S18E09 Áustria 2

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SÃO PAULO | O interessante GP da Áustria assim foi por três fatores, na ordem: 1) o problema no carro de Bottas que provocou o estado de VSC na corrida; 2) a pescada da Mercedes que não chamou Hamilton no período de VSC; e 3) os problemas nos pneus macios – que, estranhamente, desgastavam mais que os pneus mais macios que estes.

Até a Mercedes #77 abrir o bico com o câmbio na 2ª marcha, a prova já se desenhava prematuramente enfadonha, com Hamilton levando certa vantagem para o companheiro. Aí, as coisas ficaram tão indefinidas que se imaginou uma dobradinha da Red Bull em casa, depois um Hamilton assanhado e com sangue nos olhos partindo para uma corrida de recuperação, de repente todo mundo na neura se deveria parar ou não por causa das bolhas nos pneus e até mesmo Räikkönen chegando para disputar a vitória com Verstappen.

Ótima corrida por todos estes fatores. Melhor que o GP do Azerbaijão? Não.

Aos pontos principais, pois: a largada teve um Räikkönen assanhado que ficou ensanduichado pelas Mercedes e até parecia pegar a ponta. Bottas largou pessimamente. No fim, Hamilton contornou a primeira curva na frente e Kimi errou. Permitiram que Verstappen ali aparecesse. Räikkönen tentou se recuperar, pegou o vácuo de Hamilton e na freada da curva 2, errou de novo. Max pulou para segundo momentaneamente, mas aí Valtteri foi quem apareceu com tudo em riste para logo aparecer na frente do holandês. Kimi desgraçada e erroneamente caia para quarto. Pior ainda, Vettel tentava retomar as posições perdidas para as Haas de Grosjean e Magnussen. Conseguiu perdendo algum tempinho. Ainda teve tempo para Ricciardo se assanhar e superar Räikkönen.

Foi, então, que começou a desgraça em tons pratas. Bottas se viu em uma “piada ruim”, como definiu depois aos jornalistas. . A direção de prova acionou o safety-car virtual e as rivais da equipe prateada partiram, espertamente, para o esquema de duplas paradas, chamando os quatro pilotos para os pits. O engenheiro de Hamilton não se ligou para chamá-lo para os boxes e foi obrigado a admitir sua culpa assim que Lewis se viu mergulhado na merdaDe primeiro, Hamilton caiu para quarto. Começou a ter perda de potência. Viu seu pneu traseiro esquerdo como o de Ricciardo: cheio de bolhas. Perdeu a posição para Vettel em rápida e boa disputa. Foi aos boxes. Quebrou.

Enquanto isso, a Ferrari, que vinha discreta, não teve só sorte: começou a andar decentemente. Mas estavam longe demais de Verstappen, que soube conduzir lindamente uma Red Bull que até tinha problemas nos pneus – tanto no traseiro esquerdo quanto no dianteiro direito. Novamente: o fator pneu é decisivo no campeonato, e hoje, mais uma vez, vimos que a Ferrari consegue cuidar melhor deles. Nem Räikkönen nem Vettel tiveram problemas tão acentuados como os dos carros de Red Bull e Mercedes. Por isso, Kimi foi capaz de encaixar uma sequência de voltas rápidas no fim a ponto de se imaginar que poderia até ganhar a prova.

Uma análise rápida sobre cada um do top-6.

Verstappen: terceira corrida seguida que não apresenta nenhum problema depois de uma sena atribulada. Se continuar guiando assim e, principalmente, fechar a boca de bagre e tentar ser menos infantil e vazio, é o cara que todo mundo curte ver pela qualidade imensa que tem guiando um carro de corrida. Hoje teve sorte e juízo. Herdou a vitória na hecatombe da Mercedes e levantou o mar laranja nas arquibancadas.

Räikkönen: terminar em segundo diante de um começo de prova à Räikkönen, ruim, fraco, entregue, é uma recompensa. Pelo seu ímpeto no fim da prova, até dá impressão de que, na parada nos boxes, colocaram outro piloto ali. Ainda assim, o Kimi do fim do GP da Áustria é peça rara. Leclerc, que foi décimo hoje passando todo mundo lá atrás, é mais que este Kimi animado.

Vettel: uma corrida relativamente apagada e que só viu o verdadeiro Vettel quando foi para cima de Hamilton. Em condições normais, terminaria em sexto e veria sua diferença para o rival abrir mais e mais no campeonato. E no fim das contas, teve uma sorte danada: volta a ser líder na quarta troca de líderes na classificação geral.

Hamilton: azar puro. Não há muito que definir. Assim como já teve sorte ao vencer no Azerbaijão, hoje perdeu uma corrida por fatores externos. A equipe cagou em seu capacete duplamente. O que vai fazer com que vá com tamanha gana para Silverstone que deve dar dó do resto.

Ricciardo: outro que teve má sorte similar à de Hamilton: primeiro, os pneus que desgastaram rapidamente; depois, o câmbio que mais uma vez lhe tira importantes pontos. Era sonho brigar pelo título? Era. O sonho já era? Já. Esquece. A vitória que seria dele até pela ‘mística’ do campeonato caiu no colo do companheiro.

Bottas: soma o azar de Hamilton com o de Ricciardo, eleva ao cubo, bota uma pitada finlandesa, e voilà. É inacreditável o que acontece com este rapaz. Simplesmente isso. Embora tenha largado muito mal, recuperou o prejuízo rapidinho. Amargaria mais um segundo lugar nas CTNP. No fim, deve ter buscado no Google a primeira mãe-de-santo que atende ali em Spielberg e tira zica com banho de leite poderoso de vaca rígida casos pesados e duros como o dele.

