Terra do Grundgesetz, 3

SÃO PAULO | O campeonato passa sete corridas tendo um vencedor diferente. Depois de dez no total, um já tem três. Alonso, Alonso. Competência à parte, uma vitória foi por magnânima sorte na Malásia com um carro inferior à beça e aquela chuva e aquele Pérez, e a segunda que também contou com tal fator em Valência ao ver Vettel e Grosjean abandonando. Hoje, não. Hoje, não? Hoje, sim: a Ferrari esteve melhor ou suficientemente bem para que seu astro fechasse a conta e passasse a régua.

Ameaça em si não teve. Nem Vettel nem Button sequer chegaram a emparelhar com Alonso na reta que leva ao grampo, usando KERS ou DRS, durante as 67 mornas-quase-quentes voltas. O espanhol tinha um carro muito bem acertado para o primeiro setor da pista – geralmente era 0s1 mais rápido que os demais, suficiente para livrar uma distância que não permitisse a aproximação. E na questão de microproblemas, os três ficaram no mesmo patamar: Alonso chegou a reclamar que seu KERS não funcionava direito, mesma queixa de Vettel, que cometeu errinhos. Button teve nos pneus seu grande fardo, contando que foi o primeiro a ir aos pits dentre eles em sua última parada. Mas a corrida do inglês na primeira parte foi decisiva – para seu bem e mal.

Button teve Hülkenberg no meio do caminho. Vinha com um ritmo até superior a Alonso e Vettel, mas empacou um tempo atrás do bom piloto da boa Force India, casca de ferida para se ultrapassar, sobretudo no grampo de Hockenheim. O tanto que perdeu, ainda que não tivesse sido muito, oito voltas, acabou contando.

Pelos lados da Red Bull, nem tentaram nada de extraordinário nas paradas. A última foi na mesma volta de Alonso, diferente da McLaren, que chamou Button antes e ali conseguiu uma maior aproximação – e até mesmo o segundo lugar momentâneo. Talvez estivessem preocupados em saber do paradeiro de Webber.

Dias atrás, falava que Webber e Button viviam fases alternantes em suas carreiras — o primeiro bem neste ano, o segundo mal. Pois hoje o negócio se inverteu de novo. Bu, cadê, Markola sumiu. Jenson voltou à cena, quase brigou pela vitória, arrastou-se para ser terceiro com pneus acabados, não curtiu a passada pela área de escape que tomou de Vettel, manteve a classe e tal. Button e Webber devem ter um pacto com a FOM: se um vai bem, o outro não pode ir. Webber foi um apático oitavo colocado, tomando várias das Sauber, da Force India, de Schumacher, da vida. Mal demais. É nessas que se perde um campeonato, fio. Já tá em 34 pontos a diferença. Alonso vai para as férias da F1 após o GP da Hungria tranquilaço na liderança.

A mesma coisa parecia acontecer na Sauber: era fato raro ver Kobayashi e Pérez tendo desempenhos positivos na mesma corrida. Daí os caras, que sempre se embananam na classificação, se superaram. Mito largou de pneus duros e andava mais lento que os demais no início, tanto que chegou a ser ultrapassado por Ligeirinho, que fez um primeiro trecho notável. Problema do mexicano foi trombar Hülkenberg. Aí deu uma empacada. Kamui foi o último a parar dentre os ponteiros – estava em quarto –, voltou no meio do bolo e começou a passar um por um, inclusive o companheiro. Aí eles foram indo, indo, indo, e terminaram próximos, quinto e sexto. O tempo todo os dois andaram no ritmo de Alonso e Vettel. O negócio é alinhar tudo e, sobretudo, ter uma classificação decente. Numa destas provas da segunda metade da temporada dá pra pensar em algo maior.

Brasilino Pacheco está com dor de cabeça nível enxaqueca + cefaleia. Na primeira volta, já deve ter jogado a TV LCD 32” comprada na promo da Copa do Mundo pela janela. Porque Massa foi lá dar na traseira de Ricciardo depois de 247 m, ficou sem asa, perdeu a vida toda, e Senna encontrou um Grosjean pela frente – ou seja, ia sair merda. Sobre o primeiro, barbeiragem, e aquela corrida que se esperava ver dele, de recuperação, já era. Essa coisa aí de que tá tudo tranquilo e encaminhado para a renovação, que não sei o quê, sei, não… é um desempenho deveras alternante. Tá 154 a 23 na classificação. Sobre o segundo: sempre acontece algo, não?

Imagino como Brasilino sofre.

