Lotus & Lotus

SÃO PAULO | A história Lotus-Renault na F1 definitivamente caminha em duas frentes a partir de hoje. A primeira diz respeito à Lotus Racing, comandada por Tony Fernandes e que foi uma das três estreantes do campeonato deste ano. Ajudado por diversas instâncias do governo da Malásia, o empresário da área de aviação Fernandes adquiriu os direitos do nome mesmo sem qualquer participação do Grupo Lotus — que só deu o aval. A principal subsidiária deste grupo é a Lotus Cars, comandada pelo diretor-executivo Dany Bahar, que cuida dos negócios tradicionais da empresa de propriedade da montadora malaia Proton. Um tanto quanto confuso.

A confusão ebuliu em setembro com a notícia de que Fernandes pretendia mudar o batismo de seu time para Team Lotus, resgatando em definitivo as raízes da histórica equipe. Aí o bicho pegou. A Proton ameaçou o agora chefe de equipe e reivindicou o uso do nome, alegando que detém todos os direitos de uso de ‘Lotus’ em qualquer setor automotivo e que a licença concedida a Fernandes da F1 não vale para o ano que vem por irregularidades. A Proton ameaçou entrar com uma ação na justiça.

Fernandes não se deu por vencido. Respondeu que havia comprado os direitos de uso do Team Lotus, que supostamente pertenciam a David Hunt, e que a nova licença lhe dá base legal para usar em sua equipe. E não precisou esperar a ameaça da Proton: levou o caso para a Alta Corte Britânica, enquanto já costurava um acordo com a Red Bull para uso de seu sistema eletrônico, bem como foi atrás da Renault para se livrar dos problemáticos Cosworth. O acordo foi oficializado no GP do Brasil.

A Renault, por outro lado, caminha para reduzir, por não dizer extirpar, sua participação como equipe na F1. A informação, inclusive, foi confirmada pelo próprio presidente da montadora francesa, Carlos Ghosn em Interlagos. A Renault só precisava do aval do grupo de investimento Genii, 75% das ações da equipe, para negociar com novas parceiras. Aí entra a Lotus Cars (Grupo Lotus e Proton) no caso.

A Lotus Cars entrou de vez no automobilismo também neste ano, via Indy — no carro de Takuma Sato, da KV. Na próxima temporada, vai dobrar sua aparição na equipe de Jimmy Vasser e entrar na GP2 como parceira da ART. Em 2012, será até montadora, vejam só. Na F1, será sócia minoritária da Renault, abocanhando os 25% que pertenciam à montadora, emprestando seu nome. A escuderia hoje capitaneada por Eric Boullier vai se chamar Lotus Renault já no próximo ano.

Que será, por enquanto, o mesmo conjunto técnico do time de Fernandes, que já disse que a ideia de pintar de preto e dourado lhe foi roubada. Mike Gascoyne, chefe da Lotus ‘antiga’, já se manifestou no Twitter: “A Lotus é como ônibus: você espera por anos e agora duas aparecem de uma vez”. E ali embaixo, Colin Chapman deve estar se revirando no túmulo.

Comentários

  • Olá Victor, tudo bem?
    Ainda não vi os demais comentários, pois tive esta idéia de relance, e achei interessante: por que vocês não publicam uma reportagem falando do surgimento do Grupo Lotus na Inglaterra, se esteve, ou não associado ao Team Lotus, do Colin Chapman, e como o grupo foi parar no grupo Próton? E aproveitam para falar como o David Hume comprou a marca “Team Lotus”…
    Esta origem histórica da divergência é o que está faltando em todas as coberturas, e fariam a do GP a mais esclarecedora e interessante!

    Um grande abraço do fundo do meu coração vermelho de outubro de 1917,
    Atenágoras Souza Silva.

  • Essa conversa toda me inspirou, vou arrumar uns patrocinadores, Açougue, Banca de Jornal, Taizinha que vende café na estação, pegar uns 2 chevettes no leilão, comprar os direitos da copersucar e voltar pra F1 , torçam por mim tá? pilotos para 2011 > Moreno e o Zé do Taxi.

  • Parabéns ao Victor, pelo texto, e ao Kirk, Ricardo e André Silva, pelas explicações.

    Nunca tive uma equipe favorita na F1. Talvez por ter começado a acompanhar a F1 em 1993, sem o mesmo ‘romantismo’ de outrora. Não é necessariamente uma crítica; são tempos modernos, temos que nos acostumar a eles.

    Quando a Lotus Racing trouxe a mítica marca de Colin Chapman a F1, confesso que se tornou meu time favorito. Além disso, é o carro mais bonito da categoria – e, na minha opinião, da década também. Tomara que tenha algum sucesso no futuro

    • Nenhuma das duas. A Renault (Lotus Cars) confirmou o Kubica e deve confirmar o Petrov nas próximas semanas; a 1Malaysia (Lotus Racing) já confirmou Trulli e Kovalainen.

  • A Team Lotus real pertence ao Tony Fernandes. Essa é a verdade.

    Isso porque o David Hunt adquiriu a Team Lotus no final de 1994 e em seguida retirou a equipe da F1. Mas isso não significa que ele tenha perdido os direitos. A equipe continuou sendo dele por esses últimos 16 anos, mesmo não estando mais na ativa.

