I am (in) Indy, 6

INDIANÁPOLIS _ Ali no Plaza Chalet do Indianapolis Motor Speedway, Sebastián Saavedra respondeu com uma pergunta a apresentação que fiz, em espanhol. “Você prefere que eu fale português?”. O colombiano tem lá o sotaque característico dos hispânicos que tentam falar a nossa língua, mas se expressa muito bem.

Não é nada relacionado com parentesco. Saavedra viveu em São Paulo por dois anos. “Em 2003 e 2004 eu disputei vários campeonatos lá, o Paulista, o Brasileiro de Kart. Foi uma época bem legal”, comentou. Morava a 15 minutos da pista de Interlagos. Gostou de lá?, e o piloto sorriu, silabando um “adorei, cara”. “É minha segunda casa. Falo para todos que foi uma experiência muito bonita.”

Saavedra é pródigo, então, em experiências bonitas. No domingo passado aqui em Indianápolis, só tinha o limbo como chão por não ter como defender sua posição no grid, face a batida que sofreu nos treinos livres durante o Bump Day. Então em 33º, Sebastián poderia ser superado por três carros, que brigariam entre si para participar da Indy 500, enquanto partia para o hospital para os exames de rotina sem ao menos ter um carro reserva para tentar algo. O próprio explicou.

“Eu trabalhei muito forte para achar o acerto perfeito e dar uma nova volta de classificação. Todo mundo estava saindo, então a gente ia ter de sair, não podia ficar parado. Aí fui para a pista e teve a batida, que me deixou fora. Eu fui para o hospital. E uma hora depois eu soube que estava no show”, contou Saavedra.

É que Jaques Lazier, que entrou às pressas na Foyt, não virou rápido o suficiente para bater a média de Sebastián. E Jay Howard e Paul Tracy, pastelonicamente, tiraram um ao outro do grid ao tentarem melhorar, sem sucesso, os tempos que tinham antes. “Eu fiquei muito feliz porque eu estou aqui no show. É algo muito grande para mim e para a Colômbia.”

Saavedra confessou que desconhecia o regulamento do Bump Day. “Eu não sabia que estando fora da classificação, eu poderia voltar a participar”. Ao irem para a pista para novas tentativas, Howard e Tracy apagavam suas marcas anteriores, o que fazia Saavedra subir e voltar a figurar em último. O interessante foi o momento em que estava no Hospital Metodista. A comemoração teve de ser contida.

“Eu fui fazer uma ressonância magnética e estava no meu quarto. E a televisão mostrava meu time pulando, comemorado, e eu não sabia o que estava acontecendo porque não tinha volume. Comecei a ligar para o pessoal, e ninguém me atendia”, lembrou Seb. “Aí eu fui para a ressonância, e foi quando Bryan Herta me ligou e falou: ‘Ô, cara, você tá dentro, você é o número 33 das 500 Milhas. Fiquei tão contente que queria sair pulando, mas eu nem podia me mexer lá dentro.”

A corrida virou um lucro luxuoso. “Agora vai ser bem diferente da classificação. O que vale é a constância. E estou muito otimista”, e tornou a sorrir, ainda denotando alguma incredulidade pelo feito de dias atrás. “É uma coisa que eu nunca vou esquecer na minha vida. Principalmente porque me formou como piloto”, completou o quarto colocado no Brasileiro de Kart e terceiro no Paulista na época em que esteve em SP.

O ‘paulistano’ deve voltar no fim do ano à segunda casa para correr as 500 Milhas da Granja Viana.

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