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INTERLAGOS | Pode-se tirar uma série de conclusões a respeito da prova deste domingo pegando como ponto principal Hamilton. Que ele passaria todo mundo, não havia muitas dúvidas; agora, que ele terminaria a menos de 5s do vencedor, Vettel, era difícil crer.

O primeiro ponto a se imaginar é que foi um bem danado ele ter batido na classificação. Se tivesse largado ali na frente, que seja até mesmo em terceiro, a corrida seria um pano de fundo para completar as palavras-cruzadas da Coquetel e que Hamilton seria facilmente o mais rápido da pista com uma vitória meia volta à frente da rapa. Mas isso é um ponto que precisa de uma análise.

O segundo, fato, é como ele escalou o pelotão sem ter a menor oposição de grande maioria dos pilotos, que lhe abriam as portas tal qual uma comitiva oficial de uma visita de estado a um palácio real. Tirando Hartley e Pérez, que tentaram brigar bravamente — e tenho certeza de que Verstappen faria o mesmo tivesse pneus em condições —, o inglês teve vida fácil, tanto que só foi parar nos boxes na volta 43 num asfalto que beirava os 60ºC. Os demais foram um bando de bundões. ‘Ah, mas não valia a pena segurar’. Meu filho, que apenas defendessem decentemente a posição, honrassem a disputa. Stroll, por exemplo, quase foi na área de escape do S do Senna para sair da frente de Hamilton.

O terceiro, que mescla análise e fato, é como os três primeiros pareceram, na média, tão mais lentos que Hamilton. Se o inglês tinha o desempenho assombroso que indicou ter, isso depõe mais ainda contra Bottas. Fato: o camarada não foi capaz, depois de perder a posição na largada para Vettel, de atacar o alemão uma única vez. Depois dos pits, quando o finlandês parou uma volta antes, houve uma aproximação por meia volta que lhe permitiria sonhar em abrir a asa na subida da Junção e tentar no fim da reta principal, mas algum erro que a TV não mostrou no miolo provocou uma distância salutar ao adversário que não mais foi diminuída.

Peguei aqui o Race History Chart para destrinchar se Hamilton foi tão fora-de-série assim na corrida, também tendo como base que Vettel saiu da última posição no GP da Malásia.

Em Sepang, o piloto da Ferrari foi escalando o pelotão com relativa facilidade até empacar por algumas voltas atrás de Alonso. Com algum esforço, foi quarto colocado tendo uma única chance para passar Ricciardo e tentar o pódio. Não conseguiu, lá ficou, terminou a 37s do vencedor, Verstappen.

Aqui, Lewis foi, em tese, beneficiado com a pasmaceira provocada por Magnussen no Sol e Grosjean no Laranjinha. As voltas com o SC agruparam todo mundo e tiraram seis adversários da frente de Lewis logo de cara. A diferença na volta 5, da relargada, de Hamilton para Vettel era de 4s770; na 21, teve seu pico antes da parada nos boxes, 17s824. Quando todos se livraram dos pneus de início de prova, o maior ‘gap’ se deu na volta 44, quando o #44 estava a 18s323 de Vettel. No meio do caminho, o britânico passou Verstappen e chegou em Räikkönen na 66, distância de 4s725 para Vettel; de lá, não saiu.

Assim, seja 17s8 ou 18s3, com todo mundo fazendo sala para Hamilton e com pneus mais macios e conservados que os adversários na parte final do GP do Brasil, tirando 14s em 22 voltas (da 44 a 66), não é uma coisa que, minha nossa, como foi espetacular, magistral, fenomenal, brilhante e tudão. Fez o que se espera de Hamilton focado com um carro de prima, divertiu a ele e ao público. Foi o piloto da corrida, mas nada que se leve a pensar que foi de outro mundo ou de gala.

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