Não a Marussia

SÃO PAULO | Comentei no Twitter ontem à noite, e venho por meio desta expor brevemente o assunto aqui só por considerá-lo válido — importante não é, não vai mudar a vida de ninguém, mas esclarece bem certas coisas em áreas do jornalismo tupiniquim.

Há anos a gente ouve a ladainha de que omissões de patrocinadores e siglas adotadas pela TV Globo, doravante RGT, em eventos esportivos deve-se a uma política da casa, em linhas gerais, de não expor gratuitamente o nome de uma empresa não relativa ao esporte em sua essência. Então no futebol o Pão de Açúcar e o Red Bull viraram PAEC e RB Brasil, o Cimed do vôlei é Florianópolis e a RBR e a STR, vocês bem sabem o que são na F1. Numa linha mais criativa, trataram no ano passado a Virgin como VRT, sem que a dita cuja T tivesse. Galvão Bueno, a partir de um determinado momento, pela sua influência e talvez com certa vergonha alheia, passou timidamente a denominá-la como Virgin, bem como nas provas finais resolveu abrir o peito para Red Bull e Toro Rosso.

Daí surge a Marussia. A Marussia tem vida curta, mas a maioria deve ter conhecimento que Nikolai Fomenko, seu dono, deu cabo a um projeto de criação de uma fabricante de carros esportivos de luxo. Em outras palavras, a russa Marussia é uma montadora, tal como é a Ferrari, a Mercedes e a Renault. Assim sendo, é do ramo esportivo.

Mas a Marussia não passou pelo crivo da RGT. No ‘Jornal Nacional’ de ontem, a emissora, ao falar de uma matéria sobre o envolvimento de patrocinadores e pilotos pagantes — sem citar empresa alguma, diga-se —, referiu-se à Marussia Virgin como MVR. A Lotus, tão montadora quanto, está em duas equipes. Não virou LR na Lotus Renault, como pude observar.

Penso que a RGT não vai mandar nenhum representante seu a Moscou para negociar direto com a equipe para dizer seu nome. Mas a Globo, maior canal deste país, com uma influência tamanha a ponto de deixar o futebol brasileiro em xeque, tem pouco mais de 20 dias até a temporada começar para, sei lá, neste mundo difundido de hoje destes sites de busca, informar-se quem é a Marussia — até posso passar o e-mail da assessora, Tamara, boa gente, fala inglês, prestativa — e, então, ter um bom senso jornalístico de repassá-lo ao seu público. Do contrário, esse padrão que adota para nomenclaturas esportivas vira, oficialmente, pura balela. Ou, em sua linguagem, KHDA.

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Comentários

  • Victor, bom dia!
    Tenho uma dúvida; quando aparece nas transmissões da F1, por o exemplo, o resultado final do treino calssificatório ou corrida, muitas vezes se lê RBR (Red Bull Racing) e STR (Scuderia Toro Rosso) ou mesmo durante as trnasmissões. Então pergunto: essas informações não são postadas de forma original pela FOM?
    Não estou defendendo a Globo muito menos o Galvão, mas é que já me fizeram essa pergunta e eu não soube a resposta.
    Um abraço

  • Uma adendo: no jogo f1 2010, a Red Bull é RBR e a Toro Rosso é STR… E não foi a Globo que mandou fazer o jogo…
    Do resto, é babaquice mesmo…

  • não tem nenhuma importância.
    à vários anos que assisto formula um pela rgt,
    desde que começou a ser transmitido pela tv,
    no inicio dos anos 70.
    só não vejo o gp pela rgt quando dá para ver “ao vivo” e “in loco”,
    vou continuar assistindo.
    gb? ninguem merece!
    ouço a narração pelo rádio.
    abs.
    ops, essa sopa de letrinhas me confundiu,
    abraços.

  • Infelizmente somos obrigados a ouvir um GB narrando um espetáculo internacional, pessoa esta que, vergonhosamente, não sabe nem a letra do Hino de seu país (vide youtube) e nos ensina dizer bê-ême-dábliu para a BMW – nome não tem tradução e nem adaptação, lê-se e diz-se bê-ême-VÊ – aliás, o mesmo GV que nos “ensinou” como falar “KUBITZA” para o convalescente Robert Kubica e nos “ensina”, erroneamente, falar Ráiconen (Kimi), Maicol
    (Michael Schumacher), penso que ele deveria narrar e apresentar as equipes em Euros, Dólar ou tudo apenas utilizando as MALDITAS $IGLA$, como ficariam as narrações??????? Tadinho do Reginaldo, perdão, do RL…..

  • Nota 10 no photoshop. O que dizer da RGT não é mesmo? A saga vai continuar. O que ocorreria se tanto a equipe quanto a montadora se chamassem Fomenko? Talvez desse certo, como a Spyker.
    André / Piloto no http://www.f1bc.com

  • Péra ai !!!! Essa RGT não é uma emissora nascida de um jornal ?????
    Não é dever “jornalistico´´ informar a seus leitores ou “visores´´ todo os fatos cobertos sem influir ou subtrair informações sob pena de falta de ética e desrespeito a seu publico.
    E nós sabemos que assim procede,então ela não é digna de fé,pois encobre informações a seu bel prazer e interesse financeiro,desrespeitando totalmente a INFORMAÇÃO JORNALISTICA. Então a meu ver esta tal de RGT é uma verdadeira 171 da informação a seu publico cativo.

  • Fica a pergunta, vai Galvão peitar seja la quem e chamar as equipes pelo nome, como a Red Bull ao inves de RBR? À ver… Se eu acredito? Nem um pouco…

  • Tá difícil, viu? Realmente. A Marussia é uma marca de grande expressão aqui no Brasil e tiraria muito proveito dessa “propaganda” gratuita (que de gratuita não tem muito). E agora que a Virgin não é mais “a equipe do Lucas diGrassi”, a RGT vem com a maldita sigla. Eu juro que tento, mas não entendo o intuito desse drama todo.

  • Me mudei pra Holanda faz alguns meses e tive o prazer de assistir corridas com a transmissão da BBC.
    Começam a transmissão uma hora antes da corrida, comentaristas direto das fábricas como McLaren, vários reporteres, ótimas matérias. Deixa a RGT num chinelo que não é nem uma Havaianas.