Pura Cinga

SÃO PAULO | Momento da classificação: Q3, rádio acionado, a equipe lembra o tempo de 1min42s8 e que o jovem está 0s6 à frente do segundo. “Tem como melhorar mais?”, e ouve que sim, “um ou dois décimos”. Os minutos passam, o jovem deixa o carro, tira aquele capacete cheio dos beregodego e roi as unhas quando vê pela TV o compatriota da escuderia rival se aproximar perigosamente de seu tempo. Daí comemora e vai para a galera, tipo o Seu Boneco.

Bem, Vettel soube promover o show de hoje. Só assim, né, porque o negócio era melzinho na chupeta, como diria o outro. Aliás, daqui pra frente, poderiam criar regras aleatórias para dar uma graça no fim deste campeonato, que nada mais é que uma ponte para o lindo 2014 que se desenha. Não se descarta a opção largar em último. Ou ir pra classificação sem ter participado dos treinos livres. Ou usar sempre o tipo de pneu mais duro do fim de semana. Sei lá.

Rosberg voltou a se postar à frente de Hamilton. O que não quer dizer nada. Há de ser o melhor do resto se nesta posição ficar. Porque é notório que, se não houve ritmo suficiente para bater Vettel na classificação, na corrida tampouco. O negócio é cozinhar o galo cingapuriano ali junto com Grosjean – que precisa ir bem e tá mostrando serviço para se garantir na Lotus/Renault – Hamilton e Webber. Os quatro disputam dois lugares no pódio. Uma previsão um tanto quanto ousada, nota-se.

Porque a Ferrari, ela não tem carro. E a grande graça do negócio vai ser ver o que será de Massa amanhã. Honrar o que falou, de não dar passagem e apoiar o companheiro, ou acatar a ordem de Montezemolo? Sexto no grid, de novo está à frente de Alonso. Sabe-se que larga bem. Digamos que esse negócio de ajuda a Alonso seja uma falácia no sentido de que o título já está no colo de Vettel. Assim, vai de Felipe fazer o seu e correr por si, mostrar que tem calibre e tino para o negócio.

A corrida será longa, duas horas de duração, provável aparição do safety-car, etc. e tal. Mas, sinceramente, nada indica – e isso vale para o resto da competição – que Vettel vá perder qualquer uma das próximas corridas ou que sejam diferentes do que foi visto na Itália, por exemplo. Quando se é gênio, se tem o melhor carro e se impõe um domínio acachapante que lhe permite abdicar de uma volta rápida é porque está bem claro que a banda está devidamente afinada e sabe tocar de acordo com seu regente.