Para falar de corrida

SÃO PAULO | Deu a lógica. Porque se Sebastian Vettel tinha o carro mais pesado dentre os dez primeiros e largava na pole na Inglaterra, significava que tinha um equipamento superior em relação aos demais.

Mas um segundo por volta, como aconteceu no começo da prova, é superior demais.

Demais a ponto de pensar que a Red Bull atingiu um estágio, com essa nova configuração aerodinâmica, semelhante ao da Brawn no começo da temporada.

O que deve reacender o campeonato, que parecia fadado ao marasmo e destinado a Jenson Button tal como o toque abrupto que se dá a um embriagado em aclive, o popular empurrão em bêbado em ladeira.

Vettel sobrou, e não vejo melhor palavra para definir sua fácil vitória hoje. Foi só se manter na ponta na largada para despachar o resto. Ainda contou com Rubens Barrichello à frente de Mark Webber para afastar qualquer possibilidade de ver o companheiro em seus retrovisores.

Barrichello fez a corrida que dava para ser feita. Não se pode dizer que suportou a pressão de Webber no primeiro trecho de prova porque não houve pressão do passivo australiano, que preferiu a estratégia nos pits para ganhar o segundo lugar e completar a dobradinha touriana. Curiosamente, Barrichello foi muito melhor que Button no fim de semana na casa do inglês.

E mesmo apagado, Button ainda levou três pontinhos. Viu a diferença para Vettel cair para 25 pontos. Restam oito provas para o final. É muito, ainda, mas, sacumé, corrida é corrida, como diria o outro. E com essa Red Bull destoando, agora, é bem possível que a F1 tenha uma inversão e um cenário trocado para sua segunda metade de Mundial.

O que é ótimo, porque pelo menos a gente pode falar de corrida, finalmente. Ainda que ela não tenha sido um esplendor e um mar de emoções.

Comentários

  • ….com os touros vermelhos chegando…a Brawn certamente vai estabelecer o trabalho de equipe, no que está muito certa. Agora, oficialmente (mesmo porque não teve competência pra andar na frente), Rubinhozinho será o escudeiro de Button.

  • Ah, e detalhe: a melhor volta do Button, que foi 4 décimos mais alta que a volta melhor do Vettel, ocorreu a passagem 57. Depois, ele ficou preso atrás do Rosberg, o que já me faz deduzir que ele poderia ter baixado ainda mais esse tempo. O que significa que, caso fosse o inglês no lugar de Barrichello, a diferença de tempos não seria estrondosa do jeito que foi, e a vitória da Red Bull não seria tão fácil como foi.

  • O ritmo da Red Bull era mais forte, mas nem tanto assim como parecia. O que destacou tanto as diferenças de tempo foi o ritmo de corrida lento do Barrichello, que ficou segurando todo mundo atrás de si. Tanto é que o Rosberg, com pista mais limpa, conseguiu virar um tempo 3 décimos acima da melhor volta do Vettel, com uma Williams.

    E o Button, no fim, com um carro já bem mais desgastado, no único momento em que teve pista livre na prova, virou um tempo 4 décimos mais alto que o que Vettel virou antes do 1º pit. Ou seja: a Red Bull foi superior, mas dava para andar mais próximo deles. O frágil ritmo de prova de Barrichello é que não lhe permite.