Irônico

SÃO PAULO | And isn’t it ironic?, diria a Alanis Morissette antes de cantar que é como a chuva bem no dia do casamento sobre o fato de Nelsinho Piquet conseguir largar à frente de Fernando Alonso bem na corrida que deve marcar — que vai marcar, ao que tudo indica — sua despedida da Renault. E antes do fim do casamento, foi a chuva quem propiciou tal feito.

Aliás, fosse o Q2 a definição do grid, uma inacreditável primeira fila entre Rubens Barrichello e Piquet seria formada. Diriam que foi o Twitter que deu sorte. No fim das contas, Piquet larga em décimo, oito postos atrás do compatriota brazuca e rival de seguidores no microblog.

Irônico, mesmo, é que Nelsinho já teve muitos momentos piores na F1 e já deu mais motivos para sair da Renault do que este. Seus desempenhos atuais não têm sido tão abaixo de Fernando Alonso a ponto de justificar uma saída desta maneira. Há de fato uma cláusula no contrato de Piquet, como disse em 22 de abril no Grande Prêmio, que dava chance a Flavio Briatore defenestrá-lo se Nelsinho não fizesse pontos. É o caso. Mas nem Alonso tem conseguido.

Consciente de que o que fizer amanhã pouco deve mudar sua situação, o negócio é fazer a corrida da vida. Com a previsão do tempo apontando mais chuva, é possível. O problema é que seu retrospecto neste tipo de condição não é dos mais favoráveis — é só lembrar do “festival de rodadas” da China.

Mas é Nürburgring, que proporciona momentos únicos nas carreiras de muitos pilotos. Tipo a primeira vitória de Jacques Villeneuve, a primeira da Stewart com Johnny Herbert, as voltas na liderança de Markus Winkelhock em sua estreia na F1 pela Spyker, só para citar exemplos mais recentes. Já começou com a pole inédita de Mark Webber. Que, coitado, merecia já há algum tempo. Bem como Adrian Sutil, sétimo. Vijay Mallya deveria pintar a foto do rapaz no motorhome da Force India, mesmo se confiscado pela polícia alemã.

Logo mais, os palpites. Mas tudo leva a crer que vai ser a melhor corrida do ano. Se houver alguma “discordenação”, os caros internautas podem se manifestar.

Ah, a ironia.

Comentários

  • Concordo com o Conrado e ainda acho que tem trabalho correndo por fora: batalhando vaga em alguma outra equipe. talvez Willians! pegando a oportunidade da saida do Nico.

  • Na minha opinião o Brasil precisa é de pilotos que realmente tenham aptidão para correr e não sejam apenas filhos ou parentes de pilotos famosos, pois isto não é prova de que são bons pilotos e sim sim os obriga a estarem sempre correndo atraz de um objetivo que não é realmente seu.
    Ps. Nada contra nenhum piloto, apenas acho que se deve dar valor a pilotos anônimo ( de carreira e não de nome ).

  • Duvido muito que o Piquet saia da Renault no meio de uma temporada e, me arrisco a dizer que ele não sai da F1 por algum tempo. Seja na Renault ou em outra equipe. Afinal de contas, tem dinheiro, talento (ao contrário do que mtos pensam) e hoje, acumula experiência do lado de Fernando Alonso.

    Sua situação na equipe sempre foi muito³ desfavorável (em poucas palavras: carro medíocre; segundo carro; segundo piloto; Alonso; Briatore) e ele está começando a botar as mangas pra fora como um homem, reclamando da Renault e desrespeitando ordens de equipe.

    O que ele está sofrendo na Renault não é brincadeira e isso vai dar uma bagagem monumental pra ele mais pra frente. Escrevam o que estou dizendo. Talento em duelos ele já comprovou, não só passando Hamilton lindamente recentemente, como tb em outros duelos mesmo no ano passado que “ninguem” viu. Se puderem, assistam Turquia, Canadá e França, do ano passado, só a título de exemplo. E lembrem-se de que ele estava a um ano sem ritmo de corrida.

