Santo devoto


SÃO PAULO | Deu o óbvio quando até não parecia dar. A Mercedes, favorita desde que deixou a Espanha para largar na primeira fila em Mônaco, por pouco não viu tudo indo para o vinagrete com o chuvisco que afetou o Q1 e parte do Q2. Mas em condições devidamente secas e apropriadas, a equipe entubou a rapa pela quarta vez seguida, e com Rosberg pela terceira à frente de Hamilton.

O domínio de Rosberg é tamanho em Monte Carlo que criou uma situação até está rara de ver: dominou todos os treinos e larga na frente, algo que acontece pela primeira vez no ano. Nico deve ter tomado aquela pastilha do gato-a-jato do Pica-Pau, e com asas batendo, marchas em decolagem, turbinas e já, há de pensar que suas chances são maiores desta vez.

São, claro, porque é Mônaco, mas não tem tanto mais aquela história de não passar de jeito nenhum. “Tá louco?” Não, calma. É que com estes pneus que desfiam como frango de coxinha, a diferença é tamanha que aquela retinha no fim do túnel, literalmente, possibilita tais chances. E mesmo pequenas, são maiores que os nadas vistos durante tantos anos no Principado. Outro dia, escrevi sobre esta situação, e o melhor que a Mercedes teria a fazer para sair com a vitória seria um jogo de equipe em que, aquele que estiver atrás no contorno da Sainte-Dévote, faz o papel de escudeiro de fato.

“Tá louco, defendendo um jogo de equipe?” Sossega aí e lê: não é um benefício explícito a Hamilton ou a Rosberg – e, se tivesse de haver, por justiça, seria a favor de Nico, prejudicado na Malásia por ordens de Ross Brawn. A Mercedes, em corrida, é um caco. Esquece. Não vai. E mesmo em Mônaco, é improvável que ganhe porque Ferrari, Lotus e Red Bull vão dar o bote em algum momento nas táticas – ou seja, jamais pararão, em sã consciência, na mesma volta que os prateados. É impossível imaginar, ainda mais largando com pneus supermacios, que Nico e Lewis parem menos que duas vezes, considerando que a Pirelli calcula ser possível fazer uma; duvidável. Uma tática sensata seria fazer com que, mantendo as duas primeiras posições após a largada, a Mercedes fizesse o segundo, seja quem for, segurar de fato o resto enquanto o primeiro colocado deslanche. E que este se vire no fim da prova para brigar com as feras.

Vettel e Webber aparecem como maiores beneficiados da situação, mas também não podem garantir que serão primeiro e segundo. A Red Bull tem, sim, melhor ritmo, mas só que as Mercedes. E logo atrás vem justamente os mais eficientes, Räikkönen e Alonso. Ou seja, como diria o outro, os seis primeiros estão numa posição inversa ao que os carros representam em desempenho de corrida. Isso garante que o pelotão esteja sempre junto, e daí ser importante para a Mercedes uma análise conjunta para seu triunfo.

Nessa, nem Massa está tão mal largando em último. “Ah, não é possível, tá louco e comendo merda”. Cale-se. Primeiro que Felipe larga dos boxes e se livra de qualquer enrosco, pedaço de carro, patifaria de Grosjean ou manicômio de Maldonado. Supondo que fique ali atrás, preso na Marussia da vida, a Ferrari há de chamá-lo rapidamente aos pits e voltar com uma diferença de pouco mais de 25 segundos do anterior. A Mercedes haverá de estar segurando – alô, telemarketing? – o grupo todo, e nisso o brasileiro começaria a descontar a diferença em pista com terreno livre, esperando que os demais demorem a parar. Viria um provável rebond de chat aí. Do contrário, numa tática convencional, Massa há de encontrar um Bernoldi qualquer que vai prendê-lo por voltas e voltas e empacar seu eventual progresso, e aí ele não há de dizer depois que foi sensacional.

