S18E10 Inglaterra 1
SÃO PAULO | A classificação do GP da Inglaterra foi inesperada e docemente melhor do que desenhava. Aquele Hamilton mordido e feroz pela derrota da semana passada estava ali, mas junto com ele veio um par de Ferrari igualmente fortes. Vettel mesmo disse após a classificação que não imaginava brigar pela pole depois dos resultados do TL3. Räikkönen saiu descontente com seu desempenho. O alemão tinha 0s058 de frente depois da primeira tentativa no Q3. O inglês foi ao rádio perguntar se havia alguém para lhe fazer vácuo e teve uma resposta negativa. No peito e na pista, adaptando o que diriam para Lédio ouvir, Lewis tirou o doce de Seb. E ambos poderiam ter ficado na mesma chupando o dedo se Kimi não tivesse feito um mau segundo setor na volta final – foi o melhor tanto no S1 quanto no S3.
Considerando que nenhuma evolução gritante foi levada pela Ferrari a Silverstone, essa presença pode ser explicada no combo pneu-temperatura. Note que nenhuma das equipes resolveu adotar a tática vista nas classificações de usar o segundo melhor pneu do fim de semana no Q2 para largar com eles. Neste fim de semana, os pneus macios (amarelos) são os mais rápidos, acompanhados dos médios (brancos) e dos duros (azuis). Para uma estratégia de uma parada, é melhor largar com os compostos mais rápidos e usar, depois de 10 voltas, os duros até o fim da prova — porque, com este calor, pode ser que os médios não aguentem o tranco e requeiram uma segunda parada. A Mercedes, que era adepta daquele estratagema, entendeu que largar com médios e trocar por duros não era a melhor coisa a se fazer. E a Inglaterra vive uma onda de calor daquelas que só veem uma vez por verão. Mais de 50ºC na pista são mais favoráveis à Ferrari do que a Mercedes, que oscila diante de temperaturas muito altas ou muito baixas.
Enquanto isso… alguém viu a Red Bull?
Bem, o Q1 teve os meninos da Williams sofrendo. Não é fácil ser Stroll ou Sirotkin, tadinhos. O primeiro cometeu um erro dos velhos tempos, bloqueando as rodas no mesmo lugar onde Hartley viu a Toro Rosso esfacelar e dar no meio da barreira de pneus; o segundo escapou e rodou logo depois que os boxes foram reabertos, deu pinta de que tinha batido, sujou o carro de areia, voltou aos boxes e ainda teve tempo de dar uma volta rápida, por assim dizer. Lance larga em penúltimo sem tempo; Sergey é o antepenúltimo. Uma lástima. E Vandoorne, então? Esse rapaz tem sido uma decepção. Não acompanha o ritmo de Alonso – hoje tomou longos 0s9 do companheiro – e sempre se vê eliminado junto com as Williams. Não é à toa que em nenhuma situação até agora seu nome é ventilado a permanecer – a McLaren já foi ciscar atrás de Ricciardo, Räikkönen e tem Norris na fila para subir da F2. Stoffel parece não pertencer à ótima geração belga. Sainz ficou devendo e parou no meio do caminho . A Renault, que tanto disse que ia brigar pelo quarto lugar no campeonato com a Haas, experimenta uma queda acentuada em seu trabalho. O motor novo não é bom. O carro não evolui como o esperado.
Hülkenberg, por exemplo, passou ao Q2, mas não figurou nunca entre os dez primeiros. Tirando o trio-de-ferro e a Haas que anda no ritmo de Ricciardo, o alemão não teve equipamento suficiente para ficar à frente de Leclerc e Ocon.
Leclerc.
É o nome da F1 no momento. Anda num ritmo espetacular com um carro é visivelmente pior que o de Renault e Force India. Já põe com constância as duplas de Toro Rosso e McLaren no chinelo. Se a Ferrari não assinar com ele já, qualquer outra equipe deveria considerá-lo para o ano que vem. É da mesma ótima safra de Ocon e Verstappen – este, claro, quando tem a cabeça em dia e a boca fechada.
Ericsson? Ficou no Q2. Atrás da problemática Toro Rosso de Gasly. Ambos logo atrás de Alonso, que não tem muito o que fazer com essa abóbora. Chega a dar pena o que esse menino sofre…
Na parte final, o monopólio da briga Hamilton-Vettel-Räikkönen deixou o resto pra lá. Lewis estava tremendo e visivelmente emocionado assim que desceu do carro. Fazer uma pole em casa, por mais que lhe seja rotineiro, é sempre algo a mais. E é claro que ele se torna o favorito à vitória. O problema é que o domingo vai ser mais quente que o sábado, e se a Mercedes tinha alguma vantagem pela seleção dos pneus mais duros – como se viu na Espanha –, há de se dissipar na corrida. Vettel, obviamente, é seu adversário, e a Ferrari vai ter de fazer muito bem a lição de casa para analisar o momento em que vai parar para trocar os pneus. Pelo desempenho ruim de Bottas, Räikkönen deve ficar ali em terceiro, cozinhando o galo. Pelo desempenho ruim de Ricciardo, Verstappen vem para ser quinto colocado numa prova solitária. As Haas vão ficar ali em sétimo e oitavo com Magnussen e Grosjean. A briga vai ser boa a partir de Leclerc e Grosjean.
Palpite? A liderança do campeonato vai mudar pela quinta vez.
No começo da temporada Vandoorne andava perto do Alonso, com a falta de evolução do carro, o belga fica também com o que sobra, atenção total ao espanhol, lembrando Ferrari em 2012,13 o Massa parecia um piloto acabado e quando se separou de Alonso deu pra ver que não era bem assim
Victor, os pneus azuis não seriam de chuva?
Não, pois este ano foram introduzidos os super duros, que são os de faixa laranja, que era a cor dos duros dos anos anteriores, com isso colocaram uma faixa azul clara nos pneus duros deste ano.