S18E06 Mônaco 1

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SÃO PAULO | Que homem é Ricciardo. Com tudo que Ferrari e Mercedes fizeram este ano nas cinco primeiras provas, não houve um domínio durante um fim de semana como o do australiano em Monte-Carlo nesta temporada. Quando a Red Bull não depende do motor, mostra que seu equipamento é no mínimo do mesmo nível ao das rivais. Segunda pole na carreira, segunda em Mônaco, e, principalmente, sem Verstappen para enchouriçar a vida.

Verstappen que segue 100% errático em 2018: em todas as corridas, teve algum incidente. Helmut Marko já se encheu do rapaz. O erro no TL3, igual ao que teve há dois anos, tirou de novo a chance de a Red Bull formar uma dobradinha — a anterior foi na China. Não adianta ser performático e rápido quando não se tem cabeça e não entrega os resultados.

Aí a gente pega a folha de tempos do Q1 e até vê que as distâncias gerais não são imensas, muito pelo contrário. Do melhor, Ricciardo, para o último, Magnussen, foi menos de 1s4. Mas quando se vê que os desempenhos/resultados de Leclerc, Sirotkin e Grosjean foram bem melhores, não deixa de ser um horror ver Ericsson, Stroll e Magnussen ocupando as posições 17-19. Sobretudo Stroll. A Williams tem uma draga em formato de carro e dois pilotos novatos que não sabem desenvolvê-lo. Mas aí o russo tem um desempenho mais do que excepcional, inesperado, enquanto o canadense que já conhece tudo de como funciona o ambiente leva esse caminhão – no que é permitido levar um caminhão na atual conjuntura – de tempo.

Stroll é ruinzinho. E não tem dinheiro no mundo que mude isso, pai.

O Q2 revelou que a estratégia da Mercedes seria largar com os pneus ultramacios, os roxos, os menos fofinhos, mas a primeira rodada de voltas rápidas viu que tanto Hamilton quanto Bottas ficariam fora do Q3. Os hipermacios, os rosas, os banhados em Comfort, foram necessários. Aí os prateados se garantiram e deixaram uma bela briga entre McLaren, Renault, Force India e a Toro Rosso restante. A qualidade de Alonso e Sainz os colocou na fase adiante. Hülk e Vandoorne ficaram para trás junto com Sirotkin, Leclerc e o queixante Grosjean.

Sempre é válido dizer que Romain segue emocionalmente inapto a guiar um carro de F1.

E no Q3, 1:10.810. É daqueles tempos que a gente marca. É daquelas voltas que a gente marca. E é claro que, contornando a Sainte Dévote neste domingo em primeiro, só uma maldade como a de 2016 tiram dele a vitória. Não tem como não gostar de Ricciardo pelo que é e pelo que guia.

A Vettel, coube o segundo lugar. O que ele não esperava era ter Hamilton ali em terceiro. Räikkönen, que vinha com desempenho pelo menos igual ao companheiro, mais uma vez falhou na hora em que valia de verdade. Bottas, que não se achou em nenhum momento, larga em quinto. O líder do resto foi Ocon, surpreendentemente. O francês precisa de um resultado que desentale a frustração de um possível pódio perdido em Baku e, ao menos, alcançar Pérez na classificação geral com esta Force India montanha-russa. Criador e criatura espanhola dividem a quarta fila, Alonso e Sainz. Pérez e Gasly fecham o top-10.

E lá atrás, Verstappen larga em último. A tática que seria interessante é a seguinte: já que os pneus, qualquer um deles, duram a corrida toda, o negócio seria largar com os ultramacios e parar logo no começo da corrida, tipo primeira volta, mesmo, botar os hipermacios e, lá atrás, distante de todo o resto, andar sem ninguém na frente virando rápido. Teria entre 10 e 15 voltas para ser livre na vida até reencostar no pelotão. Aí esperaria todo mundo parar e, então, ganhar as posições, se segurando do jeito que dá com eventuais pneus desgastados até o fim.

