Xabu Dhabi, 2

SÃO PAULO | Donatien Alphonse François, se pudesse aplicar seus conceitos nas práticas lúdicas à época, teria em Sebastian Vettel uma personagem perfeita. É que dificilmente o Marquês de Sade pensaria em algo para se divertir e brincar preso na Bastilha enquanto escrevia suas obras pervertidas, mas certamente haveria de pensar em alguém fornicando, ou ‘funicar’ (Malafaia, pastor Silas) seu algoz Napoleão com a mesma crueldade que o alemão aplica aos rivais na F1 atual.

A queda da bastilha de Hamilton se deu só na volta final de um fim de semana que parecia seu. Era possível até imaginar aquele Lewis repaginado, livre de Nicole Scherzinger e do mal que o afligia, a Falta de Foco, enfim comemorando uma pole dignamente. Líder do treino 2, líder do treino 3 com folga, Q1 no bolso, Q2 dominado, a corrida para o abraço, e aí vem Vettel, para honrar as estatísticas e dar à Red Bull a recompensa por mais um erro cometido no dia anterior, para ser parte da estatística da F1 e empatar com “Mr. Mansell”, para se igualar ao maestro Juan Manuel Fangio.

E ainda tem nego que teima em achar Vettel qualquer um…

Na dele como sempre, Button ficou mais do que próximo de Hamilton para abrir a segunda fila. O frívolo Webber, cuja bastilha já caiu faz tempo, conseguiu um insosso quarto lugar. A Ferrari pôs-se na terceira fila, lugar que lhe cabe como de costume, com Alonso, mais de 0s6 à frente de Massa. Uh la lá, diria algum companheiro francês do marquês, la maison est tombée. A Mercedes segue como quarta força, e a quinta da vez é a Force India, que deve brigar bem com Sauber e Toro Rosso na corrida, talvez a Renault.

Falando em Renault, mais um erro de Senna, novamente confessado pelo brasileiro. Como sempre digo, é muito bom que Bruno os admita, mas estes pequenos problemas que estão vindo do braço do piloto estão pegando mal já na equipe, que realmente começa a pensar com mais carinho em Grosjean, ao que me conste Romain, e não Sébastien.

Quanto à Williams, o que dizer? Bem, Raikkonen, lá em Gales, deve estar vertendo vodca para esquentar e pensando se é realmente a melhor escolha para se fazer de sua vida. “Inkki kieufuimmi metter?”, ouviram-no balbuciar, em sua língua natal. Chega a dar dó de Barrichello, que aos 45 do segundo tempo, obtém a pior posição de largada da vida. A Williams, então, vixemaria!, havia 36 anos que não conseguia coisinha pior. E não há nada, nem dinheiro catariano algum, que a faça dar um salto pimponesco para recolocá-la no caminho das grandes. A Williams hoje vive tempos de Minardi.

Vamos ao resultado antecipado da prova: um rapaz campeão, bicampeão, como vitorioso e dois outros caras, com macacão de gosto bem duvidoso, azul, ocupando o pódio. E pior que o porre que Raikkonen deve ter tido nesta pista de desagrado geral, doloroso para nossos olhos, porém provavelmente agradável ao gosto do marquês.

 

 

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