    Ritmo de corrida é algo tambem dependente do carro. Quando o carro está bom, ele é bem regular. O que ele fez na Alemanha ano passado, além de contar com a sorte do SC, foi impôr o segundo ritmo de corrida mais rápido naquela ocasião, mais rápido que Massa, só perdendo pra Hamilton. Alonso sofrera.

    Desde o ano passado que ele tem alguns lampejos de um muito bom piloto, só não vê quem não quer. Além disso, nunca foi um mal piloto em categoria alguma pela qual passou. A disputa da GP2 com Hamilton foi de tirar o chapéu. Teve ‘paitrocínio’ mas nunca foi filhinho de mamãe como o próprio Rubens.

    Já falei: avaliação não é só resultado. No caso da F1, cada volta, cada situação e contexto importam muito. Nelsinho sempre foi muito prejudicado na F1 e ninguem leva isso em consideração.

    É um piloto em ascenção.

  • É engraçado que, hoje, o Nelsinho Piquet reclama pelo fato de ser preterido da equipe e que o Fernando Alonso é o centro das atenções. Realmente não há dúvidas que o espanhol é o primeiro piloto, haja vista o histórico do hispânico a frente da escuderia francesa. Agora o que é realmente intrigante é o fato do Nelson Pitquet (Pai) criticar tanto o Rubens Barrichelo por ser chorão, reclamando de tudo e, sendo também, deixado de lado como o seu filho. Desta vez quem se encontra na mesma situação que o Barrichelo nos tempos da Ferrari é o seu próprio filho. E o que é pior: Nelsinho está na iminência de perder o seu emprego. Isto também não é irônico?

  • eu sou fã do Alonso, mas com a simpatia do Nelson no twitter, fiquei feliz de vê-lo correndo bem! espero que amanhã dê tudo certo pra ele!

  • Caro Vitor,

    como já escrevi antes aqui e no blog do Gomes eu to apostando que a Renault vai tirar o time de campo … aliás citei seu blog como fonte da notícia já a tempos atrás.

    Acho uma puta sacanagem essa saida do Nelsinho no meio da temporada … mas o fato é que com a saída do Alonso, crise mundial, as picaretagens do Briatore e tal … a Renault vai jogar pra sua torcida doméstica, dando visibilidade a um jovem frances (que é suiço) antes do apagar as luzes !!!!

    De fato tbém é que ele não vai fazer nada (só se tiver mais sorte) até porque piloto por piloto o Nelsinho é melhor !!!

    Gde abraço
    JCS

  • Bom, se não me engano o Piquet venceu na GP2 em Silverstone (corrida do sábado e corrida do domingo) em condições de chuva, tendo à época o Hamilton como oponente.

    Esse retrospecto não é ruim como você pinta, Martins.

    Interessante: NINGUÉM lembra do Kovalainen na hora da degola por antecipação. E o Bourdais é outro cara bom de serviço (palavras do Ricardo Divila, que já trabalhou com ele) que volta e meia é dado como morto por vocês todos.

    Um pouco de pé no chão, por favor. Até pelos motivos das anunciadas degolas. F1 é competição, dinheiro e política. Mais os dois últimos do que o primeiro, como vocês, que tem como profissão buscar os fatos para a gente, já sabem.

  • A estória do Herbert é essa mesmo, mas venceu em dois templos. Pode morrer sorrindo!

    Será um corridão, certamente. Tomara que nego não erre demais na pista molhada – seria fantástico ver todo mundo brigando, variando táticas de pneu, peso. As Red Bull estão muito bem, mas condições instáveis promovem equilíbrio. Amanhã, além da torcida normal, vou torcer muito pelo Adrian Sutil.

  • Vai ver é a mística do circuito que garante isso, hehehe.

    Só uma correção, o Herbert ganhou duas corridas pela Benetton em 95, em provas que as duas Williams e o Schummy abandonaram/tiveram problemas. Inglaterra e Itália, se não me engano.