Sobre o resto. Grosjean em quarto. Grosjean. Em. Quarto. Milagre. Finalmente, na nona prova do ano, com o quarto melhor carro da F1, o francês tira seu nome do zero. Pouco se viu sobre a corrida de Romain, mas isso já diz muito: ele não fez nada de errado. Magnussen o comboiou e terminou em quinto. O resultado que era para ter vindo já na Austrália acabou acontecendo agora para a Haas. Que não teve adversários no fim da semana.

A Renault falhou miseravelmente em todos os pontos. O carro não andou no ritmo da Haas, penou para alcançar a Force India e teve queda de rendimento com Sainz no fim da prova. Hülkenberg, coitado, viu seu mundo esfumaçar com um motor que não promove festa alguma. Melhor para os carros rosáceos de Ocon, sexto, e Pérez, sétimo.

Ver Alonso em oitavo é algo inimaginável. Porque na primeira parte da corrida, lá estava ele em parco 19º lugar, sofrendo para acompanhar Hartley. Aí ele pediu à equipe que mudasse a estratégia. Não que a McLaren tenha feito realmente alguma coisa, mas o grande trunfo, no fim das contas, foi ver que os pneus não provocaram bolhas como os de quase todo mundo. Com a qualidade fernandônica de ser, foi escalando o pelotão até chegar na zona de pontos. Conseguiu passar as Sauber de Ericsson – que superou o ótimo companheiro no apagar das luzes – e Leclerc.

Semana que vem tem mais. Tem uma Copa rolando e um jogo que esperei 16 anos por vir. Mas o domingo é de alegria por uma corrida de F1 que entregou algo bom, ainda mais depois de uma da MotoGP que foi excepcional.

Comentários

  • Claro que todos sabem que não gosto do Idiota Veloz Espanhol, porém o 8o. lugar é pura obra do acaso, um monte de gente quebrou e até mesmo o cidadão disse que não entendeu o porque os seus pneus não criaram bolhas, o que infernizou o resto que estava a sua frente.

    Como minha Mãe sempre diz: “devagar se vai ao longe”

    O carro no. 14 fez isso.

    Mclarem e Williams juntas, com os mesmos problemas e virtudes (motores de F-1), inclusive aquelas pecinhas que ficam entre o banco e o valante, duas parelhas incapazes de fazerem os carros evoluirem.

  • “Se continuar guiando assim e, principalmente, fechar a boca de bagre e tentar ser menos infantil e vazio…” Putz grila! O moleque tem 20 anos e querem que aja como s tivesse 50. O moleque é fera e estava numa maré de azar. Veja Schumacher no começo de carreira.

  • Victor,
    Entendo que as quebras e erros tornaram o Gp insandecido, mas não concordo com a afirmação de que a F1 conseguiu ter uma corrida boa após o espetáculo da Motogp (essa sim uma corrida de verdade), porque, na moto as disputas foram pau a pau o tempo todo e, recorrentes… as corridas da moto são assim em todas as provas, já a F1… ontem o que fez o Gp ser elogiado foi justamente as coisas que só acontecem uma vez a cada 40 corridas ou mais, um erro amador de estratégia da equipe Mercedes, duas quebras mecânicas da mesma equipe, e um vencedor que não tem carro para ganhar corridas, então foi tudo ilusório, uma amostra do que não se vai ter na F1, inclusive isso tudo deixa muito claro o quão mortal e prejudicial é para a categoria a regra de 3 motores por temporada… isso foi a pá de cal, porque, obriga as equipes a fazerem motores indestrutíveis, e em decorrência, não vemos mais quebras como as de ontem, motor tinha que ser uma coisa simplificada e barata e com número alto permitido de unidades, e ser usada no limite extremo, o que naturalmente traria muitas quebras e mais disputas roda a roda, do jeito que está além de não vermos carros quebrarem por motor (ou muito raramente), a obrigação de economizar pé para não moer o motorzinho faz os caras não irem para cima (sem falar do bizarro e ininteligível limite de gasolina), sendo assim esse GP da Áustria foi um “ocaso de acasos”, e não veremos outro GP tão imprevisível como esse por um longo tempo.

  • A fórmula 1 só é boa se da merda??? Se alguém quebra, bate em outro ou da problema em pneu??? Corrida em que o 4 leva uma volta do vencedor… que grande porcaria que tá a fórmula 1! A hora que o Kimi aposentar, nunca mais assisto isso aí…

  • hoje Verstappen diria assim pra vc, palestrino: ” vcs vão ter q me engolir”..
    nada como um dia após o outro.
    Gosto muito do seu trabalho, Victor, principalmente na conduçao lá do paddockgp no youtube.
    Eu só discordo com vc na parte do vazio e imaturo..O holandês é um espetáculo a parte como piloto..pra mim a análise dele sempre vai ser pelo o q ele faz na pista..o q ele fala é totalmente secundário, principalmente pra analisá-lo como piloto mesmo.. o cara tem 20 anos , vai evoluir demais …o australiano companheiro e belo piloto tb tem 29 anos, já é um piloto formado..
    gosto do seu humor tb Victor.. aposto 3 guaranás tubaína que o Verstappen termina o ano com muitos pontos à frente do Ricciardo.. E o Ricciardo vai ter q renovar com a Red Bull e ainda ganhando menos q o holandês.