Auto-sustentação

SÃO PAULO | A Stock Car começou neste fim de semana e movimentou o noticiário, pelo menos o do Grande Prêmio, com alguns pontos importantes e que levam a novas reflexões dos rumos e pensamentos deste campeonato de logotipo e site novo, mas com uma cara de passado em vários outros sentidos.

Em dois meses, a maior categoria do Brasil não conseguiu arrumar um patrocínio-máster depois que a Caixa decidiu não renovar o patrocínio. Neste ínterim, Carlos Col saiu – imbuído em seu desejo maior de assumir o comando da CBA – e, enquanto mandava um e-mail agradecendo o apoio e anunciando seu desligamento da Vicar, a empresa promotora revia os contratos negociados com o ex-dirigente porque “não há dinheiro”. Sobre esta informação, que Renan do Couto questionou, Maurício Slaviero, presidente da Vicar, riu. “A Stock Car se sustenta”. OK.

A Stock Car dá bastante valor a seu paddock, HC’s e tudo mais. As informações: nenhuma loja de produtos oficiais, como nos outros anos; pouquíssimos bares ou estabelecimentos de refeição para o público pagante; preço do ingresso de visitação triplicado (de 40 para 120 dilmas). “Em vez de democratizar, elitizaram”, reclamou um amigo, fã fervoroso do campeonato, que pega avião de onde está para ver as corridas. A Red Bull, por exemplo, só tinha convidados. “Pouca gente pagou para visitar os pits, que era o momento mais legal do fim de semana. Deste jeito, fica difícil expor a categoria.”

Pois é. A Stock Car, que se sustenta, precisa se expor, ainda mais que tem sua programação concentrada principalmente na TV a cabo, o SporTV. No ano passado, lembro bem que Col havia feito a opção de largar mão do público das arquibancadas para focar na transmissão da Globo. Não deu muito certo no sentido de que apenas 1/4 do campeonato vai passar na TV aberta. Mas já que agora tem transmissão da classificação e um horário fixo num canal esportivo, poderia trabalhar melhor uma questão simples: o tempo de duração de prova. 40 minutos é muito pouco, ainda mais considerando que as câmeras são direcionadas mais a determinados carros que outros – Vitor Genz, por exemplo, mal apareceu na tela, e foi líder da corrida faltando duas voltas para o fim. E se é pouco para a TV, é menos ainda para o público que ainda se empolga para ver no autódromo. Não agrada parte alguma.

Porque, convenhamos, não é das tarefas mais simples do mundo atravessar a cidade para chegar a Interlagos. Para sentar a bunda na arquibancada e não ter lá muitos bons tratos, tomar 29ºC na cabeça, ver 40 minutos de corrida e ir embora. A Stock Car não faz atrativo algum a quem quer acompanhá-la de perto. Poucas vezes vi o autódromo paulista tão vazio para a categoria – e, me desculpe, não confio em qualquer número que me for trazido como oficial; lembro bem dos eternos 31 mil de Campo Grande, onde não cabem mais que 15 mil. E se o pai quer levar seu moleque para conhecer Barrichello ou Zonta, ex-pilotos de F1, vai ter de desembolsar 240 contos para isso. A não ser que o filho chore e esperneie, um pai são e consciente não paga isso nunca.

A corrida foi bem legal, a disputa entre Átila, Valdeno e Cacá foi excelente, a categoria tem ótimos pilotos, as empresas seguem investindo e tal. Mas alguns defeitos são crônicos, e coisas simples atravessam os anos. A Stock Car se sustenta. Só que as pilastras ficam cada vez mais fracas e enganam alguns tantos olhos.

Comentários

  • Nesses meus 17 anos de stock car,eu acabei de presenciar um dos episodios mais tragicos da stock car nesses ultimos anos,a stock car está a beira de um abismo sem volta e não tem como reverter essa situação,para ser verdadeiro e sincero,a stock car depois da saida do dr. carlos a. col,a categoria só tem a declinar para um abismo sem fim,o homem forte da stock car saiu e todos que trabalharam com carlos a. col,estão todos sinceramente preocupados com seus respectivos empregos,me veio um episodio na minha cabeça o campeonato de 2010 que a equipe action power ganhou a corrida em interlagos e em seguida a equipe embarcou o equipamento no mesmo dia e pegou a estrada e de repente,o caminhão da action power pegou fogo na rodovia regis bittencourt br-116 e o proprietário da equipe paulo de tarso recebeu a noticia mais tragica de sua vida,naquele dia a equipe action power acabou para o chefe de equipe e proprietário de umas das equipes mais respeitadas do grid da stock car e em seguida ele deu uma entrevista para o site grande premio e falando sobre o fato ocorrido e ele disse naquele ano que “todos na stock car são todos meros desempregados e que ninguem tem nada garantido na categoria”.
    Pelo que eu estou falando e mencionei no texto logo no começo,a stock car realmente chegou no fundo do poço e que da sexta etapa,ela não passa,se passar,é por milagre ou como o sr. mauricio slavieiro disse a stock car é sustentavel e não precisa de patrocinador master,então,vamos aguardar cenas dos proximos capitulos,aguardem.