O pódio não deve ser muito diferente do grid de largada, o que é péssimo para as pretensões de Vettel. Se no ano passado, a Ferrari com entre-eixos menor sobrou nas ruas do Principado, hoje, com um carro similar neste quesito ao da Mercedes, ficou pouca coisa à frente. Tirar apenas eventuais 3 pontos da liderança de Hamilton no campeonato é pouco – ficaria 110 a 96. Ricciardo iria para 72 tentando sobreviver e sonhar estar na luta pelo título. Já é bom e válido fazer essas contas porque a classificação é mais de meio caminho andado na corrida em Mônaco.

E OK, é tradição, é história, é glamour, mas Mônaco não tem propriamente uma corrida. Que se estude uma nova versão do traçado, mas que pelo menos se tenha um lugar claro em que possa haver uma ultrapassagem e diferenciar a prova de, por exemplo, uma procissão de Ramos. Hoje, do jeito que é, é enfadonha e maçante — e pela qual todos torcem por um acidente que mude as coisas.

Comentários

  • Se tem uma coisa que Helmut Marko não tem, mesmo, é paciência. Periga Verstappen ter que mandar currículo no final do ano. Consegue lugar? Consegue, sem dúvida. Não sou nada fã dele, mas admito que o cara é bom, muito bom. Mas não vai a lugar nenhum se achando do jeito que se acha. Periga terminar a carreira como um Jean Alesi, eterna promessa que não desabrochou.
    E sou obrigado a concordar com o nobre autor quanto a inabilidade psicológica do bravo Grojã. Ainda mais numa pista que, até onde lembro, nem piloto nem equipe se acham.
    Não duvido de mais de uma dança das cadeiras antes do final do ano. Mas aí ficam as dúvidas.
    O xerifão taurino teria coragem de tirar o show-man dele no meio da temporada? Improvável. Mas não impossível. Ele já provou que compaixão também não é uma das suas virtudes. Não tem pena de cortar cabeças. Cortaria a própria, se fosse preciso.
    Mas acho que a primeira cabeça que rola pelos pastos de lá será a do Hartley. Já ouvi em algum lugar por aí que um nome pra lá seria Wehrlein. Alguém que costuma andar mais que o carro seria interessante pra saber o real potencial das latinhas austro-ítalo-japonesas.
    Se a segunda cadeira a esvaziar for a do Grojã, quem entra? Não faço a mínima ideia.
    Eu faria um acordo com a Ferrari/Sauber/Alfa Romeo (que, no final, é Ferrari), já que há essa ligação motor-equipe-grana entre as três equipes, e traria o Leclerc pra uma espécie de “estágio intermediário” numa equipe menos pior. Quem entra na Sauber pra ser o companheiro da Cuca (Ericsson)? Ele escolhe, já que é ele mesmo que manda na equipe… Seja quem for, vai ser como cachorro de madame, vai tomar uma lavada e uma escovada por corrida do companheiro.
    Dá pra comentar sobre a Williams? Tá dando pena. Aliás… Dá pena, não. Eles decidiram assim. Prezaram a grana acima de tudo. Dois novatos sem brilho, um carro que é uma bomba e mais desgoverno que país continental de terceiro mundo. E quando tem um brilhareco, a equipe faz bobagem, como a punição que o Skavurska tomou logo no começo. O processo de Manorização segue a pleno vapor. Assim ela vira Osella já no ano que vem.

  • Depois de 4 corridas coletando dados para o desenvolvimento do carro para tudo ser – e foi – aplicado no gp espanhol eu esperaria a McLaren forte no principado, afinal dinheiro não falta. A McLaren , dotada de motor Renault como os taurinos, já devia estar andando bem próximo da Red Bull, em Monaco então com Alonso ao volante – sim o espanhol faz diferença- devia andar igual. Ver o Alonso no meio do bolo neste tipo de traçado só confirma, o chassi do carro laranja não é bom.

  • Não acho que Mônaco precise de ultrapassagem pra ser legal. Ver os caras andando rápido naquelas vielas, ja vale a pena assistir.