Giro d’Itália, 2

SÃO PAULO | Danado, esse Alonso. A Ferrari escondeu bem o jogo ontem. E hoje pela manhã, também. Deu a falsa sensação de que o treino poderia ser o mais disputado do ano, amigo, haja coração. Mas não foi bem assim. Massa liderou o Q1, Alonso colocou-se em primeiro no Q2 e no Q3 foi absurdo. Colocou aquele 1:21.9 lá pra todo mundo saber que ninguém tascava aquela pole dele.

Primeira pole da Ferrari desde o GP do Brasil de 2008, 30 corridas, maior sequência da história sem largar na frente. Primeira de Alonso na equipe italiana. E pela primeira vez desde Monza no ano passado que a Red Bull não põe ninguém na primeira fila. O que já era bem esperado, até. Aliás, a segunda fila é um lucro para os taurinos, num esforço de Webber aliado ao fracasso de Hamilton.

Hamilton não podia se dar ao luxo de largar em quinto com este carro, ainda mais vendo que Button esboçou brigar pela pole. O resultado não deve ser atribuído à sua decisão de rifar o duto frontal e um carro com mais asa, mas ao seu mau desempenho exclusivamente no Q3. É só pegar o quanto os pilotos melhoraram na parte final em relação ao Q2. Alonso, 0s335. Button, 0s270. Massa, 0s317. Webber, 0s273. Em média, 0s3. Hamilton foi pior 0s229. A tarefa de Lewis, então, é mirar em Webber como fez em Spa, passá-lo na largada e tentar buscar um lugar no pódio. Aí já vai ser mais difícil, pelo que estão andando as Ferrari.

O GP da Itália tende a ser uma mão na roda para Alonso nessas condições. É sair direitinho e contornar a chicane na frente para marcar os 25 pontos e se refazer do zero na Bélgica e voltar a figurar na briga pelo título. Na direção oposta, Vettel vai ter de torcer muito – uma chuva seria sua salvação. É bem provável que saia de Monza como quinto colocado no campeonato, e aí vai ter de ser impecável nas cinco provas finais do ano, coisa que não conseguiu ser em três corridas seguidas nesta temporada.

Na briga do resto, chama a atenção Hülkenberg estar na frente de Barrichello. Não tem muito tempo que o brasileiro fez elogios públicos ao alemão, tipo “esse cara é bom”. E depois de um começo de ano fraquejante, normal para um estreante, eis que Nico já anda no ritmo de Rubens e o acompanhando na empreitada de disputar a superpole. A Renault, antiga Benetton, foi bem de novo com Kubica e a Mercedes, antiga Brawn, até que fez bom papel com Rosberg, sétimo na grelha. Schumacher, o não antigo, ficou pelo caminho de novo. E lá atrás, a Lotus conseguiu superar Liuzzi, fraco, e a antiga Manor, às vezes conhecida como Virgin, superou a Hispania na pista, mas larga em último com Glock por mais uma punição por remelexo na caixa de câmbio.

A corrida na Itália é de tiro curto. Em 75 minutos a parada deve ser resolvida. Provavelmente com a italianada toda festejando a vitória de seu primo piloto.

Comentários

  • Victor, desde já peço desculpas, mas gostaria de corrigir uma informação do post: essa sequência de 30 corridas sem poles da Ferrari não foi a maior da história. No início dos anos 90 ela ficou 60 corridas (quase 4 anos) sem marcar uma pole, entre o GP de Portugal de 1990 (pole e vitória do Mansell) e o GP da Alemanha de 1994 (pole e vitória do Berger). Nesse intervalo, foram 59 corridas sem vitória – a última foi com Prost, na Espanha, também em 1990.

    Gosto muito do seu blog, cara! Um abração!

  • Concordo com tudo, o último parágrafo está hilário, mas não me conformo com o Petrov da Renault, antiga Beneton, antiga Toleman, anda cada vez mais para o fim do grid. Acho que deveria ficar algumas semanas na Sibéria para aprender o q é bom!