  • Parabéns pelo seu artigo, realmente retrata o que acontece na StoCaca a alguns anos, onde apenas os amigos do REI Cacá…recebem destaque na transmissão, tanto que o filho que ainda nem nasceu apareceu mais na barriga da mão do que o coitado do Genz que liderou boa parte da corrida apareceu em apenas um momento. Simplesmente inadimissível que a categoria sera refém desse cidadaão e seus asseclas. O fato de ser um ótimo piloto não dá o direito de somente ele aparecer pois no grid existem outros 33. Acompanho de perto o automobilismo e por onde passa o Cacá da um jeito de ser ele, ele e somente ele.
    Não foi diferente no Troféo Linea onde ele e seus amigos tinham tantos privilégios que a categoria simplesmente acabou, pois ninguém quer fazer papel de otário. Bem fez o pessoal da GT Brasil que impediu esse cidadão de se promover lá e deu um jeito dele sair fora e pela porta dos fundos, afinal o pessoal daquelas bandas paga para correr e está pouco se lixando se tem Cacá e outros.

  • As provas deveriam ter no mínimo uma hora de duração e com um pit obrigatório. Sem pit obrigatório, perdeu a graça. Antes tinha o risco de perder mais tempo para trocar o pneu (que era opcional trocar), mas ganhava em ritmo depois. Tinha mais alternativas. A janela podia ser grande também, para se ter chances de surpresas. Tipo, 20 voltas sem janela, aí uma janela de 20 voltas e mais umas 20 sem janela. Algo assim.

  • Quando vi as arquibancadas vazias, entendi que a categoria não tem mais do que dois anos de vida. E o marcas, acabei de ver no site deles, só vai ter oito etapas este ano e pra piorar, se corre duas vezes em São Paulo e duas em Brasilia. Tem mais autódromos no brasil, não precisa repetir.
    Quanto a Stock, acho que deveria voltar a ser um poco mais humilde. Usar carros de verdade, com motores menores, preparados e mais eficientes para reduzir os custos. Um calendário com mais provas e provas com no mínimo 60 minutos de duração ou controladas por número de voltas, totalizando um tempo superior a uma hora. Mais espaço nos tele-jornais e programas esportivos da TV aberta. Entrevistas com pilotos e reportagens mais longas sobre cada etapa que se aproxima e que já passou. Notem: na abertura de todos os programas esportivos, sempre aparecem senas de atletismo e corrida, mas são estes os assuntos menos tratados em tais programas.
    Resumindo, devemos pensar em algo que atraia a atenção do público da mesma forma como é feito com futebol e volei ou se termina logo com o automobilismo brasileiro.

  • Victor, realmente esse seu diagnóstico a respeito da Stock é o reflexo da categoria. O potencial é excelente, mas o que é feito na prática é muito diferente do discurso dos dirigentes. Sou de Curitiba e em 2012, na estréia do Rubinho, foi uma vergonha o que aconteceu. Quem tinha (comprou, ganhou) credencial de boxe, teve que esperar por mais de 1 hora na fila, debaixo de Sol forte. Como a visitação era de 1 hora, em resumo: muita gente ficou chupando o dedo, mesmo pagando.
    Quanto à falta de atrativos no autódromo, acredito que neste aspecto a Fórmula Truck ganha de lavada: show de caminhões, motos e 1h30min de corrida, com bons pegas. Tá certo que lá também fazem muita coisa pensando nos “vip’s”, mas o povão não é esquecido e o ingresso é acessível.

  • Eu pensei em ir a Sampa para ver a corrida, mas várias coisas pesaram: dificuldade de estacionar no autodromo, preço alto, alto preço para visitação aos boxes, desconforto geral, que não é exclusividade da Stock em Interlagos. Na F1 também é assim, só vai neste programa de índio quem tem paixão pela coisa. No caso da Stock piorou mesmo, antigamente havia muitos caras daqui da baixada santista que se organizavam, chegavam bem cedo, visitavam os boxes e curtiam o dia. Agora não há mais isso, é uma F1 piorada. As corridas estão boas, mas o público precisa de mais atenção, pois é o que sustenta a Stock.

  • Pior que isso só ouvir os caras da globo falando que a Nascar é a Stock Car americana. Bem que os caras daqui poderiam pegar umas ideias dos americanos de como promover melhor o espetáculo.

    Tirando o Barrichello e o Cacá, se qualquer piloto sair na rua ninguém reconhece. A divulgação não pode ficar restrita aos finais de semana de corrida.

    Primeira coisa é ter mais independência da TV. Fazer seus próprios horários. Por que não transmitir as corridas pelo site. Nem que fossem por tomadas diferentes das que são mostradas na TV?

    Corrida de 40 minutos, isso é um jogo de futsal com tempo corrido.

