Terra do Zizao, 3

PASSOS | O relato da classificação do GP da China teve um leve toque de ironia e sarcasmo, talvez em uma ou duas frases, nada mais, mas é sério que Kobayashi tem lá a grande chance da carreira de ganhar esta corrida — que tende a apresentar um começo dos mais eletrizantes e decisivos para seu decorrer.

A Mercedes está rapidíssima como nunca por causa de seu DRS duplo que sei lá para onde empurra, no fim das contas, mas que empurra bem. Mas não é segredo que o carro ainda consome demais os pneus Pirelli, e grande parte da derrocada durante as corridas se dá por causa disso. Assim, ainda que se mantenham em primeiro e segundo, Rosberg e Schumacher vão sofrer um desgaste acentuado antes dos demais. Com as retas longas de Xangai, serão presas fáceis em um momento determinado. Aí vai da estratégia: antecipar as paradas para andar rápido sempre e programar-se para uma ida aos pits a mais que os demais ou se segurar como der na pista.

Raikkonen e a Lotus também não são de se jogar fora. Ali se encontra a grande incógnita, porque o real desempenho da combinação ainda não pôde ser totalmente dissecado neste ano — Kimi se deu mal na classificação da Austrália e teve de fazer uma prova de recuperação, e a chuva mascarou do que o carro aurinegro é capaz na Malásia. É bem provável que o finlandês tenha um ritmo similar ao de Kobayashi, mas digamos que pouco abaixo.

Aí vem um trio das favoritas, com Button, Webber e Hamilton; McLaren e Red Bull, em tese os melhores carros, mas a coisa está tão absurdamente parelha em Xangai que não se pode dizer que é esperar o momento certo para passar o top-4 do grid, não. Valer-se-ão (baita mesóclise, vou até dar print depois) do KERS, mas certamente sofrerão o revide. Tirar pelo menos um de combate na largada seria imprescindível para qualquer um deles. Mas Hamilton não tem partido bem no apagar das luzes, Button faz as coisas de maneira correta e Webber é bem inconstante.

E não se pode descartar Pérez, oitavo, principalmente depois do que o Ligeirinho fez em Sepang. Oitavo ali, meio que quietinho, sem ter tido a mesma performance de Kobayashi… a coisa muda.

A Sauber tem um carro reconhecidamente constante e rápido em longos trechos, os stints. É uma qualidade que as rivais já puderam assentir em apenas duas etapas, tanto que algumas delas observam os detalhes do C31 para copiar suas partes. O único calcanhar de Aquiles, que foi abertamente exposto pela dupla antes da corrida, foi a velocidade em reta. Só que aí a gente observa o ‘top speed’ e vê que Pérez e Kobayashi justamente foram os que tiveram as maiores velocidades da classificação, pelo menos 6 km/h mais rápidos que as McLaren e 5 km/h de frente para as Mercedes.

Button já foi o primeiro a verificar que Kobayashi é o ponto chave da prova. Via Twitter e à distância, Heidfeld foi na mesma linha e afirmou que não é ilusão pensar numa vitória do Mito. O próprio, coitado, desconversou, disse que não é sonhador. Mas não custa nada. Já tem um monte de gente que está fazendo por Kamui, e com base na realidade dos fatos.

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