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Belgica

SÃO PAULO | O GP da Bélgica foi marcante? Não. GP da Bélgica que não tem chuva geralmente não é daqueles que se guarda para a memória. Mas o que se leva é o tanto que Hamilton e Vettel guiaram hoje. Tirando as voltas de safety-car, todas em ritmo de classificação, sem cometerem um erro sequer. Não há como apontar quem foi melhor porque Hamilton controlou como podia e Vettel apertou o quanto deu.

Hamilton teve uma reação incomum ao descer do carro: o sangue nos olhos que o capacete fingiu tapar se expressou pela adrenalina dos socos no ar. Vettel, por sua vez, não escondeu o desgosto de quem amargou um segundo lugar fazendo o máximo. A tecla tem de ser batida: o campeonato deste ano tem os dois melhores pilotos para se disputar um título em altíssimo nível.

A diferença não esteve em nenhum momento acima de 2 segundos. A Ferrari não tinha carro para passar a Mercedes no retão. Sobraram dois momentos para Vettel: a largada e a relargada. Não deu. O que lhe restava era pressionar para induzir Hamilton ao erro. Não há muito a dizer. Um primor de tocada de ambos.

E tem Ricciardo. O pódio de hoje, aliás, mostra os três melhores pilotos do atual grid. Ricciardo não tem carro para andar à frente de Mercedes e Ferrari, mas dá um jeito sempre que pode. É um grande comensal que se aproveita do meio. O passão que deu em Bottas depois que o SC saiu foi memorável. E se manteve por dez voltas na frente de Räikkönen até sem muito esforço. Tivesse a Red Bull um conjunto melhor, e Daniel estaria ali na briga pelo título. Com meio mundo torcendo por ele. Outro sobre o qual tem tão pouco a se falar pelo tanto que guia.

Räikkönen, quarto, e Bottas, quinto. Um fim de semana que assina a condição de pedestal deles. Sobretudo de Bottas. Apagado demais, insosso, pouco incisivo principalmente no fim da prova, quando tomou um duplo passão.

Outro que fez corridaça foi Hülkenberg. Dentro das limitações, também guiou no limite o tempo todo, quase que sozinho. A Renault é a quinta força com propensão a ser a quarta. Porque na Force India…

Bem, a Force India é lindamente o palco da maior rivalidade entre companheiros que se tem, até maior que Hamilton × Rosberg. Posso estar enganado pela memória, mas desde o GP do Canadá eles se acharam em todas as provas. Hoje, bom ressaltar, os dois já haviam se achado depois da largada. Mais adiante, Ocon vinha na frente durante o primeiro trecho da prova e Pérez foi chegando. Na volta 29, o mexicano se valeu do vácuo para superar o companheiro. Que tentou dar o troco no fim da volta. Sem sucesso, Ocon tracionou melhor na La Source e saiu lançado, quase emparelhando. Acabou espremido por Pérez. Houve o toque. Pérez foi o culpado? Ocon forçou? Se tivesse de apontar um responsável, seria o primeiro, mas vou no balaio de que não deveria haver punição. Da direção de prova. Porque intramuros ali na garagem…

Já está definido: haverá ordem de equipe. Nem que Vijay Mallya tenha de sair da prisão passando pelas barras para pegar os dois pelo pescoço. Ainda que esteja num confortável quarto lugar no campeonato, o tanto que os dois já perderam com esta disputa é imensurável – pódio no Canadá e, quem sabe, até mesmo uma vitória no Azerbaijão. Os dois estão passando do limite? Sim. É o que queremos ver? Evidente.

Massa, com aquele horror de carro, ainda conquistou um oitavo lugar. É, de fato, notável. A Williams achou algum ritmo mínimo. E Alonso? A cada dia, muda a opinião sobre seu futuro. Até sexta, achava que ficaria de boa na McLaren. Diante dos ocorridos de sábado e domingo e as novas queixas, já tenho dúvidas. O cara não aguenta mais.

Que venha o próximo fim de semana. Monza. Mercedes como favorita na casa da Ferrari, por assim dizer. As corridas não costumam ser as melhores. Mas se ao menos for como este domingo, com atuações de classe, já está de bom tamanho.

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