    O Tony Fernandes vendo que teria problemas com a Proton tratou de adquirir a marca “Team Lotus” do Hunt. Isso significa que ele adquiriu o nome e tambem teria adquirido toda a infra-estrutura do Team Lotus classico, se ainda existisse alguma coisa. Ele simbolicamente comprou toda a estrutura daquela equipe que fechou as portas em 1994.

    O Ron Dennis comprou a McLaren no inicio dos anos 80 e eu não vejo ninguem falando que essa McLaren que tem ai é uma equipe farsante e que a original acabou quando deixou de pertencer a família do Bruce McLaren.

  • É só q agora cagou né… pq neste ano os GPs que a Lotus Racing correu contaram no score da Equipe Lotus, como GPs disputados por uma mesma equipe. E agora?

  • A Lotus sempre foi a minha equipe de F1 preferida. Me recordo dos fantásticos modelos climax (Jim Clark), do mais belo carro de sempre a Lotus 72 ( Fitippaldi), do “carro asa” de 78. Agora fico sem saber qual é o herdeiro da mistica marca – minha torcida será pelo mais forte, se é que algum deles o é. E por falar em Lotus, assistam a este espetacular video de tributo ao ultimo dos pilotos “românticos” da F1: RONNIE PETERSON,

    http://www.youtube.com/watch?v=CJricRRcgfs

  • Até o início da temporada, por questões de ordem, essa pendenga irá acabar, pois imaginem:

    Se a Lotus entrar pros boxes, em qual ela irá trocar?

    Será que teremos um “Alguersuari parte 2” errando de boxes?

  • Isso me faz lembrar quando o Jackie Stewart vendeu a Stewart Grand Prix para Ford e da noite para o dia a Jaguar tinha uma equipe na Formula 1. Esse tipo de maracutaia nao da certo, o publico nao eh besta. Tem que ter paixao para se criar um time que ganha corridas e o coracao do publico. Red Bull, Brown GP sao exemplos modernos de times com alma.

    • A sede da equipe Lotus – a real, a de Tony Fernandes – é em Norfolk. A sede da Renault – ou Lotus Renault, a pirateada, de Dany Bahar – é em Enstone.

      Aliás, mesmo praticamente extinta, a Renault só se mete em polêmicas…

  • Porque o Tony Fernandes não manda os caras à merda e, ao invés de gastar com advogados, vai na família Brabham e compra os direitos?
    .
    Poderia até procurar o patrocínio da Parmalat!
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    Aí a nova Brabham contrata o Nelsinho Piquet e a Lotus contrata o Bruno Senna… Aí a gente acorda…
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    Abraços

  • Ah, e a equipe Renault? É mais uma fábrica que dá adeus à F1 hein palmeirense? Digo, pois ela não saiu da categoria, pois foi comprada antes, mas não existe mais certo digníssimo Don Martins Barão de Victal?

  • Pobre Colin Chapman, seu legado e de sua equipe é rídicularizado por gente aproveitadora e sem respeito pela história do Automobilismo, pra mim a verdadeira Lotus morreu em 94, só iria ressucitar se fosse um esforço solitário do se filho Clive Chapman (ou com parcerias e patrocíneos só que tudo comandado por ele), essas duas não têm direito de usar o legado de vitórias e títulos da Antiga Lotus, nem Lotus deveriam se chamar, a FIA e FOM deveriam intervir nessa babaquice de Lotus Cars e Lotus Racing.

    • Filho, a Lotus verdadeira é a de Tony Fernandes. A Lotus falsa é a de Dany Bahar. Simples assim.

      Tony Fernandes comprou o Team Lotus do seu dono legítimo; David Hunt. Dany Bahar aproveitou a idéia, e para lucrar em cima, se diz o verdadeiro dono, visto que a Proton detém a Lotus Cars. Mas Colin Chapman sempre fez questão de manter as duas marcas separadas.

      Ou seja, Dany Bahar trabalha na Lotus Cars, e erradamente se diz dono do Team Lotus. Enfim, uma malcaratice que expõem como é fraco o presidente Carlos Ghosn e a Renault F1.

      Além disso, cabe aos jornalistas saírem de cima do muro.

  • O problema todo comecou quando a Proton comprou a Lotus – eles achavam que tinham comprado tudo, carros de rua e equipe de F1, mas estavam enganados porque a equipe de F1 sempre foi (decisao de Colin Chapman) uma empresa separada – pra nao ver a equipe de F1 falir se a de carros nao desse certo.
    A Proton na verdade so comprou a parte de carros de rua – mas eles nao se conformam e querem sequestrar a de F1 e toda sua historia, vitoria em competicoes etc. Fernandes fez o certo – foi ate David Hunt e comprou os direitos a equipe de F1 – Team Lotus – algo que David Hunt ja havia estabalecido nas cortes britanicas anteriormente, isso nao ha duvidas e a Proton vai sim perder acao nas cortes em breve. Fica ai essa bagunca agora.

    • E tomara que perca mesmo! Tenho esperança de que isso aconteça. Afinal, até Fernandes criar uma nova equipe, totalmente do zero e ter com ela mais visibilidade que outras equipes já estabelecidas, a Proton nem especulava volta à Fórmula 1. São uns mortos de fome. Espero que percam a causa e se ferrem. Torço pelo Tony pois ele teve peito. E espero também que acordo com a Renault e Red Bull traga bons resultados para a Lotus de Fernandes.

  • Se lendo assim já dá confusão, imagina para o narrador oficial tentar explicar, ao seu estilo…
    Vai dizer Lotus oficial e Lotus paraguaia ou alguma outra pérola do gênero…