Euro × F1

SÃO PAULO | Para complementar o assunto sobre a audiência do automobilismo, esperei saírem os números da final da Eurocopa, disputada ontem entre Espanha e Itália. A audiência preliminar aponta que a média do Ibope na Globo foi de 16 pontos.

O jogo foi mostrado neste domingo a partir de 15h30 (de Brasília), em horário similar ao GP do Canadá, único à tarde até agora. A prova em Montreal rendeu 13 pontos.

Futebol é insuperável, claro. Houve tempo atrás uma pesquisa encomendada pela Bandeirantes em que se chegava à conclusão que qualquer partida, até disputada por mulheres, renderia público na TV — daí também o investimento na emissora na seleção feminina, Marta e cia.

A Globo passou ontem sua primeira final de Eurocopa desde 1992, quando a Dinamarca foi campeã. Foi apenas o quarto dos 31 jogos que a emissora transmitiu nesta edição. Assim, seu público não estava tão acostumado ao evento. Havia um brasileiro em campo, naturalizado, Thiago Motta, mas ninguém assistiu à partida por sua ascendência. Também, a Band exibiu o jogo, e faz-se válido somar a audiência de 3 pontos, 19 no total.

19 para um jogo que não envolve brasileiros, mas tinha seu atrativo — além da forte influência das colônias em São Paulo. É um ótimo chamariz, mas não foi só italianos e espanhóis radicados que viram o jogo. E ressalte-se: nenhum brasileiro venceu.

A F1 tem dois brasileiros, Massa e Senna, que no papel têm condições de ganhar corridas nesta longa temporada, vide os desempenhos de seus companheiros, Alonso e Maldonado, respectivamente. A F1 tem sido um grande chamariz, como há tempos não era. Mas por mais que a emissora tenha culpa na criação de pachecos ao longo das últimas décadas, uma F1 tão diversificada e agradável de se acompanhar, principalmente imprevisível — a queixa de muita gente é de que já se sabia quem iria ganhar — já não atrai tanto.

Ao que se nota, a F1 é vista mais por uma ‘velha geração’ cativa que põe a categoria acima dos interesses de torcida ou patriotismo. Os mais ‘novos’, ao que parece, preferem fazer outra coisa da vida: ver desenhos, jogar videogame, dormir até mais tarde. Se Massa ou Senna chegarem a um pódio nas próximas provas, dificilmente os pontos serão muito maiores que estes.

Assim, a Globo teria de começar a fazer um papel contrário ao que vinha fazendo — e talvez esse ‘abre’ de 20 minutos antes das provas seja o primeiro passo: dar valor ao produto para que esses ‘novatos’ se habituem à F1 independente de brasileiro ou não, sabedora também de que o futuro para os pilotos locais não é dos mais promissores. Há muitos torcedores de Alonso, Vettel, Schumacher, do mesmo modo que gente torce para Barcelona, Real Madrid, Milan ou é fã de Iniesta, Buffon ou Casillas. Vai ser interessante acompanhar a mudança de atitude para uma personalidade mais apátrida.

Comentários

  • A Globo, por dominar massivamente a audiência por estas bandas, sempre foi uma referência em tudo. Se formos observar, influencia no comportamento, nas escolhas, em geral, os temas que são abordados em seus programas tentam abordar o comportamento da sociedade e influenciar nisto. E eles conseguem.
    No que toca a F1, e automobilismo em geral, há uma diferença no que ocorre hoje, do que ocorria há anos atrás.
    Na época de Piquet, eles introduziram o sinal verde. Um programa que, se não era tão detalhista, falava do esporte e suas peculiaridades, adicionando conhecimento ao espectador, fazendo com que ele se interessasse em assistir as corridas.
    Existia sim a torcida pelos brasileiros, isso sempre existiu. Mas hoje é só isso que existe. Não há uma formação de conteúdo destes torcedores, para torná-los amantes do esporte em si. É torcer por torcer pelo brasileiro e ponto.
    É necessário que eles informem mais e com mais qualidade sobre o esporte em si para criar o interesse, pois tudo que envolve o esporte (tecnologia, velocidade, dispouta, fama, entre outros…) já é uma gama de elementos suficientes para criar o interesse do público, não precisando criar motivação para torcer unicamente pelo Brazilzilzil…

  • Que besteira de apátrida, estava na Espanha no dia da final da euro, e a pachecada lá é muito maior do que no Brasil. Vários canais espanhóis exibiam, o tempo todo, frases de incentivo no cantinho da tela, e ficavam enaltecendo o futebol como exemplo para reverter a crise financeira. Um besteirol sem tamanho. Como se houvessem vários Galvões Buenos. E por fim no dia da comemoração ao título teve direito a show de “Luans Santanas” locais cantando em playback, aos mesmos nacionais moldes ridículos.

