer um trabalho primoroso nas férias para voltar na Bélgica e correr em busca do rabo da Mercedes. Já havia até a previsão pessimista de que a segunda metade do campeonato seria bem diferente da primeira, insossa e pró-tetra de Lewis. E no fim das contas, Toto Wolff e Niki Lauda vão ter de exigir o máximo de atenção de seus funcionários porque o carro não é imbatível.

A Red Bull foi a melhor nos treinos livres com Ricciardo, mas dificilmente repetiria o desempenho quando de fato valesse. Tanto que a frustração do australiano foi tamanha a ponto de esconder por 7 minutos o sorriso. A Ferrari mostrou que tinha bala na agulha no TL3; no Q1, confirmou. Hamilton indicou que tentava fazer parte do jogo no Q2, mas na parte final da classificação até mesmo Räikkönen surgiu com força — poderia ter sido pole, aliás.

Muito deste desempenho se deve ao forte calor em Budapeste/Mogyorod. Na pista, são temperaturas que beiram os 60ºC, e a Ferrari tem trabalhado o trato com os pneus Pirelli melhor que a Mercedes. Como no domingo o calor será similar e/ou ainda maior, os vermelhos têm amplo favoritismo.

Agora, a Mercedes tem um dilema a resolver. Porque é Bottas, do lado limpo, quem vem em melhores condições no grid. E se este contar a curva à direita à frente de Hamilton, a equipe não vai ter tanto traquejo para lhe pedir que dê passagem na caruda como fez no Bahrein, até porque o finlandês é um postulante ao título. Não esperamos que Räikkönen vá brigar pela vitória, né? Não. Ou seja: quanto melhor Bottas for para deixar Hamilton para trás, melhor para Vettel.

A prova em si não deve ser lá essas coisas, mas esta projeção dá a ela um ar tático muito interessante. Seria pedir muito que a Red Bull tivesse um ritmo de corrida capaz de ser um ‘player’ interessante? Não, claro que não. Mas deve ficar ali meio distante, sem brigar com ninguém.

Pena que Hülkenberg tenha levado cinco postos no grid pela troca no câmbio, mas tem carro para ser sétimo ou oitavo. A Renault tem melhorado muito nas mãos de um piloto capaz. Palmer não está curtindo suas últimas corridas. Bateu ontem, tomou 0s8 no Q2 do alemão, é ruim, tão ruim quanto quem lhe atribui a má sorte sua fase. Má sorte não tira carro da pista, má sorte não o faz subir em barranco, má sorte não o coloca ao contrário a cada fim de semana de corrida.

Palmer é a primeira letra do PESK, que contém Ericsson — ficou atrás de Di Resta, meudeusdocéu —, Stroll — que tem evoluído a passos de formiga — e Kvyat — que tomou mais uma punição porque o que mais faz é atrapalhar os outros.

Di Resta, aliás, merece aplausos. Porque o cara tava lá de boa passando camisa para entrar menos feio e assustado na transmissão da Sky Sports e, de repente, recebe a chamada para correr no lugar de Massa em um carro que nunca guiou. Em 18 minutos, deu cinco voltas lançadas e evoluiu a ponto de não ser último no grid. Nada deve conseguir na corrida, mas ao menos resgata um valor que havia perdido no seu ano final de F1.

Massa tem lá um problema. Que, para mim, é labiritinte viral até que um profissional qualificado desminta. A BBC entrevistou o médico da FIA, que deu tal diagnóstico. A Williams e Massa negaram, de acordo com o repórter Guilherme Pereira, da Globo, mas não disse o que é. Meu pai, por exemplo, de vez em quando, está parado e de repente dá um passo em falso andando como se estivesse tonto. Várias foram as vezes que pedimos para que fizesse um exame. Ele diz que não tem nada; o médico que o examinou suspeita de um problema neurológico. Entre ele dizer que não tem nada e a posição do doutor, fico com a segunda. Assim, desqualificar o médico da FIA sem apontar o motivo da vertigem com base em uma avaliação médica é inválido.

Qualquer coisa que seja, melhoras a Massa. E o Brasil fica sem piloto numa corrida de F1 pela primeira vez em 35 anos. Coisa que já era para estar acontecendo desde a Austrália e que vai fatalmente acontecer quando Felipe se reaposentar.

Comentários

  • Tinha deixado passar batido esse lance do Di Resta.
    Imagino a situação. Ele tava lá, no quarto do hotel, de boas, passando a camisa dele, de repente, pá! Toca o celular. Ele olha na tela, é a chefa, a filha do Frank. Quase deixa o celular cair. Enquanto atende, com o susto quase deixa o ferro em cima da camisa.
    “Paul, é a Claire. Larga tudo aí e vem agora pro autódromo, que é você q vai classificar o 19. Qual é o seu numeral mesmo?”
    “Ih, deu ruim pro Felipe, Ou o Lance bateu de novo? Peraí. Nem lembro mais… Ah, é 40!
    Aí a Claire põe a mão no telefone e berra “manda alguém pra gráfica rodar um 40 preto, fonte Arial Black tamanho 72, agora!”
    O contínuo pergunta: “Quem corre com o 40? Felipe é 19 e o Lance é 18, aqui tem um adesivo 19 e cinco 18, sabe como é, um pra cada bico…”
    “Vai agora pra gráfica! 40 é o Di Resta.”
    “QUEEM?”
    “Vai agora, rapá! Depois do Q1 eu apresento ele pra vocês.”
    Volta a conversa.
    “Tá vindo, Paul? Se não der, eu tento ver se tem outro de bobeira por aqui…”
    “Não, não precisa, tô indo praí agora… Vou chamar o Uber e vou polindo o capacete no caminho. Tô sem sobreviseiras, separa umas pra colar nele. Ah, tem macacão que caiba em mim aí?”
    “Sobreviseira acabou. A gente arruma um Perfex com Veja pra você ir passando quando entrar na reta. Macacão tem um perdido aqui que deve servir. O banco vai ser o do Felipe mesmo.”
    Bem, imagino que ele deve ter desligado o ferro antes de sair…
    E agora vejo que o que ele fez foi louvável, visto o carro (que é de quinta fila pra baixo, ainda mais na Hungria!), as circunstâncias e as condições adversas. Não devia ter nem banco moldado. Deve ter sentado no banco do Massa, mesmo (pelo que soube, ele é uns quinze centímetros mais alto). E ainda botou tempo no Ericsson (pra mim, ele pode ir na barca do Palmer, ruim demais, só está lá porque agora é o “dono” da Sauber!). Nada mau. Nada mau mesmo. Não é nenhum fora-de-série, mas é longe de ser ruim. Melhor que o Palmer, sem dúvida nenhuma.