O novo é o velho

SÃO PAULO | A Indy escolheu continuar com a Dallara como sua fabricante de chassi. O esqueleto, propriamente dito. Porque nem tudo vai necessariamente ser da empresa italiana.

A categoria vai ter ares de pseudoconstrutora a partir de 2012. A Dallara vai entregar às equipes o cockpit, a suspensão e uma opção de bico — a asa dianteira, como um todo, não conta. Os times poderão, no entanto, escolher um pacote aerodinâmico das quatro derrotadas — BAT, DeltaWing, Lola e Swift; isso se elas toparem fazer —, pegar d’outra empresa ou ainda produzir o seu próprio, desde que as especificações estejam de acordo com o imposto pela Indy. Além disso, o custo desse kit não pode ser superior a US$ 70 mil. E cada equipe vai poder usar até dois por ano — cada pacote vai conter um kit para oval e outro para mistos.

Então, a Ganassi, se bem entender, pode ir lá fazer sua lateral, sua asa traseira, sua aleta, e se tiver tudo dentro dos conformes, vai até poder chamar seu chassi de Ganassi.

O carro vai pesar menos, 627 kg, e cada equipe vai poder desenvolver dois kits aerodinâmicos durante a temporada, que estarão disponíveis a todas as outras. Em termos de preço, será 45% mais barato do que atualmente: vai custar US$ 385 mil.

O que pude observar da transmissão ao vivo é que muita coisa foi pega do conceito da DeltaWing — única a ser nonimalmente parabenizada dentre as concorrentes, antes do anúncio. O Benito Santos, exímio cozinheiro, me ajudou lá de Indy. Além de empresas fabricando ‘aerokits’, a Dallara copiou a ideia de ter uma fábrica em Speedway — não dentro do autódromo, como se imaginava; Speedway é um local intermediário entre um bairro e uma cidade, que nem eu muito menos o Benito sabe definir, onde fica o IMS. Os italianos vão prover empregos a 80 funcionários. A DeltaWing só não ganhou porque o carro era radical demais, eufemismo para horrível esteticamente.

O problema é o tempo escasso. 18 meses para iniciar a estrutura da sede e do carro, ver quais são os motores e entregar tudo às equipes para que testem o chassi e os pacotes parece pouco. Mas, all in all, a Indy deu um tiro certeiro.

Comentários

  • O Carro ficou bacana, a idéia das esquipes poder mexer na aerodinâmica, será interessante, o bico dianteiro parece as asas de um jatinho, alias qual o link para ver as outras fotos, mesmo hein??

  • Olhando por este ângulo, me parece um chassis sem soluções inovadoras. Até pelo contrário, a parte traseira me lembra em muito o Williams FW08b, o test car, em que as laterais pretendiam eliminar o arrasto provocado pelas rodas traseira e criava uma “pista” plana para o fluxo de ar na traseira…. as entradas de ar para o radiador também minimizam a resistência e não possuem ombros altos, como os F1 de agora. Mas este desenho se assemelha aos dos F1 de 93, 94… de novo, o canalizador de ar do Newey no bico… Ficou interessante… vejamos na pista o resultado.

  • 18 meses é pouco?
    concordo ser pouco tempo para aprontar tudo…
    mas depois que o primeiro for feito é só dar ctrl+c ctrl+v
    as equipes de F1 que entraram agora tiveram 6 meses + ou – para entrarem….
    Ponto para a Indy

    • Acho que ele quis dizer que os 18 meses são pouco tempo para erguer um prédio, equipá-lo, contratar e treinar pessoal, botar a estrutura funcionar e fazer 30 e tantos chassis.
      É um belo desafio.

  • Ótima essa ideia do pessoal da Indy. Agora só falta mais marcas de motores.

    Com certeza o tiro foi certeiro Victor, poderiam usar isso pra F1, principalmente para as equipes novas.

  • Não diria que a agora com a “abertura” dos kits aerodinamicos, teremos rio de dinheiros sendo gastos, pois querendo ou não, vc está amarrado a um chassis unico, e não adianta colocar a aerodinamica da Brawn na Ferrari, que não vai funcionar (vide campeonato passado de F1, e o melhor lugar para demonstrar isso, por cada equipe ter seu chassis e aerodinamica)

    Vai ser interessante ver essa abertura e qto tempo esse chassis vai durar, com a queda do preço no kit geral, o custo c/ desenvolvimento vai ser aumentado e assim, teremos um custo final proximo ao atual, não sendo uma grande dor de cabeça, pois será revertido em DESENVOLVIMENTO.

    Quero ver como vai ser em 2012, com essa abertura toda, será que a Dallara vai fornecer os desenhos para as equipes trabalharem em cima seus kits aerodinamicos? Adoraria meter a mao nesses 3D do chassis e brincar

  • Eu gostei muito da ideia. Inclusive acho que esse tipo de coisa seja bem útil em outras categorias (não necessariamente GP2 ou F1). Vejo como uma boa oportunidade para empresas de menor porte entrarem no automobilismo. Ainda mais com a evolução em larga escala que o sistema CFD têm passado nos últimos anos.

    Meu único receio seria o das grandes da Indy começarem a gastar milhões em desenvolvimento aerodinâmico. Isso pode fazer com que a indy se arraste a mesma vala da F1.
    Não acredito na inocência da direção da Indy simplesmente deixar isto acontecer, mas sempre é um risco.