    Então não existe essa de apátrida, as pessoas se interessam em assistir esportes para torcer por alguém, e se vc não tem ninguém em específico, vai torcer para um compatriota, é óbvio. É por isso que existem campeonatos mundiais.

  • na verdade,estamos deixando de assistir a f1 por causa da maneira que é transmitida e pelos locutores.eu não aguwento mais ouvir aquele baba ovo do galvão bueno transmitindo uma corrida diferente da que estamos vendo e puxando o saco e justificando os erros dos brasileiros.isso tudo sem falar do resumo que a globo faz da transmissão no fantástico. é simplesmente lamaentável e pensam que somos idiotas.resultado: parei de assistir as corridas.

  • Eu tenho a impressão de que a F1 vive numa bolha e a imagem dela vem se desgastando. Pode ser a melhor temporada desde 1900 e não sei quando, mas isso é uma coisa que é relevante para quem acompanha e entende a categoria. Por outro lado, correr num Barein com protestos da população é um fato que fala claramente com qualquer um, não precisando ser interessado em automobilismo para processar a informação.

    Aí vai uma dúvida. Vitonez, se tiver como achar esse tipo de informação, acho que seria interessante. Mas teria como saber como anda a tendência mundial de audiência da F1? Vai que essa queda de audiência não é exclusividade do Brasil.

  • Sou da nova geração e assisto a F1 pq gosto da categoria, independente de ter piloto brasileiro com chances de vitória. Já fui como a maioria é atualmente, assiste a um evento se tiver algum brasileiro com chances de vencer, mas ainda bem que cansei do ufanismo da globo e passei a acompanhar o esporte por outros meios de comunicação.

  • negócio e o seguinte do jeito que vai formula 1 só pelo tv paga assim como nunca niguem quis transmitir a motogp muito loka.

  • Talvez o automobilismo tenha melhor cobertura se for coberta pela TV a cabo. Até na Inglaterra, onde os índices de audiência são maiores, a Formula 1 parece que vai ser transmitida por uma emissora de TV a cabo. Talvez seja essa a tendência dos esportes em geral no Brasil, ficarem mais segmentados para terem um espaço na mídia. Na TV aberta, acho que só o futebol vinga, infelizmente…

  • Concordo que as transmissões devam ser imparciais, mas acho que a comparação não é tão exata assim. O horário em que passou o jogo, normalmente é preenchido por futebol e naquela tarde não havia nemhum jogo para ser transmitido. A Globo antecipou o jogo Campeonato Brasileiro para sábado para liberar espaço na grade para a final da Eurocopa.

  • Pessoalmente acho que a F1 já é seu próprio marketing. A audiência que fica é a da galera que tem aquele gene no DNA que te faz gostar da coisa como um todo. A peculiaridade do Brasil é que a grande massa é muito suscetível à tendências… notadamente o boom do futibol europeu e, mais recentemente, o UFC. Tudo bem, existe muita gente que pratica artes marciais e acompanha há tempo, mas o volume de gente que assiste por moda, e porque o maior nome do esporte é brasileiro, assusta.

    Como comentei em seu outro post, tênis e vôlei mandam lembranças. E a F1 sobreviveu a todos eles incólume. O que me preocupa a longo prazo na verdade é a aposentadoria do Galvão, pois acho que aqui no Brasil ele, além de ser defensor ferrenho da atração na cúpula global, é meio que “parte do pacote”. Ele saindo, teríamos a princípio Cléber Machado e Luís Roberto… aí a coisa ficará bastante complicada.

