O fim da linha

SÃO PAULO | E Douglas Soares resolveu abandonar a carreira de piloto, com bem menos de 30 anos. Cansou da brincadeira de gastar muito por muito pouco que vive aqui no Brasil. “O custo não compensa o prazer e o risco que você passa ali. Chegou um patamar em que o custo não compensava o que me dava de prazer. Não vou sentir falta de muita coisa”, foi o que revelou a Felipe Paranhos em entrevista à seção ‘Stop & Go’, do Grande Prêmio.

Sou meio suspeito para falar de Douglas, que conheci antes de sua projeção nacional e internacional — fez carreira na América. Trata-se de um cara inteligente e esclarecido, que não largou os estudos para se aventurar somente no arriscado mundo do esporte a motor. E sentiu bem e pensou em como é ser tratado como gado na mão desta gente que só pensa em fatiar a carne.

Não me espanta sua decisão. Até imagino que outros vão seguir o mesmo caminho. Está cada vez mais caro brincar de ser piloto por aqui, e a exposição vai na contramão — vide Stock Car, que nem passa metade das corridas ao vivo, e Copa Montana, que diminuiu o tempo das corridas. E nada mudou depois da morte de Gustavo Sondermann: ameaçou chover lá no Velopark, e os caras ficaram com a devida cloaca na mão.

Essa gente aí que detém o poder deveria ler a entrevista. Deveria repensar algumas coisas. Mas é pedir demais. Para eles, Douglas é apenas menos um no seu rebanho.

Comentários

  • Veja que interessante! As equipes e por extenção os pilotos que pagam para correr, 99%, ficam reféns do organizador ao assinarem um contrato que os permite participar mas não dá garantia de retorno no negócio. Não sou contra que haja um organizador. Muito pelo contrário. É importante que exista pois organiza e disciplina a atividade, no entanto há que se entender que se trata de um NEGÓCIO e NEGÓCIO obrigatoriamente precisa ser bom e vantajoso para todos os envolvidos nele. Existe na realidade uma grande acomodação de todo esse pessoal dono das equipes que somente quer se envolver com a parte tecnica e também auferir seus lucros, que não esta errado, porem se esquecem ou não querem saber que dá um trabalho danado organizar uma categoria, um campeonato e suas provas, não estou falando aqui de CBA. Muito bom, com isso torna-se comodo até repassar todo esse trabalho ao organizador que por sua vez deveria atender prioritariamente as necessidades das equipes, mas não é o que acontece, pois esse organizador vai atrás sempre de seus proprios lucros e interesses e depois e que vai pensar nas equipes e suas necessidades. Simples assim, circulo vicioso. Contratos leoninos só existem porque tem alguem que se curva e aceita este estado de coisas. Já é mais do que hora das equipes se mexerem e colocar o organizador, este ou outro qualquer, para trabalhar para eles e não contra eles. Assim as coisas começam a mudar.

  • Parabéns pela ótima entrevista do Douglas! Uma pena esse tipo de entrevista acontecer apenas no momento de total despreendimento da categoria… Será que não tem mesmo uma luz no fim do túnel?

    Fiz alguns testes em uma categoria chamada Legends Car nos EUA… Lá sim, é um exemplo a ser seguido! Essa categoria é um primeiro passo para a Nascar e o custo por corrida (alugando carro, combustível e etc) é de USD 300,00… É ISSO MESMO!!! Para você ver como a gente é feito de palhaço aqui no Brasil? Um brasileiro está trilhando esse caminho e está indo muito bem (Marcelo Henriques – http://www.mhenriques.com)… E eu, estou tentando organizar as coisas para ir para lá tmb… Aqui no Brasil… será esporte de milionário… e todo mundo quer que continue assim…

    Diferente de lá… o que mais importa é a diversão… o acesso de todos a um esporte que se é apaixonado!!! Se você não tem milhões para gastar em um carro… não se é discriminado… E sim, incentivado a conter ao máximo os custos!!!

    Os americanos tem uma série de defeitos e “se acham”… Mas como toda essa evolução, eles podem né?

    Boa sorte para todos!!!

  • Eu não entendo como a situação está chegando a esse ponto. Caramba, ninguém pode tirar o Valduga e o Pinteiro do poder? Esses dois estão entre os maiores pilantras do automobilismo de todos os tempos, sairam da mesma escola do Bufaiçal.

    Estão acabando com os autódromos, com as poucas categorias que restam, e até mesmo com a vida dos pilotos. Isso tem que acabar, ter um basta.

    Tem que voltar as categorias de base, como as antigas F-Chevrolet, F-Fiat, F-Ford, mas se possível sem o envolvimento das montadoras. Porque num belo elas vão lá e tiram o apoio que dão as categorias.

    Eu continuo pensando que vai chegar à um ponto em que vão falir o automobilismo brasileiro. E só então, será reconstruído.

  • O que deveria acontecer é os PILOTOS E AS EQUIPES botarem na cabeça que sem eles, não tem corrida. E passar a exigir um minimo de respeito de quem organiza as categorias, ou passarem a organizar eles próprios os campeonatos, sei lá. Enquanto eles aceitarem bovinamente essa situação, desculpe, vai parecer mulher de malandro: apanha e gosta.

  • Márcio, pertenço a Associação Aliança do Vale que tem prerrogativa de lei para Renúncia Fiscal das empresas no regime de lucro real. Começamos a oferecer nossos serviços a vários segmentos do automobilismo e outros esportes como equipes, pilotos e patrocinadores.
    Caso alguém se interesse favor entrar no site http://www.sc-racing.org.br e ver mais detalhes.
    Isto é inédito no automobilismo.

    Abs
    Pedro Zimmermann
    Tesoureiro SC Racing

  • Volto a falar que se ninguem começar um movimento para mudar as pessoas que ¨não¨dirigem o automobilismo brasileiro, logo vamos estar como o baseboll ou o rugbi.Só no papel vai existir.