Britto Pachec, o torcedor inglês, também não deve estar muito feliz com Hamilton. Teve azar, coitado, furou o pneu por conta dos detritos massísticos, fim. Ainda fez um brilhareco ao tentar descontar volta. Atrapalhou a vida de Vettel, mas nem ele conseguiu passar Alonso, esse danado. No fim, resolveu abandonar, sem muito o que fazer. E agora não tem o ombro e demais partes muito aproveitáveis de Nicole Scherzinger para se consolar. Ó, esse aí já dá pra tirar da briga pelo título, de fato.

Fim de semana que vem tem mais na quente e travada Hungaroring. Aliás, se o verão estiver pegando por aquelas bandas, quem brincar melhor de estratégia nos pits para trocar os pneus a cada 7,14 voltas ganha. E do jeito que está o negócio, A + B – C, vai ser Alonso.

Adendo 1: puniram Vettel pela passada em Button no fim da corrida usando a área de escape. Se há uma área, e Vettel estava nela porque não havia espaço na pista, portanto fazendo jus a sua existência e fez uma ultrapassagem sujando pneus, significa dizer que, mais uma vez, a FIA e seus comissários cagam a F1. É uma mania de punição catastrófica.

Comentários

  • Ouvi entrevista do Massa, na Jovem Pan. Ele disse que, no começo do ano, depois que teve uma ultrapassagem do Hamilton “por fora da pista” (mesmo que numa reta), foi feita uma reunião com todos os pilotos (e não sei quem mais da FIA, FOM, FOCA, FICA, etc) e ficou “acertado” que não poderiam ser feitas ultrapassagens por fora da pista.

    • Rodrigo, é mais ou menos isto mesmo.

      E foi mais ainda dado enfase no briefing dos pilotos ANTES da corrida da Alemanha. Todos estavam cientes que aquilo seria ilegal em qualquer ponto da pista.

      Tanto que (escrevo isto pela milésima vez), Seb mal reclamou da punição. E Button NA HORA questionou a manobra via rádio. A reação de ambos “pré” pódio mostra isto.

  • Vettel com a asa aberta tinha só 6 km a mais que o Alonso a RB é minto rapida de curva e muinto lenta de reta o que facilitou a vida do Alonso,que alem de fazer um campeonato fabuloso ( a Ferrari tambem) conta com os pontos que o seu unico adiversario perde um toque com retardatario e uma pane eletrica foram 37 pts,
    o Webber é fogo de palha só fez duas otimas corridas nas demais pontuou com regularidade alternando corridas rasoaveis e mediocres

  • Victor,

    Dúvida. Mudou algo no regulamento sobre a manobra do Vettel? afinal de contas se bem me lembro o Felipe Massa, fez uma manobra bem semelhante no GP do Japão em fuji em 2007 ou 2008 não me lembro bem, em cima do Kubica na volta final, na ultima curva inclusive, e não houve mimimi, nem punição nenhuma………depois vale a pena levantar este assunto!!!

    Abração!

  • Desempenho deveras alternante do Massa? Seria alternante se fosse um misto de boas e más apresentações…. Foi 1 boa corrida (Inglaterra) em 10. É deveras pífio mesmo. É a gente que achava que o Rubinho que era a vergonha nacional…

  • deveriamdar 1 ponto de bonificação para o piloto que largar na pole e ficar em 1de ponta a ponta como fez ocampeaoalonso

  • A questão é que a FIA coloca essas áreas de escape asfaltadas para aumentar a segurança e, depois, fica com radar pra controlar a velocidade do pessoal que passa por ali.
    Tenho certeza que, com um pouco de investimento, é possível encontrar uma solução melhor para manter as áreas de escape seguras e fazer com que quem pise ali perca a velocidade e não consiga levar vantagem…

    • Quando começou o mimimi, lembrei na hora dessa ultrapassagem do Alonso x Kubica, talvez por essa punição ele não tenha sido TRI em 2010. Quanto ao comentário 1, acho que não puniram o Massa devido a chuva torrencial que estava no momento.

    • Situações bem diferentes. Alonso cortou caminho, cortou a curva. Vettel espalhou e saiu da pista, tornando seu trajeto mais longo.

    • Ele cortou uma chicane cara. Essa pior que a do Vettel x Button. Nessa ele corta caminho e o Kubica estava com o carro na frente dele.

  • FIA provando sua parcialidade. Quando é pra ferrar a RBR, não pensam duas vezes.
    Chega a ser ricídula. Várias ultrapassagens foram feitas no mesmo lugar em vários anos e não dá nada. Lembram de Massa x Kubica no Japão? Massa na última volta na última curva, abre mais que pernas de puta, vai lá na arquibancada e ultrapassa. Não dá nada.
    Triste.