  • Procurei no site do Grande Premio algum e-mail tipo fale conosco, não achei então coloco aqui mesmo esta pergunta para o Editor Chefe: O maior site de automobilismo no Brasil, nada disse sobre a corrida da Grand-AM que aconteceu no sábado 02 de março. Lá Correm Oswaldo Negri, Christian Fittipaldi e Antonio Pizzonia. O único lugar que falou da corrida foi o Blog do Rodrigo Mattar, A Mil por Hora. O canal FOX Sports que deveria ter transmitido a corrida não o fez e nem deu nenhuma satisfação para seus assinantes.

    • Caro Victor, me desculpe, falei com o Felipe Giacomelli e ele me mandou o link da reportagem sobre a Grand-Am, eu não tinha visto mesmo, como estive fora, pocurei em notícias mais antigas e devo ter perdido a notícia, por sinal bem elaborada e completa. Obrigado!

  • “Porque, convenhamos, não é das tarefas mais simples do mundo atravessar a cidade para chegar a Interlagos. Para sentar a bunda na arquibancada e não ter lá muitos bons tratos, tomar 29ºC na cabeça, ver 40 minutos de corrida e ir embora.”

    Na corrida do milhao, recebi convites de uma amiga que é presidente de fa-clube. Enquanto estive na arquibancada, so nao dormi pq a instalaçao estava imunda e desconfortavel. Como espetaculo, a Stock esta longe de ser um.

    Ainda bem que fui so no sabado. Pq domingo ia ter a mesma coisa, somada a muvuca.

  • Acho esse contato do publico com os paddock fundamental. Quando corri de FFord na Inglaterra, faziamos a corrida preliminar ao campeonato Ingles de turismo (toca) e praticamente todas as áreas do autódromo eram totalmente liberadas ao publico, que ficava rondando os boxes e tendas das diversas categorias a manhã toda e pouco antes da largada corriam para as arquibancadas ou “morro” da curva preferida para assistir a corrida.

    • Lembro de você. E acompanhei sua carreira até vc “sumir”. parou porque? Falta de patrocínio não vale como resposta..conte as outras.
      abç
      Guilherme

  • Se a stock Brasil quando foi re-lançada mirava a nascar como refencia, ficou só na intenção.
    Dizerem que os custo dos motores e pneus para provas mais longas impedem isso beira o ridiculo.
    Como disse o Victor no post, provas mais longas dão a todos os pilotos a chance de aparecer e mais variaveis na corrida, mais trocas de pneus, reabastecimentos e bandeiras amarelas.
    Tudo isso deixa uma a prova imprevisivel e esse é o segredo que os americanos descobriram a decadas mais aqui é dificil de copiar o que da certo, não é????

  • Não estou nem ae pra essa estoque global. Perdi totalmente o interesse por essa porcaria de categoria. Saudades dos tempos em que se passava em qualquer posto BR, pegava o ingresso de graça e assistia a estoque, estoque light e a categoria de fórmulas (esqueci o nome). Eu passava o dia inteiro em Interlagos. Hoje, nem de graça faço questão da estoque e muito menos troco o Chaves ou Pica Pau de domingo de manhã, pra ver esse lixo que ficou nos dias de hoje.

  • A Stock-Car, como se conhece, está fadada à extinção, e em breve, pois uma categoria que, ao meu ver, está fazendo um relativo sucesso e que tem um grande potencial de crescimento para os próximos anos, desde que, com a administração correta, é o Campeonato Brasileiro de Marcas, mais conhecida como Copa Petrobrás de Marcas. Os carros são muito parecidos com os que vemos nas ruas, a preparação dos motores é igual para todas as equipes e a disputa é garantida, do começo ao fim das suas etapas!!! Como gosto não se discute, eu prefiro o CBM do que a Stock-Car!!! E, pra terminar, deixo uma sugestão aos organizadores do CBM: deve-se criar uma divisão de acesso, com os sedãs compactos, como o VW Voyage, o Fiat Grand Siena, O Chevrolet Prisma, entre outros, todos equipados com motor 1.6 de alto rendimento e preparado pela mesma oficina que prepara os motores da CBM, com, pelo menos 300 cv de potência e aumentar a potência do motor 2.0 para, pelo menos 400 cv, para existir uma diferença na dinâmica dos carros. Seria muito mais interessante, pois atrairia mais investimentos e patrocinadores para a competição, que já é muito equilibrada!!! Um abraço à todos!!!

    • Michel, o Victor pode lhe esclarecer ainda mais amigo. gosto muito do Brasileiro de Marcas atual mas os carros tem pouco ou quase nada de Marcas, os motores são do competentíssimo Berta, todo o conjunto mecânico de suspensão é apoiado sobre uma estrutura tubular montada “dentro” do monobloco que tem pouca relação estrutural de plataforma de trabalho no carro. Enfim, de marcas tem pouco, só o habitáculo praticamente. Mas você está certo, gosto do campeonato e ele aparenta ter um belo futuro. Abraço.

    • Michel, só um detalhe, os motores do CBM preparado por Oreste Berta são 2.3 e não 2.0. É o mesmo motor da F3, e o engraçado é que sempre anunciaram a categoria como a mais forte do mundo, mas nunca falaram que aqui se corre com motor 2.3 e no resto do mundo com 2.0. E repare no restritor de ar, ele é muito maior que os outros…