  • Creio que o ponto principal seja que o grosso da audiência não veja a Fórmula 1 como um esporte, mas como um espetáculo mundial em que, por acaso, algum brasileiro está presente.
    Eu, particularmente, sempre gostei de carros, mas tive a atenção atraída para a Fórmula 1 através de meu primo, que já na década de 60 colecionava revistas e tinha um quarto forrado com miniaturas e fotos de carros e pilotos. Portanto, antes de tudo eu gosto do esporte.
    Naquela época o filme Grand Prix, filmado durante a temporada de 1966, foi um grande atrativo de fãs, que passaram a apreciar a beleza dessa competição, especialmente numa época em que a emoção da competição vinha “apimentada” com as constantes mortes.
    Se eu fosse da Rede Globo faria publicidade gratuita do filme “Rush”, que está sendo feito e retratando a temporada de 1976, porque ele certamente atrairá a curiosidade de pessoas que hoje não acompanham a Fórmula 1 regularmente, porque não conseguem enxergar além do estreito raciocínio da “pátria sobre rodas”.
    Quem hoje assiste uma corrida esperando escutar o “tema da vitória”, certamente será um frustrado e deixará o esporte de lado, porque se senta na frente da TV para assistir uma vitória e não uma corrida.
    Em suma, a Rede Globo está sendo vítima da estratégia de marketing que cultivou durante décadas, de sempre promover o “heroi nacional”, seja ele Emerson, Piquet, Senna, Barrichello ou Massa.
    Ainda bem que meus horizontes vão muito além disso e nele também estão compreendidos Clark, Rindt, Stewart, Lauda, Hunt, Peterson, Villeneuve, Prost, Mansell, Schumacher, Alonso, Vettel e, até mesmo Regazzoni, Brambilla, De Cesaris e Kobayashi.

    • Perfeito Maurício.O nosso grande problema é a GERAÇÃO GALVÃO,aquela que parou de assistir corridas após a morte do Senna,e os que não pararam assistem com raiva dos ESTRANGEIROS.Querem comparar uma F1 ao futebol que aí sim empolga quase toda a nação e é um esporte coletivo que todo mundo quer que seja o JOGO DO PAÍS.F1 é um esporte de carros e esportistas individuais,razão pela qual,quem gosta realmente,torce por aquele que mais corresponde ao nosso entendimento de TOCADA.

  • Parte da audiência da F1 sempre vem da torcida pelo piloto brasileiro, isso é um componente de audiência mas não sua essência, os 10-12 pontos são de adeptos do esporte. Seguindo na comparação o futiba na Band dá 3-4 pontos com picos de 7 pontos (clássico Palmeiras e Corinthians no paulistão) enquanto a Indy deu 2,5-3 com picos de 6, e a Band ao invés de privilegiar “seu” produto prefere disputar o mesmo público com a Globo passando o mesmo jogo. E falamos de corridas que “em geral” começam entre 15h e 17h. Ai nunca a Indy tem audiência porque a própria emissora “esconde” a categoria, mesmo com 2 brazucas disputando vitórias e todo carisma do Barrica.

    Agora o fanático…esse não tem cura, assisto as 3 categorias da Nascar, Indy, F1, WRC… até Mini vejo e ainda reclamo da Band colocar VT do campeonato turco de futebol ao invés de treino ao vivo da Indy.

  • Acho que o problema nao e a falta de brasileiros vencendo, e sim o modo como as emissoras vendem o produto. A Band por exemplo faz o mesmo com o Rubens Barrichello: O transforma em um heroi mesmo sabendo que sao poucas as chances de vitoria este ano, vide o carro que tem e sua propria adaptaçao a categoria. Quem gosta de corridas assiste mesmo que nao tenha Massa, Senna, Kanaan e etc…

  • A Globo e o Galvão, com seu ufanismo de achar que os pilotos brasileiros precisam ser superiores aos outros, acabou com um produto vencedor no mundo, a F1, porque não fazer mais chamadas com propagandas com Alonso, Vettel, Hamilton.. eles são os melhores do mundo, é preciso reconhecer, e não ficar falando mal

  • Primeiro nao da pra comparar futebol com automobilismo e depois acho que a abertura vinte minutos antes nao influencia em nada pelo contrario pode ate tirar pontos com o telespectador entediado antes da largada nao e por acaso que ninguem faz abertura de transmissao esportiva no Brasil ninguem esta interessado pouca gente ve. Televisao e assim tem que ser dinamico. Abertura e coissa de radio.