Tem Sutil ali em sétimo, que pode conquistar algo bom se sair da zica do pântano – onde foi afundado Di Resta, que mal passou do Q1 –, as McLaren com Pérez e Button, nesta ordem, sem muita perspectiva, e Vergne, no GP mais próximo que tem em casa, em décimo. A Williams, que poderia fazer algo de interessante com o especialista em Mônaco, errou feio com Maldonado, demorando a trocar o pneu intermediário para o slick no fim do Q2 e o tirando dos primeiros lugares para o 16º. “Acho que alguém precisa acordar do sonho lá na fábrica”, bufou o bolivariano, putisticamente certo. A Williams parece uma ex-equipe em atividade. E VDG? VDG chegou a figurar em segundo, meu pai. Van der Garde, quem diria, larga na oitava fila. Ao lado de Maldonado. Coitado.

Coitado, mesmo, foi Bianchi. O cara espera a chance da vida, outro que pode dizer que tá em casa, começa a chover, é bom piloto pra cacete, sai para o treino, e em oito segundos o motor Cosworth da Marussia fuma. “Est de coller le doigt dans le cu et déchirer”, diria o torcedor mais fanático e nem tão polido.

O legal, para finalizar, é que o trecho inicial da corrida monegasca se desenha aquela teteia: o cenário do trenzinho atrás do maquinista Rosberg é muito visível depois de umas dez voltas, quando os supermacios começarem a se desgrudar. E mais do que nunca, bicho, quem estiver estudando o grid e atento ao que os demais vão fazer há de tirar o dez. Indo para os palpites, sempre tem uma prova que Webber ganha no ano. Tá lá no contrato da F1, alínea 5, fonte Arial 2, em branco. Tá à feição dele, que já venceu lá no ano passado e tal, e anda bem. Tá com jeito de Markola, a última que há de ganhar no Principado. A Mercedes, surpreendentemente, oh!, nem pega pódio porque vai errar em algum ponto. Massa fica em 11º (uia!).

Comentários

  • A Sainte Devote se chamará Sainte Massa, isso depois do batismo completo do Massa naquela curva no Treino e na Corrida, e agora só falta a música no Fantástico, né Galvão? O Sétimo lugar ficou de bom tamanho para o Alonso e o Segundo lugar valeu mais que a vitória pro Vettel! O Nico Rosberg carimba uma boa vitória DE PAI PARA FILHO. Nunca coloquem numa mesma mesa o Sergio Pérez e o Kimi Räikkönen, porque vai sair Faísca e Fumaça!

  • Victor,

    O Webber, só na largada, vai perder 3 posições.
    Primeira volta : ROS – VET – HAM – RAI – PER – ALO
    Última volta: VET – ROS – RAI – ALO

    Abs!

  • Particularmente eu gostaria de ver a Mercedes ganhar,más a probabilidade é pequena uma vez que não se da bem com o Sfarelli.Quanto ao Mepassa o ocorrido foi até que bom para o piloto tupiniquim .Vai que;ele se largasse na frente do Chilica,teria o constrangimento de dar um jeitinho de ficar atras do mesmo ou errando alguma curva ou entrado no box e ficando uns dois minutos parado,bem o negocio é esperar a corrida e ver o que ocorrerá.
    Gostaria de ver a 500 milhas ,más a narração sera por Ufanistus du Valle,no maxímo será uma zapiada rápida para não enjoar.
    Alguém poderia me dizer o que ocorreu com o Lívio Ferrarista Oricchio. Seria mais um proibido pelo sua empresa jornalistica de divulgar alguma verdade que não agradou a sua chefia.

  • Boa tarde Victor, acho que terei que defender meu compatriota que aos poucos começa melhorar. por tanto acho que Perez ficou em 7º e Sutil veio logo atras, é um lugar sim, mas podemos dizer que em Mônaco um lugar é um lugar…

    um Abraço.

  • obs. malz, postei errado, queria postar nesse post.morri.

    #vitonezseulindo !

    i) comenta o menino q/ me responde pela alcunha de quaife-hobes …
    ii) próximo twitt pornochanchada de Flavio, o Grande, manda ele pegar no teu Coletti.
    iii) são 4 poles … 3 da barbie com um negão por trás !