I am (in) Indy, 3

INDIANÁPOLIS _ A quarta-feira à tarde foi muito mais movimentada que a do ano passado, quando o público começava ainda a montar acampamento e fazer do porta-mala de seus carros uma bandeja para seus comes (gordurosos) e bebes. Contribuiu para o inchaço o fato de a programação mensal ter sido condensada em 15 dias, o que traz todo mundo para a cidade dentro do Indianapolis Motor Speedway.

Mas a invasão brasileira por estas terras começa a ser sentida neste povo que imprime uma torcida tresloucada, ao passo que a aura da representante principal já não é mais intocável.

Faz três anos que Helio Castroneves se tornou figura nacional ao ter ganhado o Dancing with the Stars. Quem só via aquele reality show não o esquece — mal comparando, para o caso brasileiro, é difícil lembrar quem venceu o BBB7, digamos assim. Aí aconteceu todo aquele episódio judicial que o pôs perto da cadeia e terminou, meses depois, com a terceira vitória em Indianápolis. Não é exagero dizer que Helio tornou-se um ídolo nacional no mesmíssimo patamar que Danica Patrick. E não é de se duvidar que esteja acima.

Porque, como se diz à boca pequena aqui e ali, a máscara de Danica já está caindo. Isso aconteceu principalmente dias atrás, quando deu uma entrevista para a mídia de Indianápolis, com o som ao vivo para o autódromo. Perguntada sobre seu desempenho discreto, para não dizer ruim, a pilota atacou, na tarde de sábado. “A culpa não é minha. O carro parece um skate na pista. Nunca andei tão mal aqui”, e tornou a repetir, apontando os culpados. “O problema é o acerto, não é o carro. A culpa não é minha.”

E Danica lidava com as vaias.

Naquela noite, Danica voltou a ser crítica com seu grupo. “E por que vou mentir pra vocês?”, chegou a falar quando confrontada se não fazia parte de um time, a Andretti. Seu companheiro mais experiente, Tony Kanaan, foi seu maior crítico. “Acho que ela está arrependida do que falou. Ela tem de pensar antes de falar”, e TK, centrado, foi dando as explicações no mesmo tom professoral que tem na equipe que em Indy tem cinco carros.

Pois Tony tinha muito mais motivos para reclamar, já que naquele momento não tinha vaga no grid. Para piorar, bateu no domingo pela manhã, e num domingo que beirou os 40ºC, teve de torcer muito para não ficar fora da Indy 500 com um carro reserva todo rebocado.

A cada ida de Kanaan à pista, urros e aplausos. Os demais rivais que faziam o mesmo eram secados pelos torcedores. No fim, a classificação suada trouxe uma situação que o baiano nunca viveu. “Não sou de chorar como os outros brasileiros, mas hoje eu posso dizer que vivi uma emoção ao ver toda essa gente me apoiando.”

Hoje Danica veio à sala de imprensa do IMS e se sentou ali do lado de Ryan Hunter-Reay e do chefe Michael Andretti, os três para apresentar uma nova parceria do time para o resto da temporada, com uma empresa de telefonia. Claro que a imprensa presente perguntou sobre sua atitude. A resposta ainda se manteve na mesma linha, embora mais politizada. “O carro está com problema, mas ainda haveremos de resolver”.

Dificíl que o público não torça do começo ao fim para quem larga no começo, Helio, e no fim, Kanaan — agora último pela troca do chassi. Danica, a queridinha, que só ganhou uma corrida em todos estes anos, e cuja fama de invocada e antipática ganha ares, virou segunda opção. Naturalmente.  

PS: Agradeço ao Google por me lembrar da vitória de Diego Alemão no BBB 7.

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