    • Ah1 Realmente, afinal quem precisa de um pré-corrida quando a gente pode deixar o Galvão e o Reginaldo divagando sobre a vida, os rumores e possíveis alterações do sábado pro domingo durante a volta de formação e a largada né?

    • Não fala asneiro bonecão! Como que uma abertura vai prejudicar uma transmissão? Todo mundo sabe a hora que o evento vai começar…fica entediado só quem é retardado!

  • Pode ser que se Senna tivesse vivo a audiência fosse maior. O que eu mais ouço de quem não assiste mais é: “Depois que ele morreu não assisti mais…” Não sou do tipo viúva de Senna (talvez um pouco) mas comecei a acompanhar mesmo a F1 em 1993. Não assisti nenhum dos títulos que ele ganhou.

    • Eu também não vi nenhum dos títulos que ele ganhou… nasci em 92!
      Por acaso dei um pouco de sorte de ter passado ao lado da onda de tristeza que abalou o Brasil quando o Senna morreu. Só comecei a assistir a F1 nos tempos de Schumacher, Hill e Villeneuve.

      Já era mais do que tempo de a Globo voltar a uma postura mais jornalística, mais voltada para quem gosta mesmo de F1. Não adianta tentar vender produto (vitórias brasileiras) que não se sabe se vai existir. A F1 por si só, já é um grande produto, mas que ainda está sub-aproveitado.

  • Posso até estar dizendo uma bobagem mas, os clubes europeus se tornaram febre principalmente entre a garotada nos últimos anos também muito devido aos vídeo-games, a F1 e o automobilismo em geral apesar de bons jogos não conseguem este mesmo apelo nos games.
    Sou contra essa posição tanto da Globo quanto da Band de fazer transmissão em ritmo de torcida, o evento por sí só já é atrativo e acho que o público deve ser tratado como um público adulto e que está ali pq gosta do automobilismo e não na base do “onde houver um brasileiro estarei torcendo”…

    • Interessante mencionar isto.

      Jogos como FIFA9999 ou PES XX são muitio populares, mas Forza Motorport e Gran Turismo também o são (infelizmente, talvez menos que NFS). Ainda assim estes jogos de automobilismo pouco trazem de conteúdo realcionado à F1 em si.

      Enquanto Messi e Cristiano Ronaldo são cultuados pela geração Playstation, não podemos dizer o mesmo de Alonso e Lewis Hamilton.

  • Boa comparação!
    Como eu havia dito no post anterior, as transmissões esportivas tupiniquins ainda são amadoras. Sem falar no tratamento dado ao produto e clientes.
    Quanto ao banho que a Band levou da Globo, que apenas transmitiu 4 jogos, ficou claro que isto aconteceria desde o início do campeonato. São amadores demais e não souberam trabalhar o baita produto que tinham em mãos. Assim como fazem com outros, tipo a Indy …

    • Até porque, sinceramente. O time de narradores da band até é bom. Gosto do Teo José (mais no automobilismo do que no futebol) e até o Luciano do vale não faz feio no futebol, mas aturar o Neto, não dá.

      Até tentei dar uma moral para a Band, mas não dá pra aturar o Neto.

  • Outro fenômeno que não se pode desconsiderar: muita, mas muita gente mesmo (em termos proporcionais) vem assistindo tudo que pode pela internet. Eu, por exemplo, não assisto mais nada pela tv…

  • Não entendi se a mudança de postura da emissora foi uma tese (a Globo pode estar fazendo isso e tal) ou uma informação baseada em suas fontes. Espero que seja a segunda opção. Já era hora.

  • Tem que ver também que o marketing da F1 anda meio fraco na globo.

    Na Eurocopa falaram da Espanha, do time do espetáculo, que tem jogadores do Barça e do Real Madrid, e anunciam a qualquer horário.
    Enquanto a F1 é um intervalo rápido, muitas vezes esquecem dela em programas como o Globo Esporte.

    É bem o que você disse, quem acompanha a F1 hoje é quem sempre acompanhou, não tá tendo renovação.

    • tem a nova geração vindo sim, meu sobrinho acompanha toda corrida e minha filha já está no caminho. pode não ser tão grande quanto a nossa, mas está vindo aí sim.

  • “Vai ser interessante acompanhar a mudança de atitude para uma personalidade mais apátrida.”
    Bom, antes tarde do que mais tarde ainda, não?