Barrichello: “Massa parecia meu pai”

SÃO PAULO | Rubens Barrichello, 8 anos e poucos dias mais velho, já viu em Felipe Massa a figura de um pai. À beira da aposentadoria pela falta de perspectivas, até propenso a assinar com qualquer equipe só para continuar na F1, Massa, 28 anos, aconselhou o amigo mais velho a desistir.

A cena aconteceu durante o fim de semana do GP do Japão do ano passado e foi contada por Barrichello na tarde desta quinta-feira (15), com direito a demonstração. “O Felipe me abraçou na corrida de Fuji e falou: ‘Véio, não se dê o direito de guiar um carro que não vai, você já mostrou tudo’. Parecia meu pai, e falando com carinho”, revelou o “filho”.

Barrichello manteve a esperança de conseguir algo na equipe que surgisse da Honda. Foi em março que acabou vendo que havia feito bem em não seguir a cabeça de Massa. “Eu estava sentado num cantinho que eu gosto da casa, num momento de meditação, não zen, mas tranquilo, e o Ross Brawn ligou numa quarta-feira pra falar que ele poderia confirmar que eu era o piloto convidado a guiar. A partir daquele momento, a Silvana (esposa) falou que não acreditava mais, e acho que ninguém mais acreditava.”

Perguntei a Barrichello, então, se ele chegou a pensar como sua mulher. “Eu não sei se é do brasileiro ou do ser humano em si, mas todo mundo tem uma vozinha branca e uma vozinha vermelha, um falando que vai dar, outro falando que não vai dar”, exemplificou o piloto a caracterização do anjo e do diabo. “Eu sempre fui muito positivo e quando falava com o Ross, no topo daquelas entrevistas que diziam que o Bruno (Senna) tinha assinado, mantive o pé no chão e ele deixava bem claro: ‘Faça exercício. Esteja pronto para uma ligação’.”

E tudo que Barrichello, diante da voz profetizante de Brawn, fazia era “dormir bem de noite”. “Mas do que não querer parar, eu queria continuar. Então foi com muita ajuda de amigo, de leitura, numerologia, que eu adoro, foi indo assim”. Por isso, independente do título ou não, Barrichello vê o ano como uma conquista “Não querendo tirar o meu ‘corpo’ da reta, este é um ano vencedor.”

O detalhe da tal demonstração é que eu, ao lado de Barrichello na entrevista, fui o Massa da história. Recebi o abraço. Oh!

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